terça-feira, 23 de maio de 2017
EGRÉGORA MAÇÔNICA - FENÔMENO DA FORÇA INCÓGNITA
Com a vontade pura e a retidão de propósitos deverá estar o Iniciado Maçom revestido ao ingressar junto à soleira do Templo para início de mais uma jornada de trabalho. Exotericamente o fará sempre com o lado esquerdo ligeiramente avançado para que os caminhos do magnetismo destrocêntrico possam se manifestar com maior amplitude já logo de sua chegada para o convívio inicial com seus irmãos que o aguardam.
A primeira limpeza espiritual começa a ser desencadeada nesta hora, quando não por vontade própria, mas por dever anímico, o maçom deverá entrar em um processo de “escaneamento das impurezas profanas”, senão extirpando, pelo menos lutando para cauterizar de seu âmago as amarguras da vida externa.
É nessa hora que o primeiro passo de um fenômeno que adiante será descrito começa a se apontar. Daí temos a importância do sentido de introspecção de que o maçom deve estar imbuído, pois o elo de ligação que nos une como se verdadeiros irmãos fôssemos, começará dentro da mística maçônica a se formar. Os comportamentos profanos nesta hora hão de se cessar para dar lugar senão ao respeito a cerimônia que se inicia ao menos em respeito a ética maçônica de que todos indistintamente devem observar.
Esotericamente antes dos IIr\ adentrarem ao templo, com um único golpe mântrico do bastão no chão mosaico o Augusto Irmão Mestre de Cerimônias ordena que os espíritos se elevem, pois os trabalhos logo se iniciarão. Exotericamente com esse golpe mântrico o som de propaga e atinge o cérebro, já intimamente ligado ao significado egregoral que, - disciplina e ordena a mente - a Aug\ sessão irá começar, o sinal foi dado.
Mas é na abertura da loja, com a leitura do salmo 133 do Livro Sagrado Bíblia pelo Irmão Orador que o fenômeno da EGRÉGORA toma força. É quando o salmo 133 acena com a agradabilidade da convivência em união fraterna, e a compara com “o óleo precioso sobre a cabeça o qual desce para a barba, a barba de Aarão... é como o orvalho do Hermon que desce sobre os montes de Sião...ali ordena o Senhor sua benção e a vida para sempre...” o que quer traduzir que o amor fraterno é comparado ao óleo santo de consagração e ao orvalho que umedece Jerusalém dando vida à natureza. Assim deve ser a convivência fraternal, a tudo que permeia e umedece como a fina borrasca de um final de madrugada.
No preciso momento da abertura do livro sagrado e no curso da leitura de uma passagem do Livro da Lei conforme o grau em que se abre a loja inicia-se a formação da EGRÉGORA, assunto objeto desta modesta peça que começa a ser detalhado cujo campo maçônico se interlaça com o da espiritualidade.
Para se crer e entender o significado da EGRÉGORA impõe-se primeiramente acreditar na existência do espírito. Neste sentido a Constituição de Anderson em seu Landmark (1) de número 20 exige do maçom uma crença na vida futura. E para não incorrer em erro substancial neste assunto de tamanha profundidade por este neófito “que não sabe ler nem escrever” e está longe de dominar, mas podemos ficar com a lição de Aristóteles (Estagira – Grécia 384 AC) e sua sabedoria grandiosa que distingue a alma do espírito: “A alma é o que move o corpo e percebe os objetos sensíveis; caracteriza-se pela auto-nutrição, sensibilidade, pensamento e mobilidade; mas o espírito tem função mais elevada do pensamento que não tem relação com o corpo, nem com os sentidos”.
Para este discípulo de Platão, em sua inteligência universal, o Mundo surgiu de um Primeiro Motor - DEUS – IOD – (TETRAGRAMATON – nome sagrado e impronunciável do Senhor). È ao mesmo tempo Potência e Ato. A primeira engrenagem do Universo.
Sob outro enfoque podemos dizer que o espírito apesar de não se constituir de matéria bruta é formado da união de um corpo físico, de um corpo mental (vital) e de um corpo astral (perispírito). Deste amálgama que ligado pela saliva divina surge o Homem. O Homem é espírito em movimento. Mas é de uma zona física, perispirítica física, extra-corpórea, que tangencia a cútis, é que partirá uma quantidade de energia, tênue e quase imperceptível, como um fio de névoa, para alguns até um estado quase que plasmático, como um rastro sutil de fumaça, formando um corpo protetor, livre de sua origem dos conceitos físicos de tempo-espaço. Não emulado pela fé ou religião, mas força atômica, material e tangível. Um campo de força material. À saída destes corpos, sempre quando em assembleia reunida e neste caso, em Loja, dá-se o nome de EGRÉGORA.
Quanto à referência à doutrina, pode-se colher no ensinamento de J. Boucher a seguinte lição. “Chama-se egrégora uma entidade, um ser coletivo originado por uma assembleia, cada Loja possui a sua egrégora, cada obediência possui a sua, e a reunião de todas essas egrégoras forma a grande EGRÉGORA MAÇÔNICA”.
Rizzardo Da Camino em seu Grande Dicionário Maçônico ensina que Egrégora deriva do grego `egregorien` com o significado de velar ou vigiar. No Livro de Enoch está escrito que os anjos que haviam jurado velar sobre o Monte Hermon teriam se apaixonado pelas filhas dos homens, ligaram-se a elas.....que será tema de um próximo trabalho deste humilde ir:.
Papus, em seu magnífico “Tratado Elementar da Ciência Oculta” introduz a noção de que as egrégoras seriam imagens astrais geradas por uma coletividade.
Serge Marcotoune, iminente mestre do Martinismo russo, constata que a energia nervosa se manifesta por raios no plano astral. O plano astral estaria cheio de miríades de centelhas, flechas de cores das idéias-força. “Cada pensamento, cada ação a que se mistura um elemento passional de desejo, se transmite em idéia-movimento dinâmica, completamente separada do ser que a forma e a envia, mas seguindo sempre a direção dada. Essas idéias seguem sua curva traçada pelo desejo do remetente”. É por isso que precisamos controlar nossos desejos a fim de que eles não pesem sobre nós, acorrentando-nos, imprimindo à nossa aura cores diferentes. A meditação e a prece do iniciado regeneram seu ser, permitindo emitir idéias sadias e tranquilizantes para que no plano astral, os espíritos guias canalizem as ideias-força para zonas determinadas.
Em A Chave da Magia Negra, Stanilas de Guaita afirma que no plano astral as coisas semelhantes aglutinam-se para criar um coletivo, graças às suas vibrações idênticas. “A egrégora, ser astral, possui seu eixo nesse plano e busca um ponto de apoio terrestre para se assegurar de formas estáveis”.
O maçom pode assim se aproximar dos seres superiores e elevados através somente do seu livre-arbítrio. No astral nascerão os germes das grandes associações, das grandes amizades, das grandes proteções. Mas como as egrégoras estão em constante modificação, por força das variações das idéias-força, não possuem um ponto de apoio. Por isso a necessidade da concentração sem esforço durante a ritualística, para que essa egrégora possa permanecer o maior tempo possível ativa, constante e homogênea.
Emanuel Swedenborg diz que viajaremos em grupos unidos, sendo ensinados pelos diversos grupos de anjos que formam sociedades a parte agrupadas em um grande corpo por que segundo ele “o céu é um grande homem”.
O mestre Yeshuah(2), citado pelo apóstolo Mateus, disse: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei entre eles”.
G. Descomier ( Phaneg ) representante do Martinismo(3) Francês, escreveu que “todo coletivo constitui na verdade uma família no plano espiritual. Por isso jamais se deve responder ao ódio com o ódio, porque então as duas egrégoras formariam uma aliança estreita para o mal.
Egrégora é uma forma pensamento que é criada por pensamentos e sentimentos, que adquire vida e que é alimentada pelas mentalizações e energias psíquicas. É uma entidade autônoma que se forma pela persistência e intensidade de correntes emocionais e mentais. Pensamentos e sentimentos fracos criam egrégoras mal definidas e de pouca vida ou duração, porém pensamentos e sentimentos fortes criam egrégoras poderosíssimas e de longa duração.
Existem egrégoras positivas que protegem, atraem boas energias e afastam cargas negativas, e egrégoras negativas que fortalecem o mal, canalizam forças negativas e repelem forças positivas.
Locais sagrados como as localidades de Aparecida do Norte (Brasil), Lourdes (França) e Fátima (Portugal), têm egrégoras poderosíssimas, formadas pela fé e mentalizações dos devotos, que acumulam as energias psíquicas dos fiéis, e quando alguém consegue canalizar para si as energias psíquicas acumuladas na egrégora provoca o conhecido “milagre”. Esta é a explicação oculta da realização de grande parte dos milagres que acontecem. Os locais possuem egrégoras formadas pelas energias psíquicas de seus frequentadores que as canalizam em seu benefício através da fé.
A origem do termo EGRÉGORA é a mesma de "gregário", do latim gregariu: o que faz parte da grei, ou seja, rebanho, congregação, sociedade, conjunto de pessoas. No plano da espiritualidade usa-se o nome egrégora para designar um grupo vibracional, um campo de energia sutil em que se congregam forças, pensamentos ou vibrações com um determinado objetivo.
A egrégora pessoal é formada pelas energias psíquicas da pessoa e principalmente pelos seus pensamentos. Assim, uma pessoa psiquicamente equilibrada e com pensamentos positivos, cria uma egrégora positiva. Do mesmo modo, uma pessoa desequilibrada emocionalmente e negativa cria uma egrégora negativa. Porque a egrégora é como um filho coletivo que se realimenta das mesmas emoções que a criaram.
O maçom correto deve ter plena convicção de que as suas aspirações e desejos de bem, ainda que em pensamentos, nenhuma se perde. Nossa vida deve produzir ideias-força poderosas. Esse é o segredo da prece dos ditos “fracos”.
A maçonaria aceita a presença da Egrégora em suas sessões litúrgicas. A egrégora é uma “entidade” momentânea que subsiste enquanto o grupo está reunido. Para que ela surja é necessária a preparação ambiental, formada pelo som, pelo perfume do incenso e pelas vibrações dos presentes. Estas vibrações devem ser puras. O maçom deve eliminar, ainda no átrio, todos os pensamentos inapropriados para o culto maçônico. A ritualística e a liturgia (4) preparam o surgimento da egrégora, no exato momento em que o Irmão Orador termina a leitura em voz alta, do trecho do livro sagrado, a egrégora forma-se brotando do altar como tênue fio espiritual para adquirir corpo etéreo com as características humanas. Os mais sensitivos percebem esta entidade, ela se mantém silenciosa mas atua de imediato, em cada maçom presente, dando-lhe a assistência espiritual de que necessita, manipulando as permutas de maçom para maçom, construindo assim a Fraternidade(5). Para cada loja forma-se uma egrégora específica. Os céticos não aceitam esta entidade, porém os estudos aprofundados revelarão a possibilidade de seu surgimento. Porém, esta entidade não deve ser motivo de adoração, pois é uma entidade formada pela força mental e pelas vibrações do conjunto. A egrégora é a materialização da força do maço enquanto em loja.
CONCLUSÕES
A egrégora pode ser associada à consciência de grupo, mas ela é, ao mesmo tempo, algo mais do que isso. Aprendemos que quando dois ou mais se reúnem em um esforço conjunto, é criado algo maior que a soma de seus esforços pessoais. Daí podemos comparar essa ideia a ideia de que o TODO é maior do que as partes que o compõem. Também não devemos nos esquecer de que a egrégora de nossa Ordem inclui todos os maçons vivos e também aqueles que passaram pela transição e hoje vivem no Oriente Eterno. A egrégora é, portanto o resultado de nosso pensamento criativo nos planos exotérico e esotérico do pensamento.
A egrégora surge em loja a partir do esforço e da meditação de cada irmão. É um ser diáfano (6), que apesar de compacto deixa transparecer a luz que mesmo emana e absorve. Ela atua equilibrando as desigualdades emocionais e espirituais dos IIr.'. em loja. Grande é sua atuação na CADEIA DE UNIÃO. E somente em Loja existe e existe oriunda da formação assemblear, onde todos nós irmãos, somos condôminos deste fenômeno.
Representa na sua forma mais sublime a expressão “ESTAR A COBERTO”. Mais do que um manto protetor (7) configura para o maçom a materialização de sua fraternidade quando um pouco de si é ofertado, por um mecanismo sobrenatural e divino ao Irmão necessitado. Para tanto se impõem as posturas mentais, espirituais e corpóreas mencionadas, não somente como um exercício de Virtudes Teologais (8) ( Fé, Esperança e Caridade) e Cardiais(9)( Prudência, Temperança, Justiça e Coragem ), mas como também na visão Aristotélica de perfilar pelo caminho do justo meio o bem absoluto e teleológico do ser humano: a felicidade; que para nós pode ser simbolizada pelo alcançar do cume da ESCADA DE JACÓ, para que possamos um dia gozar com firme fé da glória do Grande Arquiteto Do Universo e ao seu lado tomarmos assento, para que possamos descobrir em cada Irmão nossos dons espirituais mais acanhados e possamos sempre nos orgulhar dos verdadeiros motivos que nos levam a estar em fraternidade, na esteira do pensamento do filosofo Immanuel Kant(10), em seu imperativo categórico “age de tal modo que a máxima de tua ação possa ser elevada, por sua vontade, à categoria de lei, e de lei de universal observância”. Tudo isso para que possamos sempre contribuir para o crescimento espiritual de nossa loja, alijando o comportamento profano que obscurece a formação da egrégora.
Oportuna ainda a citação das palavras do maçom emérito Rizzardo da Camino em sua obra “O aprendiz maçom”, atinente ao assunto posto em pauta e que diz respeito também a ética maçônica:
“ Aqueles que nada veem, que nada sentem e que atuam “mecanicamente” que participam da cerimônia porque a isso foram conclamados pelo Venerável Mestre, devem aceitar o desafio de participação efetiva e espiritual. Então, só assim, hão de se dar conta que maçonaria não é um clube social ou recreativo.”
Que a paz profunda a todos invada.
(1) Os landmarks da Maçonaria são um conjunto de princípios que não podem ser alterados para que se mantenha a unidade maçônica mundial, criado em 1723 por James Anderson.
(2) Yeshua (ישוע) é considerado por muitos ser o nome hebraico ou aramaico de "Jesus". Este nome é usado principalmente pelos judeus messiânicos - ou por pesquisadores, historiadores e outras pessoas que crêem ser essa a pronúncia original. O nome "Yeshua" deriva-se de uma raiz hebraica formada por quatro letras – ישוע (Yod, Shin, vav e Ain) - que significa “salvar”, sendo muito parecido com a palavra hebraica para “salvação” – ישועה, yeshuah – e é considerado também uma forma reduzida pós-exilio babilônica do nome de Josué em hebraico – יהושע, Yehoshua' – que significa “o Eterno que salva”.
(3) Ordem Esotérica criada por Papus baseada nos escritos de Saint-Martin que hoje faz parte dos Graus Superiores da Ordem Rosa- Cruz.
(4)O vocábulo "Liturgia", em grego, formado pelas raízes leit- (de "laós", povo) e -urgía (trabalho, ofício) significa serviço ou trabalho público. Por extensão de sentido, passou a significar também, no mundo grego, o ofício religioso, na medida em que a religião no mundo antigo tinha um carácter eminentemente público.
(5) Segundo o apóstolo Pedro era o tipo de união que identifica os verdadeiros cristãos. - 1Pedro 2:17
(6) em que a luz passa parcialmente; translúcido.
(7) Verificar passagem bíblica no II Reis, 2-14, sobre a passagem do manto protetor do profeta Elias.
(8) têm este nome porque são ordenadas directa e imediatamente para Deus como fim último. Têm Deus como origem, motivo e objecto
(9) Elas são derivadas inicialmente do esquema de Platão e foram adaptadas por: Santo Ambrósio, Agostinho de Hipon e Tomás de Aquino.
(10) Fórmula da Lei Universal.
Créditos devidos ao Autor Ir.'. ROBERTO DE JESUS SANT´ANNA - M,',M.'.
OS DEGRAUS DO TEMPLO MAÇÔNICO
INTRODUÇÃO
Nos Templos onde as Lojas trabalham sob a égide do R.'. E.'. A.'. A.'. existem DEZ degraus que expressam uma hierarquia e, nós maçons, devemos procurar entender o significado da sua escalada, pois, eles nos conduzem a uma liderança e quando galgado por irmãos não preparados levam a Loja à desarmonia. Por unanimidade dos autores da literatura maçônica os degraus dos Vigilantes não têm nomes, os demais,segundo a maioria dos autores, possuem nomes com seus respectivos significativos.
DESENVOLVIMENTO
No Ocidente
- Temos um degrau na mesa do segundo vigilante: e dois na do primeiro vigilante significando, portanto, uma hierarquia existente.
- No Oriente
Temos separando o Ocidente do Oriente quatro degraus.
É o Oriente o lugar dos Mestres Instalados que ali chegaram através de estudo, experiências e vivência maçônica.
O primeiro o da FORÇA corresponde a todo o Ocidente da Loja e representa o conjunto da força física e espiritual dos irmãos, em torno do Venerável, e, quanto mais unidos estiverem todos, mais forte será esse degrau.
Seguem-se os três degraus seguintes entre as duas grades, pelos quais subimos para o Oriente.
O segundo degrau é o do TRABALHO que corresponde simbolicamente o desbastar pedra bruta, o desbastar das nossas imperfeições no nosso caminho em busca da evolução. Significa também trabalho de saber conduzir uma Loja mantendo todos os obreiros em harmonia. Significa ainda o exercício do honesto trabalho das oito horas diárias, para garantia do sustento digno para a nossa família.
O terceiro degrau é o da CIÊNCIA, que se consegue através do estudo. O aprendizado constante que leva à Sapiência ou à Sabedoria. É o conhecimento das coisas e das causas, que libera o nosso espírito para entender a filosofia que cultivamos (combate incessante a Intolerância, a Ignorância e ao Fanatismo). È através da ciência que Deus se manifesta onde o homem é seu instrumento.
O quarto degrau é o das VIRTUDES, que habita o Ocidente e os quatro cantos da Loja, cuja prática é indispensável para a subida da Escada de Jacó, essa noção emblemática da nossa escola de Regeneração.
Nesse momento atingimos o Oriente e para chegarmos ao Santo dos Santos, que está por baixo do dossel, necessitamos ascender mais três degraus, antes de sentarmos na Cadeira de Salomão.
O primeiro degrau é o da PUREZA de sentimentos e de conduta diante do próximo, sem subterfúgios, calúnias, agindo com sinceridade e transparência, em todos os momentos da nossa vida. É o agir sem preconceitos e evitar a prática do mal.
O segundo degrau é a LUZ, a nossa opção contra as TREVAS. O caminho do bem, sempre pronto a combater o mal. A compreensão da sua existência sobre a Terra. A abertura da Inteligência a um nível mais alto. A iluminação do espírito e da consciência, o momento esperado quando vemos a Estrela Flamígera, apanágio de poucos. A Luz que nos invade o corpo e nos enche de alegria que nós conduz à presença do Criador.
O terceiro degrau é o da VERDADE, de onde julgaremos e onde seremos julgados por todos, e se passarmos sem mácula, e através de um procedimento justo, exemplar e reto, faremos a Loja progredir e brilhar. Neste patamar da escalada evolutiva mereceremos então receber o título de Venerável, aquele que deve ser honrado por sua Loja.
CONCLUSÃO
Concluo refletindo que o Oriente DEVE ser constituído de destacados e virtuoses Obreiros. Se a qualidade moral, cultural e ética das pessoas que compõem a Loja é ruim, de que adianta o mais sábio dos homens em sua presidência? Quem faz uma Loja, quem dá luz ao espetáculo, quem brilha de fato, não é o venerável, o Grão-Mestre, são todos os membros Unidos na oficina e abençoados pelo Incriado. Aquele que sobe o último degrau e já introjetou s filosofia dos demais serve aos que estão em degraus inferiores. Na ordem maçônica, o mestre maçom está empenhado em um processo de melhoria interminável onde não deve ser visto o poder pelo poder, mas pelo servir. Para obter sucesso o não servir coloca em cheque o que os degraus nos orientam, e quanto mais nós subirmos na hierarquia da Loja, mais se empenhados deveremos ser em servir e isto nos proporcionará verdadeiro e natural poder e Capacidade de refletir a sabedoria gerada nos demais Quadrantes do Templo.
Autor: Ir.'. José Geraldo da Cruz Oliveira
A FARSA SOBRE A INCONFIDÊNCIA MINEIRA
Se a "cereja do bolo" da história brasileira é uma grande farsa, imagine o resto do "bolo"...
O MARTÍRIO DE TIRADENTES, UMA FARSA CRIADA POR LÍDERES DA INCONFIDÊNCIA MINEIRA.
por Guilhobel Aurélio Camargo
Ele estava muito bem vivo, um ano depois, em Paris. O feriado de 21 de abril é fruto de uma história fabricada que criou Tiradentes como bode expiatório, que levaria a culpa pelo movimento da Inconfidência Mineira. Quem morreu no lugar dele foi um ladrão chamado Isidro Gouveia.
A mentira que criou o feriado de 21 de abril é: Tiradentes foi sentenciado à morte e foi enforcado no dia 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, no local chamado Campo da Lampadosa, que hoje é conhecido como a Praça Tiradentes. Com a Proclamação da República, precisava ser criada uma nova identidade nacional. Pensou-se em eternizar Marechal Deodoro, mas o escolhido foi Tiradentes. Ele era de Minas Gerais, estado que tinha na época a maior força republicana e era um polo comercial muito forte. Jogaram ao povo uma imagem de Tiradentes parecida com a de Cristo e era o que bastava: um “Cristo da Multidão”. Transformaram-no em herói nacional cuja figura e história “construída” agradava tanto à elite quanto ao povo.
A vida dele em poucas palavras: Tiradentes nasceu em 1746 na Fazenda do Pombal, entre São José e São João Del Rei (MG). Era filho de um pequeno fazendeiro. Ficou órfão de mãe aos nove anos e perdeu o pai aos 11. Não chegou a concluir o curso primário. Foi morar com seu padrinho, Sebastião Ferreira Dantas, um cirurgião que lhe deu ensinamentos de Medicina e Odontologia. Ainda jovem, ficou conhecido pela habilidade com que arrancava os dentes estragados das pessoas. Daí veio o apelido de Tira-Dentes. Em 1780, tornou-se um soldado e, um ano à frente, foi promovido a alferes. Nesta mesma época, envolveu-se na Inconfidência Mineira contra a Coroa portuguesa, que explorava o ouro encontrado em Minas Gerais. Tiradentes foi iniciado na Maçonaria pelo poeta e juiz Cruz e Silva, amigo de vários inconfidentes. Tiradentes teria salvado a vida de Cruz e Silva, não se sabe em que circunstâncias.
Tiradentes, Maçonaria e a Inconfidência Mineira: Como era um simples alferes (patente igual à de tenente), não lideraria coronéis, brigadeiros, padres e desembargadores, que eram os verdadeiros líderes do movimento. Semi-alfabetizado, é muito provável que nunca esteve plenamente a par dos planos e objetivos do movimento. Em todos os movimentos libertários acontecidos no Brasil, durante os séculos XVIII e XIX, era comum o "dedo da Maçonaria". E Tiradentes foi maçom, mas estava longe de acompanhar os maçons envolvidos na Inconfidência, porque esses eram cultos, e em sua grande parte, estudantes que haviam recentemente regressado "formados” da cidade de Coimbra, em Portugal. Uma das evidências documentais da participação da Maçonaria são as cartas de denúncia existentes nos autos da Devassa, informando que maçons estavam envolvidos nos conluios.
Os maçons brasileiros foram encorajados na tentativa de libertação, pela história dos Estados Unidos da América, onde saíram vitoriosos - mesmo em luta desigual - os maçons norte-americanos George Washington, Benjamin Franklin e Thomas Jefferson. Também é possível comprovar a participação da Maçonaria na Inconfidência Mineira, sob o pavilhão e o dístico maçônico do Libertas Quae Sera Tamen, que adorna o triângulo perfeito, com este fragmento de Virgílio (Éclogas, I, 27). Tiradentes era um dos poucos inconfidentes que não tinha família. Tinha apenas uma filha ilegítima e traçava planos para casar-se com a sobrinha de um padre chamado Rolim, por motivos econômicos. Ele era, então, de todo o grupo, aquele considerado como uma “codorna no chão”, o mais frágil dos inconfidentes. Sem família e sem dinheiro, querendo abocanhar as riquezas do padre. Era o de menor preparo cultural e poucos amigos. Portanto, a melhor escolha para desempenhar o papel de um bode expiatório que livraria da morte os verdadeiros chefes.
E foi assim que foi armada a traição, em 15 de março de 1789, com o Silvério dos Reis indo ao Palácio do governador e denunciando o Tiradentes. Ele foi preso no Rio de Janeiro, na Cadeia Velha, e seu julgamento prolongou-se por dois anos. Durante todo o processo, ele admitiu voluntariamente ser o líder do movimento, porque tinha a promessa que livrariam a sua cabeça na hipótese de uma condenação por pena de morte. Em 21 de abril de 1792, com ajuda de companheiros da Maçonaria, foi trocado por um ladrão, o carpinteiro Isidro Gouveia. O ladrão havia sido condenado à morte em 1790 e assumiu a identidade de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida a ele pela Maçonaria. Gouveia foi conduzido ao cadafalso e testemunhas que presenciaram a sua morte se diziam surpresas porque ele aparentava ter bem menos que seus 45 anos. No livro, de 1811, de autoria de Hipólito da Costa ("Narrativa da Perseguição") é documentada a diferença física de Tiradentes com o que foi executado em 21 de abril de 1792. O escritor Martim Francisco Ribeiro de Andrada III escreveu no livro "Contribuindo", de 1921: "Ninguém, por ocasião do suplício, lhe viu o rosto, e até hoje se discute se ele era feio ou bonito...".
O corpo do ladrão Gouveia foi esquartejado e os pedaços espalhados pela estrada até Vila Rica (MG), cidade onde o movimento se desenvolveu. A cabeça não foi encontrada, uma vez que sumiram com ela para não ser descoberta a farsa. Os demais inconfidentes foram condenados ao exílio ou absolvidos.
A descoberta da farsa: Há 41 anos (1969), o historiador carioca Marcos Correa estava em Lisboa quando viu fotocópias de uma lista de presença na galeria da Assembleia Nacional francesa de 1793. Correa pesquisava sobre José Bonifácio de Andrada e Silva e acabou encontrando a assinatura que era o objeto de suas pesquisas. Próximo à assinatura de José Bonifácio, também aparecia a de um certo Antônio Xavier da Silva. Correa era funcionário do Banco do Brasil, se formara em grafotécnica e, por um acaso do destino, havia estudado muito a assinatura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Concluiu que as semelhanças eram impressionantes.
Tiradentes teria embarcado incógnito, com a ajuda dos irmãos maçons, na nau Golfinho, em agosto de 1792, com destino a Lisboa. Junto com Tiradentes seguiu sua namorada, conhecida como Perpétua Mineira e os filhos do ladrão morto Isidro Gouveia. Em uma carta que foi encontrada na Torre do Tombo, em Lisboa, existe a narração do autor, desembargador Simão Sardinha, na qual diz ter-se encontrado, na Rua do Ouro, em dezembro do ano de 1792, com alguém muito parecido com Tiradentes, a quem conhecera no Brasil, e que ao reconhecê-lo saiu correndo. Há relatos que 14 anos depois, em 1806, Tiradentes teria voltado ao Brasil quando abriu uma botica na casa da namorada Perpétua Mineira, na rua dos Latoeiros (hoje Gonçalves Dias) e que morreu em 1818. Em 1822, Tiradentes foi reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira e, em 1865, proclamado Patrono Cívico da nação brasileira.
"É possível enganar parte do povo todo o tempo; é possível enganar parte do tempo todo o povo; jamais se enganará todo o povo todo o tempo."
(Abraham Lincoln)
por Guilhobel Aurélio Camargo
Ele estava muito bem vivo, um ano depois, em Paris. O feriado de 21 de abril é fruto de uma história fabricada que criou Tiradentes como bode expiatório, que levaria a culpa pelo movimento da Inconfidência Mineira. Quem morreu no lugar dele foi um ladrão chamado Isidro Gouveia.
A mentira que criou o feriado de 21 de abril é: Tiradentes foi sentenciado à morte e foi enforcado no dia 21 de abril de 1792, no Rio de Janeiro, no local chamado Campo da Lampadosa, que hoje é conhecido como a Praça Tiradentes. Com a Proclamação da República, precisava ser criada uma nova identidade nacional. Pensou-se em eternizar Marechal Deodoro, mas o escolhido foi Tiradentes. Ele era de Minas Gerais, estado que tinha na época a maior força republicana e era um polo comercial muito forte. Jogaram ao povo uma imagem de Tiradentes parecida com a de Cristo e era o que bastava: um “Cristo da Multidão”. Transformaram-no em herói nacional cuja figura e história “construída” agradava tanto à elite quanto ao povo.
A vida dele em poucas palavras: Tiradentes nasceu em 1746 na Fazenda do Pombal, entre São José e São João Del Rei (MG). Era filho de um pequeno fazendeiro. Ficou órfão de mãe aos nove anos e perdeu o pai aos 11. Não chegou a concluir o curso primário. Foi morar com seu padrinho, Sebastião Ferreira Dantas, um cirurgião que lhe deu ensinamentos de Medicina e Odontologia. Ainda jovem, ficou conhecido pela habilidade com que arrancava os dentes estragados das pessoas. Daí veio o apelido de Tira-Dentes. Em 1780, tornou-se um soldado e, um ano à frente, foi promovido a alferes. Nesta mesma época, envolveu-se na Inconfidência Mineira contra a Coroa portuguesa, que explorava o ouro encontrado em Minas Gerais. Tiradentes foi iniciado na Maçonaria pelo poeta e juiz Cruz e Silva, amigo de vários inconfidentes. Tiradentes teria salvado a vida de Cruz e Silva, não se sabe em que circunstâncias.
Tiradentes, Maçonaria e a Inconfidência Mineira: Como era um simples alferes (patente igual à de tenente), não lideraria coronéis, brigadeiros, padres e desembargadores, que eram os verdadeiros líderes do movimento. Semi-alfabetizado, é muito provável que nunca esteve plenamente a par dos planos e objetivos do movimento. Em todos os movimentos libertários acontecidos no Brasil, durante os séculos XVIII e XIX, era comum o "dedo da Maçonaria". E Tiradentes foi maçom, mas estava longe de acompanhar os maçons envolvidos na Inconfidência, porque esses eram cultos, e em sua grande parte, estudantes que haviam recentemente regressado "formados” da cidade de Coimbra, em Portugal. Uma das evidências documentais da participação da Maçonaria são as cartas de denúncia existentes nos autos da Devassa, informando que maçons estavam envolvidos nos conluios.
Os maçons brasileiros foram encorajados na tentativa de libertação, pela história dos Estados Unidos da América, onde saíram vitoriosos - mesmo em luta desigual - os maçons norte-americanos George Washington, Benjamin Franklin e Thomas Jefferson. Também é possível comprovar a participação da Maçonaria na Inconfidência Mineira, sob o pavilhão e o dístico maçônico do Libertas Quae Sera Tamen, que adorna o triângulo perfeito, com este fragmento de Virgílio (Éclogas, I, 27). Tiradentes era um dos poucos inconfidentes que não tinha família. Tinha apenas uma filha ilegítima e traçava planos para casar-se com a sobrinha de um padre chamado Rolim, por motivos econômicos. Ele era, então, de todo o grupo, aquele considerado como uma “codorna no chão”, o mais frágil dos inconfidentes. Sem família e sem dinheiro, querendo abocanhar as riquezas do padre. Era o de menor preparo cultural e poucos amigos. Portanto, a melhor escolha para desempenhar o papel de um bode expiatório que livraria da morte os verdadeiros chefes.
E foi assim que foi armada a traição, em 15 de março de 1789, com o Silvério dos Reis indo ao Palácio do governador e denunciando o Tiradentes. Ele foi preso no Rio de Janeiro, na Cadeia Velha, e seu julgamento prolongou-se por dois anos. Durante todo o processo, ele admitiu voluntariamente ser o líder do movimento, porque tinha a promessa que livrariam a sua cabeça na hipótese de uma condenação por pena de morte. Em 21 de abril de 1792, com ajuda de companheiros da Maçonaria, foi trocado por um ladrão, o carpinteiro Isidro Gouveia. O ladrão havia sido condenado à morte em 1790 e assumiu a identidade de Tiradentes, em troca de ajuda financeira à sua família, oferecida a ele pela Maçonaria. Gouveia foi conduzido ao cadafalso e testemunhas que presenciaram a sua morte se diziam surpresas porque ele aparentava ter bem menos que seus 45 anos. No livro, de 1811, de autoria de Hipólito da Costa ("Narrativa da Perseguição") é documentada a diferença física de Tiradentes com o que foi executado em 21 de abril de 1792. O escritor Martim Francisco Ribeiro de Andrada III escreveu no livro "Contribuindo", de 1921: "Ninguém, por ocasião do suplício, lhe viu o rosto, e até hoje se discute se ele era feio ou bonito...".
O corpo do ladrão Gouveia foi esquartejado e os pedaços espalhados pela estrada até Vila Rica (MG), cidade onde o movimento se desenvolveu. A cabeça não foi encontrada, uma vez que sumiram com ela para não ser descoberta a farsa. Os demais inconfidentes foram condenados ao exílio ou absolvidos.
A descoberta da farsa: Há 41 anos (1969), o historiador carioca Marcos Correa estava em Lisboa quando viu fotocópias de uma lista de presença na galeria da Assembleia Nacional francesa de 1793. Correa pesquisava sobre José Bonifácio de Andrada e Silva e acabou encontrando a assinatura que era o objeto de suas pesquisas. Próximo à assinatura de José Bonifácio, também aparecia a de um certo Antônio Xavier da Silva. Correa era funcionário do Banco do Brasil, se formara em grafotécnica e, por um acaso do destino, havia estudado muito a assinatura de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Concluiu que as semelhanças eram impressionantes.
Tiradentes teria embarcado incógnito, com a ajuda dos irmãos maçons, na nau Golfinho, em agosto de 1792, com destino a Lisboa. Junto com Tiradentes seguiu sua namorada, conhecida como Perpétua Mineira e os filhos do ladrão morto Isidro Gouveia. Em uma carta que foi encontrada na Torre do Tombo, em Lisboa, existe a narração do autor, desembargador Simão Sardinha, na qual diz ter-se encontrado, na Rua do Ouro, em dezembro do ano de 1792, com alguém muito parecido com Tiradentes, a quem conhecera no Brasil, e que ao reconhecê-lo saiu correndo. Há relatos que 14 anos depois, em 1806, Tiradentes teria voltado ao Brasil quando abriu uma botica na casa da namorada Perpétua Mineira, na rua dos Latoeiros (hoje Gonçalves Dias) e que morreu em 1818. Em 1822, Tiradentes foi reconhecido como mártir da Inconfidência Mineira e, em 1865, proclamado Patrono Cívico da nação brasileira.
"É possível enganar parte do povo todo o tempo; é possível enganar parte do tempo todo o povo; jamais se enganará todo o povo todo o tempo."
(Abraham Lincoln)
ENTENDENDO O HINO DA MAÇONARIA
Letra e música – D. Pedro I
Pedro de Alcântara, Francisco, Antônio, João, Carlos, Xavier de Paula, Miguel, Rafael, Joaquim, José, Gonzaga, Pascoal, Cipriano, Serafim, de Bragança e Bourbon.
(Fonte: Arquivo Nobiliárquico - Barão de Smith Vasconcellos)
Da luz que de si difunde
Sagrada Filosofia
Surgiu no mundo assombrado
A pura Maçonaria
A Idade Média é considerada a “idade das trevas”, os “mil anos de escuridão”, pois a Igreja Católica impedia a evolução da ciência e controlava a educação, promovendo a submissão da razão em nome da fé. Após o fim da Idade Média, tem-se a Idade Moderna, na qual surgiram o Iluminismo e a Maçonaria. A Maçonaria é considerada, junto de outras instituições, a responsável pela difusão do ideal de livre busca da verdade.
Maçons, alerta! ]
Tendes firmeza ] Refrão
Vingais direitos ]
Da natureza ]
Os “direitos da natureza” são os direitos naturais, defendidos pelos jusnaturalistas. Trata-se dos direitos considerados próprios do ser humano, independente de época e lugar. Entre esses direitos, destaca-se os direitos a vida, a liberdade, a resistência à opressão, e a busca da felicidade. Esses direitos foram, em outras épocas, tomados do homem através da tirania e do fanatismo. E cada maçom deve defendê-los.
Da razão parto sublime
Sacros cultos merecia
Altos heróis adoraram
A pura Maçonaria
A alegoria da caverna, de Platão, mostra o homem cego e acorrentado pelas amarras da ignorância, e ensina que a descoberta do mundo deve se dar de forma gradativa. O homem ao sair da caverna sofre como um recém-nascido quando do parto, mas ambos ganham um mundo novo. Após os anos de “mundo assombrado”, a humanidade assiste o nascimento da Maçonaria, uma Ordem cujos ritos cultuam a razão, retirando homens da caverna da ignorância e dando-lhes a luz de uma nova vida. Talvez por isso da Maçonaria ser berço de tantos heróis e libertadores.
(Refrão)
Da razão suntuoso Templo
Um grande Rei erigia
Foi então instituída
A pura Maçonaria
O grande Rei erigindo um suntuoso Templo da razão é o Rei Salomão, tido como possuidor de toda a sabedoria. E é da construção de seu templo que alegoricamente foi instituída a Maçonaria, visto ter na lenda dessa construção o terreno fértil para a transmissão de muitos de seus ensinamentos.
(Refrão)
Nobres inventos não morrem
Vencem do tempo a porfia
Há de séculos afrontar
A pura Maçonaria
“Porfia” significa “disputa”. Apenas as ideias nobres vencem a disputa contra o tempo. A Maçonaria, por sua nobreza de ideais, tem sobrevivido ao passar dos séculos, ao contrário de muitas outras instituições que sucumbiram diante do tempo, sempre implacável.
(Refrão)
Humanos sacros direitos
Que calcara a tirania
Vai ufana restaurando
A pura Maçonaria
“Calcar” significa “pisotear”, “esmagar”, enquanto que “ufana” significa “orgulhosa”, “triunfante”. Em outras palavras, a estrofe diz que: a pura Maçonaria vai triunfante restaurando os sagrados direitos humanos que foram pisoteados pela tirania.
(Refrão)
Da luz depósito augusto
Recatando a hipocrisia
Guarda em si com o zelo santo
A pura Maçonaria
A Maçonaria guarda em si, com o devido cuidado, a luz da razão. Em seu interior, a hipocrisia vai sendo “recatada” (envergonhada), enquanto que a verdade é exaltada. A razão, duas vezes citada no hino, está diretamente ligada à verdade, esta o oposto da hipocrisia, pois não existe razão sem verdade, assim como a verdade só é encontrada com a razão.
(Refrão)
Cautelosa esconde e nega
À profana gente ímpia
Seus Mistérios majestosos
A pura Maçonaria
A Maçonaria mantém seu caráter sigiloso e grupo seleto em proteção de seus augustos mistérios, para que aquelas pessoas ofensivas ao que é digno não possam alcançá-los.
(Refrão)
Do mundo o Grande Arquiteto
Que o mesmo mundo alumia
Propício, protege e ampara
A pura Maçonaria
E por fim, a Maçonaria é posta como instituição sagrada, da qual o próprio Grande Arquiteto do Universo é favorável, e por isso a protege.
(Refrão)
COMENTÁRIOS FINAIS:
Questão interessante sobre esse Hino, que recebeu o nome genérico de “Hino da Maçonaria” por não ter sido originalmente nomeado, é quanto a sua autoria. Várias fontes maçônicas o colocam como sendo letra e música de D. Pedro I. Não há documento algum que corrobore com essa teoria. Outras tantas fontes, inclusive o GOB, apontam o autor como sendo Otaviano Bastos, o que é impossível. O próprio Otaviano escreveu em sua obra “Pequena Enciclopédia Maçônica” que a música é de D. Pedro I, mas a letra é de autor desconhecido.
Há ainda outra questão relacionada ao hino e que merece atenção. Alguns escritores que se propuseram a interpretar o hino, ao se depararem com o termo “recatando a hipocrisia”, não compreendendo seu real significado, cometeram o gravíssimo erro de modificar a letra do hino para “recatada da hipocrisia”, de forma que o hino pudesse se encaixar devidamente aos seus entendimentos, em vez do contrário. Ora, imagine modificar a letra de um hino musicado por D. Pedro I, cujo valor histórico e maçônico é incalculável, para se alcançar a interpretação desejada… é o que podemos chamar de “estupro da história”.
CONSULTAS:
GUIMARÃES, José Maurício: Dissecando o Hino da Maçonaria. Portal “Formadores de Opinião” e Portal “Samaúma”.
RIBEIRO, João Guilherme da C.: O Livro dos Dias 2012. 16a Edição. Infinity.
RUP, Rodolfo: O Hino Maçônico Brasileiro. Portal Maçônico “Samaúma”.
Compilado por Ir.'. Roberto de Jesus Sant´Anna - M.'.M.'.
Cautelosa esconde e nega
À profana gente ímpia
Seus Mistérios majestosos
A pura Maçonaria
A Maçonaria mantém seu caráter sigiloso e grupo seleto em proteção de seus augustos mistérios, para que aquelas pessoas ofensivas ao que é digno não possam alcançá-los.
(Refrão)
Do mundo o Grande Arquiteto
Que o mesmo mundo alumia
Propício, protege e ampara
A pura Maçonaria
E por fim, a Maçonaria é posta como instituição sagrada, da qual o próprio Grande Arquiteto do Universo é favorável, e por isso a protege.
(Refrão)
COMENTÁRIOS FINAIS:
Questão interessante sobre esse Hino, que recebeu o nome genérico de “Hino da Maçonaria” por não ter sido originalmente nomeado, é quanto a sua autoria. Várias fontes maçônicas o colocam como sendo letra e música de D. Pedro I. Não há documento algum que corrobore com essa teoria. Outras tantas fontes, inclusive o GOB, apontam o autor como sendo Otaviano Bastos, o que é impossível. O próprio Otaviano escreveu em sua obra “Pequena Enciclopédia Maçônica” que a música é de D. Pedro I, mas a letra é de autor desconhecido.
Há ainda outra questão relacionada ao hino e que merece atenção. Alguns escritores que se propuseram a interpretar o hino, ao se depararem com o termo “recatando a hipocrisia”, não compreendendo seu real significado, cometeram o gravíssimo erro de modificar a letra do hino para “recatada da hipocrisia”, de forma que o hino pudesse se encaixar devidamente aos seus entendimentos, em vez do contrário. Ora, imagine modificar a letra de um hino musicado por D. Pedro I, cujo valor histórico e maçônico é incalculável, para se alcançar a interpretação desejada… é o que podemos chamar de “estupro da história”.
CONSULTAS:
GUIMARÃES, José Maurício: Dissecando o Hino da Maçonaria. Portal “Formadores de Opinião” e Portal “Samaúma”.
RIBEIRO, João Guilherme da C.: O Livro dos Dias 2012. 16a Edição. Infinity.
RUP, Rodolfo: O Hino Maçônico Brasileiro. Portal Maçônico “Samaúma”.
Compilado por Ir.'. Roberto de Jesus Sant´Anna - M.'.M.'.
sábado, 6 de maio de 2017
Altos Graus Franceses não se Submetem a Londres
Grande Loge Nationale Française
As jurisdições chamadas “altos graus”
Paris, 20 de Dezembro de 2011.
Caríssimos e amados Irmãos,
Nossa Grande Loja vive, há quase dois anos, dificuldades devidas a múltiplas causas, entre as quais as posturas polémicas reiteradas dos responsáveis por algumas Jurisdições, chamadas de “altos graus”.
Estas dificuldades necessariamente influenciaram a qualidade dos vínculos mantidos até então com nossa Grande Loja, chegando a uma alteração que provocou sua suspensão, devido à sua ingerência inaceitável na independência e na soberania da Grande Loja Nacional Francesa. Estes episódios conflituosos não são novos, eles pontuaram a história da Maçonaria francesa e internacional em muitas ocasiões desde o início do século XIX.
Neste contexto de ataques de natureza sistemática contra a nossa Grande Loja, convém redefinir o essencial e colocar cada coisa ao seu lugar, tendo primeiramente em conta o único interesse dos Irmãos, indefectivelmente unidos à GLNF e que desejam igualmente prosseguir em sua procura iniciática nestes sistemas.
A Grande Loja Nacional Francesa é uma Grande Loja regular e soberana. Os Irmãos ali trabalham à Glória do Grande Arquiteto do Universo, no mais estrito respeito aos Landmarks internacionais, recordados nos “Principles forrecognition” de 1929, reafirmados em 1949. Eles praticam os três graus da Maçonaria, incluindo o complemento do Arco Real, referindo-se à Tradição do Ofício (“Craft”).
A Grande Loja Nacional Francesa recebe em suas Lojas homens livres e de bons costumes, desejando trabalhar e se aperfeiçoar, e ascender na Fraternidade, prosseguindo em seu aperfeiçoamento moral e espiritual, desde o grau de Aprendiz até o de Mestre Maçom. Estes homens tornam-se Irmãos responsáveis que participam na Construção do Templo Universal que reúne, na Cadeia de união, todos os maçons do mundo em sua diversidade e na Aliança eterna e renovada com Deus.
Cada Irmão da Grande Loja Nacional Francesa dispõe do livre árbitro que lhe permite determinar-se em consciência. Na prática maçônica, este livre árbitro é exercido através da liberdade de escolha do seu percurso iniciático. Os maçons de Tradição são homens livres que nenhum “sistema de pensamento” poderia forçar, reduzir e muito menos alienar. Esta soberania na Regularidade, respeitosa desta liberdade, nada impõe aos seus membros que o estrito respeito às Constituições, Estatutos e Regulamentos que proíbem aos que fazem a escolha de nossa Obediência, da Regularidade, de participar nos trabalhos das lojas de qualquer outra Obediência ou Grande Loja “não Regular” e não Reconhecida internacionalmente.
As Jurisdições, chamadas de “altos graus”, não são Grandes Lojas soberanas; elas constituem “(corpos maçônicos complementares)”; e a esse título elas não se sujeitam a esta regra intangível e de adesão incondicional.
A Grande Loja Nacional Francesa não fixa qualquer prescrição, nem discriminação, em relação a qualquer sistema que seja, ou qualquer Jurisdição, considerando que não lhe cabe julgar, nem favorecer qualquer uma entre elas. Sobre isso, ela reafirma estes princípios fundamentais, tais como foram formalizados no artigo 2 dos “Termos da União das duas Grandes Lojas da Inglaterra” (ratificados pelos dois corpos em 1o de Dezembro de 1813, consolidados na Grande Loja Unida da Inglaterra em 17 de Dezembro de 1813):
“É definido e declarado que a pura Maçonaria Antiga compõe-se de três Graus e não mais, nomeadamente os de Aprendiz (não matriculado), Companheiro do Ofício e Mestre Maçom, incluindo a Ordem Suprema do Santo Arco Real. Mas, este artigo não tem por objetivo impedir a qualquer Loja ou Capítulo de se constituir nos Graus das Ordens de Cavalaria, em conformidade com as constituições das referidas Ordens”.
Esta liberdade não pode ser concebida apenas no âmbito do indispensável respeito reafirmado às Constituições, Estatutos e Regulamentos da Grande Loja Nacional Francesa, de sua Soberania plena no seu domínio exclusivo: conferir a qualidade de maçom regular e os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, completados pelo Arco Real, se o Irmão o desejar. Isto, de acordo comas modalidades previstas pelos seis corpus de rituais atualmente praticados e relevantes da exclusiva competência da Grande Loja. Os Irmãos que não respeitarem as disposições precedentes expor-se-iam a serem excluídos de nossa organização.
Precisando claramente os domínios respectivos de cada instituição, de cada Corpo maçônico, por esta disposição, a Grande Loja Nacional Francesa propõe-se ajudar os Irmãos a não se deixar extraviar nos falsos debates e falsos dilemas pessoais.
O Secretário do Grande Conselho
A (Verdadeira) Primeira Grande Loja
A FORMAÇÃO DA PRIMEIRA GRANDE LOJA DE MAÇONS
ALEMANHA 1250
Pelo Ir.´. Henning A. Klövekorn
Com a difusão do cristianismo por toda a Alemanha e a exigência de que bispos romanos erguessem catedrais, os colégios Maçônicos na Alemanha prosperaram. Geralmente designado como Steinmetzen ou Canteiros, estas fraternidades maçônicas levantaram igrejas e catedrais por toda a Europa continental. A sociedade de canteiros tinha dentro de si uma grande variedade de classes e ocupações. Estas incluíam Steinmaurer ou assentadores de pedras, Steinhauer ou cortadores de pedra, bem como Steinmetzen, uma palavra derivada de Stein ou pedra e Metzen, um derivado da palavra Metzel ou entalhador, uma arte mais detalhada e refinada que os cortadores de pedras. A construção de Bauhütten ou lojas situadas junto às igrejas em construção serviu como estúdio de projeto, local de trabalho e quarto de dormir.
Um dos mais antigos registros de lojas maçônicas se encontra na cidade alemã de Hirschau (agora Hirsau) no atual estado de Baden-Württenberg. As lojas Maçônicas instituídas na cidade de Hirschau no final do século 11 trabalhavam sob a ordem beneditina da Alemanha, e foram as primeiras a estabelecer o estilo gótico de arquitetura.
As Armas dos Franco Maçons da Alemanha
ALEMANHA 1250
Pelo Ir.´. Henning A. Klövekorn
Com a difusão do cristianismo por toda a Alemanha e a exigência de que bispos romanos erguessem catedrais, os colégios Maçônicos na Alemanha prosperaram. Geralmente designado como Steinmetzen ou Canteiros, estas fraternidades maçônicas levantaram igrejas e catedrais por toda a Europa continental. A sociedade de canteiros tinha dentro de si uma grande variedade de classes e ocupações. Estas incluíam Steinmaurer ou assentadores de pedras, Steinhauer ou cortadores de pedra, bem como Steinmetzen, uma palavra derivada de Stein ou pedra e Metzen, um derivado da palavra Metzel ou entalhador, uma arte mais detalhada e refinada que os cortadores de pedras. A construção de Bauhütten ou lojas situadas junto às igrejas em construção serviu como estúdio de projeto, local de trabalho e quarto de dormir.
Um dos mais antigos registros de lojas maçônicas se encontra na cidade alemã de Hirschau (agora Hirsau) no atual estado de Baden-Württenberg. As lojas Maçônicas instituídas na cidade de Hirschau no final do século 11 trabalhavam sob a ordem beneditina da Alemanha, e foram as primeiras a estabelecer o estilo gótico de arquitetura.
As Armas dos Franco Maçons da Alemanha
Já em 1149, as primeiras Zünftes alemãs ou sindicatos de pedreiros se desenvolveram em Magdeburg, Würzburg, Speyer e Straßburg. Em 1250, a primeira Grande Loja dos Maçons formou-se na cidade de Colônia (Köln), [i] Alemanha. A Grande Loja foi formada como parte do imenso empreendimento para erguer a catedral de Colônia.
O primeiro congresso maçônico ocorreu na cidade de Straßburg, na Alemanha no ano de 1275. Ela foi fundada pelo Grão Mestre Erwin von Steinbach. Este também foi o primeiro uso registrado do símbolo dos maçons, o compasso e o esquadro. Embora Straßburg fosse considerada a primeira Grande Loja de seu tempo, outras Grandes Lojas maçônicas já haviam sido fundadas em Viena, Berna e a acima mencionada de Colônia; estas foram chamadas Oberhütten ou grandes lojas. Diversos congressos maçônicos foram realizados na cidade de Straßburg, incluindo os anos 1498 e 1563. Nesta época, as primeiras Armas de Maçons registradas na Alemanha foram registradas representando quatro compassos posicionados em torno de um símbolo do sol pagão, e dispostos em forma de suástica ou roda solar ariana. As Armas Maçônicas da Alemanha também exibiam o nome de São João Evangelista, santo padroeiro dos maçons alemães.
A Oberhütte (Grande Loja) de Colônia, e seu grão-mestre, era considerada a cabeça das lojas maçônicas de toda a Alemanha do norte. O grão-mestre da Straßburg, na época uma cidade alemã, era chefe de Lojas Maçônicas de todo sul da Alemanha, Francônia, Baviera, Hesse e as principais áreas da França.
As Grandes Lojas de Maçons na Alemanha recebiam o apoio da Igreja e da Monarquia. O Imperador Maximiliano revisou o congresso maçônico de 1275 em Straßburg e proclamou a sua proteção ao ofício. Entre 1276 e 1281, Rudolf I de Habsburgo, um rei alemão, tornou-se membro da Bauhütte ou Loja de St. Stephan. O Rei Rudolf foi um dos primeiros não-operativos, também chamados membros livres ou especulativos de uma loja maçônica.
Os estatutos dos maçons na Europa foram revisados em 1459 pela Assembléia de Ratisbonne (Regensburg), a sede da Dieta Alemã, cuja revisão preliminar tinha ocorrido em Straßburg sete anos antes [ii]. As revisões descreviam a exigência de testar irmãos estrangeiros antes de sua aceitação nas lojas através de um método de saudação estabelecido (aparentemente internacional ou europeu).
A primeira assembléia geral de maçons na Europa ocorreu no ano de 1535, na cidade de Colônia, na Alemanha. Ali, o bispo de Colônia, Hermann V, reuniu 19 lojas maçônicas para estabelecer a Carta de Colônia, escrita em latim. As primeiras grandes lojas dos maçons estiveram presentes, o que era costume na época, e incluíam a Grande Loja de Colônia, Straßburg, Viena, Zurique e Magdeburg. A Grande Loja Mãe de Colônia, com o seu grande mestre era considerada a principal Grande Loja da Europa.
Após a invenção da imprensa, os maçons (Steinmetzen) da Alemanha, reuniram-se em Ratisbona em 1464 e imprimiram as primeiras Regras e Estatutos da Fraternidade de Cortadores de Pedra de Straßburg (Ordnung der Steinmetzen). Estes regulamentos foram aprovados e sancionados pelos Imperadores sucessivos, tais como Carlos V e Ferdinando.
O monge alemão Martinho Lutero e seu protesto contra as injustiças e hipocrisias da Igreja Católica em 1517 deram origem ao protestantismo. Isto liberalizou algumas das lojas maçônicas da época. A Catedral de Straßburg tornou-se Luterana em 1525 e muitas outras a seguiram.
Em 1563, os Decretos e Artigos da Fraternidade de Canteiros foram renovados na Loja Mãe em Straßburg no dia de S. Miguel. Estes regulamentos demonstram três elos importantes com a Maçonaria moderna. Em primeiro lugar, os aprendizes eram chamados de “livres” na conclusão do serviço a seu Mestre, o que sem dúvida é a origem da palavra Freemason ou “franco-maçom”. Em segundo lugar, a natureza fraternal da loja era retratada em uma série de regulamentações, tais como o atendimento aos doentes, ou a prática de ensinar um irmão sem cobrar, nos termos do artigo 14. Em terceiro lugar, os maçons utilizavam um aperto de mão secreto como meio de identificação.
Dois artigos do regulamento indicando estes pontos são:
“Nenhum Mestre ensinará um companheiro por dinheiro.
XIV. E nenhum artesão ou mestre aceitará dinheiro de um colega para mostrar ou ensinar-lhe qualquer coisa relacionada com maçonaria. Da mesma forma, nenhum vigilante ou companheiro mostrará ou instruirá qualquer um por dinheiro a talhar, conforme dito acima. Se, no entanto, alguém desejar instruir ou ensinar outro, ele pode muito bem fazê-lo, uma mão lavando a outra, ou por companheirismo, ou para assim servir ao seu mestre.
LIV. Em primeiro lugar, cada aprendiz quando tiver servido o seu tempo, e for declarado livre, prometerá à ordem, pela verdade e sua honra, ao invés de juramento, sob pena de perder o seu direito à prática da maçonaria, que ele não divulgará ou comunicará o aperto de mão e a saudação de pedreiro a ninguém, exceto àquele a quem ele pode justamente comunicá-las, e também que ele não escreverá coisa alguma sobre isso” [iii].
As regras de Straßburg estipulavam que a entrada na Fraternidade era por livre vontade e indicava claramente os três graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre na fraternidade maçônica alemã. Elas exigiram que se fizesse um juramento e que os pedreiros se reunissem em grupos chamados ‘Kappitel’ (Capítulo). As regras instruíam os maçons não ensinar Maçonaria a não-maçons.
Está claro que as lojas ou grandes lojas maçônicas alemãs existiam antes da formação da Grande Loja de Inglaterra em 1717. Assim como o uso de apertos de mão secretos, o uso do termo “livre” e sua aceitação de não-operativos. O uso de alegoria e simbolismo em camadas, que torna exclusivo o sistema maçônico fraternal, também era evidente nas lojas alemãs da época, conforme mostrado nas esculturas de pedra e estilos arquitetônicos das igrejas e mosteiros que eles construíram.
O 99º of Freemasonry apóia a teoria de que a semente da Maçonaria moderna, não estava ligada aos Cavaleiros Templários ou à maçonaria inglesa, mas originou-se com as instituições maçônicas da Alemanha, que por sua vez, tinham recebido os seus conhecimentos maçônicos de organizações maçônica mais antigas. Esta afirmação é suportada através de sete pontos principais de prova.
Que o Manuscrito Régio, o mais antigo texto maçônico (reconhecido) sobrevivente na Grã-Bretanha, faz referência aos quatro mártires coroados, que estão inequivocamente relacionados com a lenda dos maçons sob o Sacro Império Romano de Nação Germânica, uma tradição maçônica que teve origem na Alemanha e não na Grã-Bretanha.
A existência e o mais antigo uso registrado do esquadro e compasso ( sinal fraternal da Maçonaria) nas Armas dos Corpos Maçônicos Alemães.
A existência de instituições maçônicas altamente organizadas (Steinmetzen) na Alemanha no século 13, tais como a Grande Loja (Oberhütte) de Straßburg e Köln, e diversas lojas maçônicas subordinadas, que não só trabalhavam em pedra, mas também incluíam ensinamentos alegóricos maçônicos dentro de suas guildas.
A eleição de um Grão-Mestre dos Maçons no século 13 e a criação de graus de aprendizes, companheiros e mestres pedreiros na Alemanha no século 12 e anteriormente.
O estabelecimento de Estatutos e Regras impressos da Ordem Maçônica na Alemanha antes da criação de estatutos maçônicos escritos na Grã-Bretanha.
A inclusão de membros não-operativos (ou especulativos), tais como o Rei Rodolfo I em lojas maçônicas na Alemanha no século 13.
A primeira exigência em grande escala registrada de que lojas maçônicas utilizassem um método secreto de saudação e de ‘aperto de mão’.
O 99º of Freemasonry também analisa o uso do compasso e esquadro como símbolos alegóricos morais de maçonaria em obras de arte dentro da cultura alemã do período, mais uma prova da filosofia maçônica dentro da cultura alemã e da Europa continental neste período.
Embora muitos maçons tenham sido condicionados a aceitar que as origens da Maçonaria partem da Inglaterra ou da Escócia, pois as grandes organizações maçônicas modernas atuais estão profundamente interligadas dentro desta área geográfica, o 99º of Freemasonry lança nova luz sobre a história maçônica, e insta, se não inspira os leitores a olhar para o continente europeu como a grande semente da Maçonaria.
[I] Rebold, Emmanuel & Fletcher, Brennan J (Ed), História Geral da Maçonaria na Europa – com base em documentos antigos relativos a, e monumentos erguidos por esta fraternidade, desde a sua fundação no ano 715 aC até o presente momento, Cincinnati, publicado pela Geo. B Fessenden 1867, reimpressão por Kessinger Publishing EUA.
[Ii] Naudon, Paul, A História Secreta da Maçonaria – Suas Origens e Conexões com os Cavaleiros Templários. EUA. Traduzido por Jon Graham. Inner Traditions, Rochester, Vermont, Copyright 1991 de Editions Dervey, Tradução para Inglês- copyright 2005 por Inner Traditions International. Originalmente publicado em francês sob o título “Les origins de la Franc-Maçonnerie, Le sacre le métier, Paris. ISBN 1-59477-028-X, pag 6. pag 174.
[Iii] Gould, Robert Freke, A História da Maçonaria, suas antiguidades, símbolos,Constituições, Costumes, etc. Volume 1 T.C. & E. C. Jack, Grange Publishing Works, Edinburgh, pag. 122.
Tradução José Antonio de Souza Filardo M .´. I .´.
O primeiro congresso maçônico ocorreu na cidade de Straßburg, na Alemanha no ano de 1275. Ela foi fundada pelo Grão Mestre Erwin von Steinbach. Este também foi o primeiro uso registrado do símbolo dos maçons, o compasso e o esquadro. Embora Straßburg fosse considerada a primeira Grande Loja de seu tempo, outras Grandes Lojas maçônicas já haviam sido fundadas em Viena, Berna e a acima mencionada de Colônia; estas foram chamadas Oberhütten ou grandes lojas. Diversos congressos maçônicos foram realizados na cidade de Straßburg, incluindo os anos 1498 e 1563. Nesta época, as primeiras Armas de Maçons registradas na Alemanha foram registradas representando quatro compassos posicionados em torno de um símbolo do sol pagão, e dispostos em forma de suástica ou roda solar ariana. As Armas Maçônicas da Alemanha também exibiam o nome de São João Evangelista, santo padroeiro dos maçons alemães.
A Oberhütte (Grande Loja) de Colônia, e seu grão-mestre, era considerada a cabeça das lojas maçônicas de toda a Alemanha do norte. O grão-mestre da Straßburg, na época uma cidade alemã, era chefe de Lojas Maçônicas de todo sul da Alemanha, Francônia, Baviera, Hesse e as principais áreas da França.
As Grandes Lojas de Maçons na Alemanha recebiam o apoio da Igreja e da Monarquia. O Imperador Maximiliano revisou o congresso maçônico de 1275 em Straßburg e proclamou a sua proteção ao ofício. Entre 1276 e 1281, Rudolf I de Habsburgo, um rei alemão, tornou-se membro da Bauhütte ou Loja de St. Stephan. O Rei Rudolf foi um dos primeiros não-operativos, também chamados membros livres ou especulativos de uma loja maçônica.
Os estatutos dos maçons na Europa foram revisados em 1459 pela Assembléia de Ratisbonne (Regensburg), a sede da Dieta Alemã, cuja revisão preliminar tinha ocorrido em Straßburg sete anos antes [ii]. As revisões descreviam a exigência de testar irmãos estrangeiros antes de sua aceitação nas lojas através de um método de saudação estabelecido (aparentemente internacional ou europeu).
A primeira assembléia geral de maçons na Europa ocorreu no ano de 1535, na cidade de Colônia, na Alemanha. Ali, o bispo de Colônia, Hermann V, reuniu 19 lojas maçônicas para estabelecer a Carta de Colônia, escrita em latim. As primeiras grandes lojas dos maçons estiveram presentes, o que era costume na época, e incluíam a Grande Loja de Colônia, Straßburg, Viena, Zurique e Magdeburg. A Grande Loja Mãe de Colônia, com o seu grande mestre era considerada a principal Grande Loja da Europa.
Após a invenção da imprensa, os maçons (Steinmetzen) da Alemanha, reuniram-se em Ratisbona em 1464 e imprimiram as primeiras Regras e Estatutos da Fraternidade de Cortadores de Pedra de Straßburg (Ordnung der Steinmetzen). Estes regulamentos foram aprovados e sancionados pelos Imperadores sucessivos, tais como Carlos V e Ferdinando.
O monge alemão Martinho Lutero e seu protesto contra as injustiças e hipocrisias da Igreja Católica em 1517 deram origem ao protestantismo. Isto liberalizou algumas das lojas maçônicas da época. A Catedral de Straßburg tornou-se Luterana em 1525 e muitas outras a seguiram.
Em 1563, os Decretos e Artigos da Fraternidade de Canteiros foram renovados na Loja Mãe em Straßburg no dia de S. Miguel. Estes regulamentos demonstram três elos importantes com a Maçonaria moderna. Em primeiro lugar, os aprendizes eram chamados de “livres” na conclusão do serviço a seu Mestre, o que sem dúvida é a origem da palavra Freemason ou “franco-maçom”. Em segundo lugar, a natureza fraternal da loja era retratada em uma série de regulamentações, tais como o atendimento aos doentes, ou a prática de ensinar um irmão sem cobrar, nos termos do artigo 14. Em terceiro lugar, os maçons utilizavam um aperto de mão secreto como meio de identificação.
Dois artigos do regulamento indicando estes pontos são:
“Nenhum Mestre ensinará um companheiro por dinheiro.
XIV. E nenhum artesão ou mestre aceitará dinheiro de um colega para mostrar ou ensinar-lhe qualquer coisa relacionada com maçonaria. Da mesma forma, nenhum vigilante ou companheiro mostrará ou instruirá qualquer um por dinheiro a talhar, conforme dito acima. Se, no entanto, alguém desejar instruir ou ensinar outro, ele pode muito bem fazê-lo, uma mão lavando a outra, ou por companheirismo, ou para assim servir ao seu mestre.
LIV. Em primeiro lugar, cada aprendiz quando tiver servido o seu tempo, e for declarado livre, prometerá à ordem, pela verdade e sua honra, ao invés de juramento, sob pena de perder o seu direito à prática da maçonaria, que ele não divulgará ou comunicará o aperto de mão e a saudação de pedreiro a ninguém, exceto àquele a quem ele pode justamente comunicá-las, e também que ele não escreverá coisa alguma sobre isso” [iii].
As regras de Straßburg estipulavam que a entrada na Fraternidade era por livre vontade e indicava claramente os três graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre na fraternidade maçônica alemã. Elas exigiram que se fizesse um juramento e que os pedreiros se reunissem em grupos chamados ‘Kappitel’ (Capítulo). As regras instruíam os maçons não ensinar Maçonaria a não-maçons.
Está claro que as lojas ou grandes lojas maçônicas alemãs existiam antes da formação da Grande Loja de Inglaterra em 1717. Assim como o uso de apertos de mão secretos, o uso do termo “livre” e sua aceitação de não-operativos. O uso de alegoria e simbolismo em camadas, que torna exclusivo o sistema maçônico fraternal, também era evidente nas lojas alemãs da época, conforme mostrado nas esculturas de pedra e estilos arquitetônicos das igrejas e mosteiros que eles construíram.
O 99º of Freemasonry apóia a teoria de que a semente da Maçonaria moderna, não estava ligada aos Cavaleiros Templários ou à maçonaria inglesa, mas originou-se com as instituições maçônicas da Alemanha, que por sua vez, tinham recebido os seus conhecimentos maçônicos de organizações maçônica mais antigas. Esta afirmação é suportada através de sete pontos principais de prova.
Que o Manuscrito Régio, o mais antigo texto maçônico (reconhecido) sobrevivente na Grã-Bretanha, faz referência aos quatro mártires coroados, que estão inequivocamente relacionados com a lenda dos maçons sob o Sacro Império Romano de Nação Germânica, uma tradição maçônica que teve origem na Alemanha e não na Grã-Bretanha.
A existência e o mais antigo uso registrado do esquadro e compasso ( sinal fraternal da Maçonaria) nas Armas dos Corpos Maçônicos Alemães.
A existência de instituições maçônicas altamente organizadas (Steinmetzen) na Alemanha no século 13, tais como a Grande Loja (Oberhütte) de Straßburg e Köln, e diversas lojas maçônicas subordinadas, que não só trabalhavam em pedra, mas também incluíam ensinamentos alegóricos maçônicos dentro de suas guildas.
A eleição de um Grão-Mestre dos Maçons no século 13 e a criação de graus de aprendizes, companheiros e mestres pedreiros na Alemanha no século 12 e anteriormente.
O estabelecimento de Estatutos e Regras impressos da Ordem Maçônica na Alemanha antes da criação de estatutos maçônicos escritos na Grã-Bretanha.
A inclusão de membros não-operativos (ou especulativos), tais como o Rei Rodolfo I em lojas maçônicas na Alemanha no século 13.
A primeira exigência em grande escala registrada de que lojas maçônicas utilizassem um método secreto de saudação e de ‘aperto de mão’.
O 99º of Freemasonry também analisa o uso do compasso e esquadro como símbolos alegóricos morais de maçonaria em obras de arte dentro da cultura alemã do período, mais uma prova da filosofia maçônica dentro da cultura alemã e da Europa continental neste período.
Embora muitos maçons tenham sido condicionados a aceitar que as origens da Maçonaria partem da Inglaterra ou da Escócia, pois as grandes organizações maçônicas modernas atuais estão profundamente interligadas dentro desta área geográfica, o 99º of Freemasonry lança nova luz sobre a história maçônica, e insta, se não inspira os leitores a olhar para o continente europeu como a grande semente da Maçonaria.
[I] Rebold, Emmanuel & Fletcher, Brennan J (Ed), História Geral da Maçonaria na Europa – com base em documentos antigos relativos a, e monumentos erguidos por esta fraternidade, desde a sua fundação no ano 715 aC até o presente momento, Cincinnati, publicado pela Geo. B Fessenden 1867, reimpressão por Kessinger Publishing EUA.
[Ii] Naudon, Paul, A História Secreta da Maçonaria – Suas Origens e Conexões com os Cavaleiros Templários. EUA. Traduzido por Jon Graham. Inner Traditions, Rochester, Vermont, Copyright 1991 de Editions Dervey, Tradução para Inglês- copyright 2005 por Inner Traditions International. Originalmente publicado em francês sob o título “Les origins de la Franc-Maçonnerie, Le sacre le métier, Paris. ISBN 1-59477-028-X, pag 6. pag 174.
[Iii] Gould, Robert Freke, A História da Maçonaria, suas antiguidades, símbolos,Constituições, Costumes, etc. Volume 1 T.C. & E. C. Jack, Grange Publishing Works, Edinburgh, pag. 122.
Tradução José Antonio de Souza Filardo M .´. I .´.
Quadro Histórico da Maçonaria no Rio de Janeiro – 1822
(Documento do arquivo, presenteado pelo Ir.´. Kurt Proeber em forma de xerox do original – mantida a graphia da epocha)
(Extraido dos Annaes Maçonicos Fluminenses, Publicados em 1832)
* 1.ª Epoca *
Começou com o presente seculo a Maçonaria n’esta parte do novo mundo e posto que alguns maçons anteriormente houvessem, iniciados em paizes estrangeiros, contudo, elles viviam dispersos e não ousavam formar Loja, porque as suspeitosas autoridades os não poupariam a desgostos n’esse tempo, nem o fanatismo do povo deixaria de execral-os si rastreasse os seus trabalhos. Mas a civilisação foi aplainando todas estas difficuldades, até que no anno de 1800 cinco maçons d’esses dispersos formaram uma loja e começaram, com inviolável segredo a iniciar pessoas que gozavam de credito, instruidas e bem morigeradas. Esta primeira loja, que se chamou União, avultou logo em adeptos e como n’ella se encorporassem outros maçons que já então principiavam a trabalhar, em memoria de concordarem todos em fazer um só corpo para melhor se coadjuvarem, chamou-se desde logo Reunião.
Já os maçons fluminenses trabalhavam com alguma regularidade no antigo rito dos doze graos quando, feita a paz de Amiens, entrou n’este porto a corveta de guerra franceza Hydre com destino a ilha de Bourbon e porque Mr. Laurent e mais alguns officiaes eram maçons, pediram visitar a Loja e, cheios de admiração á vista do zêlo com que debaixo de tantos perigos se trabalhava, dera’n attestados do seu reconhecimento e acceitaram contentes a prancha que se lhes offereceu para filiarem á Loja /Reunião/ no circulo do Oriente da /Ilha de França/, o que se effectuou, recebendo-se d’ali, por intervenção do mesmo Mr. Laurent, a carta de Reconhecimento e Filiação, os Estatutos e Reguladores que se costumam dar em taes casos.
Poucos mezes depois, em 1804, appareceu vindo de Lisbôa um Delegado do Grande Oriente Luzitano com a Constituição e Regulamentos ali organisados, querendo, quasi por força, que a elles se submettesse a Loja /Reunião/.
Este procedimento um pouco aspero, unido á consideração de que a Constituição e Regulamentos, por muitos ponderosos motivos não convinham a maçons brazileiros, fez que se tomasse a resolução de enviar a Lisboa um dos irmãos da Loja para representar contra a imprudencia de tal Codigo e alcançar as modificações que se julgavam indispensaveis.
Entretanto, o Delegado do Grande Oriente Luzitano, sem estar por este accôrdo, cortou de todo a communicação com os maçons fluminenses; fundou logo duas Lojas ¾ /Constança /e /Philantropia ¾ /e lançou d’esta arte um pomo de discordia na familia maçonica, que muito desgostou aos membros, por todos os titulos respeitaveis, da Loja Brazileira /Reunião/.
Partiu o emissário para Lisboa em Maio de 1804 e tocando á Bahia em sua viagem, ahi teve o prazer de achar os maçons d’aquella cidade nos mesmos sentimentos que os do Rio. E porque soubessem qual era a sua missão, prometteram esperar o resultado d’ella para se decidirem, nunca abraçando o Codigo Maçonico Luzitano tal qual se lhes apresentava, porque tambem o consideravam enfermo dos mesmos principios por onde se regia a Metropole para com o Brazil, ainda sua colonia.
O Emissario nada pôde conseguir em Lisboa, porque a Grande Loja Luzitana parecia persuadir-se de ter já maçonicamente colonisado o Rio de Janeiro pela imprudente installação das duas Lojas em que só tinham vigor a sua Constituição e Regulamentos. Em Junho de 1805 o emissario deu contas em loja, do que se passara com o Grande Oriente Luzitano e foi em consequencia d’isso determinado que se celebrasse a festa maçonica de S. João e desde esse dia se suspendessem os trabalhos da Loja /Reunião/ até que melhor ensejo se offerecesse. Esta prudente determinação serviu também de acautelar alguns desaguisados que já iam tendo logar apezar mesmo de uma tal ou qual concordata, que as circumstancias do tempo obrigaram a fazer. Suspenderam-se os trabalhos da Loja Fluminense /Reunião/, mas tambem não puderam por muito tempo conservar-se as Lojas /Constança/ e/ Philantropia/, porque, entrando no vice-reinado o Conde de Arcos, inimigo jurado da Maçonaria, e com recommendações da Côrte para a perseguir, dissolveram-se os dous quadros e não houve por então mais trabalhos maçonicos.
* 2.ª Epoca *
No tempo que decorreu de 1810 até 1821 algumas Lojas existiram, mas tão ephemeras, que não merecem ser commemoradas.
Perseguidas pela policia, os seus membros mudando de logar a cada sessão e fazendo pesados sacrificios para trabalharem algumas vezes fóra do perigo de ser lobrigados pelos espiões do Governo, aborreciam-se de tantas fadigas, abafavam em quasi esquecimento o seu zelo e recolhiam-se ás suas casas para gosarem de algum repouso. D’estas Lojas a que por mais tempo persistiu, e de cujos trabalhos o Governo sabia por espiões que nas suas mesmas columnas se assentavam, foi a que se intitulava /S. João de Bragança/, onde gente grada, mas quasi toda da Côrte, se filiara. Este mesmo quadro, assim espiado e como que tolerado pelo Governo, não pôde por muito tempo escapar ao assombrado genio do Ministro de Estado Villa-Nova e foi bastante motivo para dissolver-se a barbara perseguição que em Lisboa fizera o Marquez de Campo Maior aos maçons lusitanos, da qual foi desgraçada victima, além de outros, o benemerito Gomes Freire. É notavel que os membros mais conspicuos da Loja /S. João de Bragança/ se não contentassem de ceder ás bravatas de Villa Nova, despersando-se com seus irmão n’esta época em que o primeiro movimento de Pernambuco em favor da Liberdade Brazileira deu argumentos a Villa Nova para persuadir ao Rei D. João VI que esmagasse os maçons como instrumentos de revoluções, sem se lembrar que elle mesmo Villa Nova as promovia querendo por meio da força comprimir o espirito dos Brazileiros já embebidos nos principios da Monarchia Constitucional representativa, que se tornara uma necessidade como depois se viu. Esses membros de /S. João de Bragança/ correram mui promptos ao Rei e a Villa Nova, em cuja presença humildes e como arrependidos abjuraram erros que não existiam e fizeram entrega de insignias e talvez papeis. Que não fizera este ministro fanatico de um Rei fraco contra o resto dos maçons, si n’esses papeis encontrasse provas de sua injusta suspeita! Tanto é verdade que os prejuizos cedem alguma vez á razão, mas sem por isso deixar a marcha de suas visões arbitrarias! Depois d’esta época e tomando já a Liberdade um vôo mais amplo, Mendes Vianna, organisou a Loja /Commercio e Artes/, fazendo entrar na sua fundação muitos membros da /Reunião/ que ainda se achavam dispersos e saudosos da fraternal amisade que sempre reinara n’este primeiro quadro.
Sem nunca se terem filiado n’essas Lojas que desappareciam apenas se installavam, prestaram-se contentes ao convite patriotico d’esse benemerito restaurador da Maçonaria Fluminense.
A idéa da Independecia do Brazil agitava já fortemente os espiritos; irritados os Brazileiros pelos imprudentes procedimentos do Congresso de Lisboa para com esta consideravel parte da Monarchia que aquelle Congresso Constituinte parecia desprezar ou maltratar, a cada disposição legislativa que envolvia desprezo ou sombra d’elle para com o Brazil, os corações de seus filhos pulavam indignados e anciavam por desfazer-se em acclamações de Independencia. Este fructo da nossa liberdade e civilisação já estava maduro, mas ninguem ousava colhel-o, porque a força das armas e leis de sangue cahiriam sobre os que isoladamente lhe lançassem mão. A Loja /Commercio e Artes/ estava florente e contava no seu gremio homens de saber, de bons costumes e de encendrado patriotismo. Houve então quem se lembrasse n’ella que devera a Maçonaria concorrer a dar uma regular direcção aos espiritos na causa da Independência que, apezar de ser opinião geral, podia ainda assim não ter os resultados felizes que teve, se lhe faltasse uma prudente direcção; o negocio não era facil com a presença da tropa lusitana e commandada por officiaes fanaticamente afferrados á politica da Metropole. Foi então que dous membros da antiga Loja /Reunião/, e dos seus fundadores, emprehenderam com seus escriptos illuminar os povos; o /Reverbero Constitucional Fluminense/ appareceu no dia 15 de Setembro de 1821 e sabe todo o Brazil os serviços que este periodico prestou á causa da Independencia e da Monarchia Constitucional Representativa que com enthusiasmo se jurara.
Como já fosse crescido o numero dos membros da Loja /Commercio e Artes/e todos os dias n’ella se filiassem os que ainda dispersos prezavam as virtudes maçonicas, fez-se uma Assembléia Geral e por votação se nomearam os membros que deviam formar a Grande Loja do Oriente do Brazil, e foi então elevado ao cargo de Grão Mestre o então Ministro de Estado José Bonifácio de Andrada. Quando se fez este acto, já o Governo sabia e de algum modo protegia os trabalhos maçonicos e já a commissão da Loja encarregada de organisar a Constituição Maçonica tinha apresentado á approvação geral grande parte dos seus trabalhos pelos quaes se foram regulando os actos subsequentes a esta primeira nomeação e installação do Grande Oriente do Brazil. Seguiu-se logo o dia de S.João d’esse anno de 1822 e em solemne reunião sortearam-se os maçons que deviam povoar mais dous quadros em que se dividiu a Loja /Commercio e Artes/, tomando esta o n. 1 em razão de sua antiguidade; formou-se o n.2 que se intitulou /União e Tranquilidade/ e o n. 3 que foi chamado /Esperança de Nitheroy/.
É publico o impulso que os maçons fluminenses então deram á causa e triumpho da Independencia do Brazil, mas cumpre saber-se como a má fé começou a solapar as bases de sua existencia, aproveitando até certo ponto os seus serviços e reservando para melhor occasião o descarregar sobre elles os terriveis golpes da mais execravel perfidia Os membros mais influentes do Governo e que tambem occupavam os primeiros cargos da Maçonaria, para os quaes não havia segredo algum, foram como viboras aquecidos nos seios de seus amigos, que bem depressa ferraram venenososos dentes nas suas entranhas. A ingratidão disfarçada, desde que o Principe Regente se iniciou maçon na Loja /Commercio e Arte/ e foi pouco tempo depois investido do cargo de Grão Mestre, facto este que sobremaneira irritou o primeiro nomeado e que chamou a mais obstinada perseguição sobre o irmão que em bôa fé e com vistas na maior prosperidade da Maçonaria e da Pátria, o propuzera; e tanto foi elle punido por esse erro (que se não perdôa a si mesmo) que pouco depois acclamando em Loja a esse ingrato Principe Imperador do Brazil, foi d’ahi a 60 dias, por sua mesma ordem, preso na estrada de Minas, onde fôra acclamal-o, expatriado e mettido em processo como republicano.
Parece que o Principe assim obsequiado quiz dar uma satisfação ao ministro apeado do Grão Mestrado, mas não cedendo deste cargo e sim descarregando a mais injusta perseguição sobre aquelle irmão que em muito bôa fé se lembrava de o acclamar.
Os factos, que se foram rapidamente succedendo, provam indubitavelmente que apenas as pessoas mais influentes do Governo conheceram que os intrepidos promotores da Independencia Brazileira no Rio de Janeiro assentavam esta grande obra na liberdade constitucional já plantada em quasi todos os corações, logo se conjuraram (talvez em virtude de convenções secretas que então se não podia rastrear) para se desfazerem dos maçons mais patrioticos e liberaes, quando já não fossem necessarios aos seus fins. O que se viu depois faz crer que os perseguidores da Maçonaria estavam loucamente persuadidos de que ao Brazil só bastava o Throno Imperial e que a Independecia desappareceria no momento em que os absolutistas de Portugal destruissem a Representação Nacional e a Constituição que já muito adiantada se achava; pelo menos, nenhum outro motivo explica o indigno procedimento que se teve para com os maçons, cuja liberalidade e brasileirismo não se podem occultar. O Governo fingia approvar as doutrinas constitucionaes que se emittiam aos povos pelo /Reverbero/; e entretanto os seus primeiros membros animavam e até redigiam o /Regulador/, que se publicou para contrastal-as e que por meio de portarias se recommendou ás autoridades das provincias, como fôra revellado na Assembléia Constituinte.
O Governo estava ao facto dos bons serviços dos maçons e aprovava tudo quanto se fazia em prol da Independencia e da acclamação do Imperador; e entretanto os seus principaes membros creavam uma nova Ordem, que chamaram /Apostolado/, e para a qual recrutavam d’entre os maçons os que julgavam mais aptos aos seus fins particulares, e tambem aquellas pessoas que pareciam não muito firmes nos principios constitucionaes.
A noticia d’esta nova creação deu rebate nas Lojas Maçonicas e fez nascer suspeitas que depois se realisaram.
Em vão representaram ellas que duas sociedades com diferentes Estatutos e Ritos produziriam quando menos, um ciume que embaraçaria a causa em que todos se deviam empenhar bem unidos; os autores do /Apostolado/, disfarçando sempre os seus negros planos e continuando a abraçar em amisade fraternal os que já estavam marcados para a mais revoltante perseguição, respondiam ás observações, que se lhes faziam que como os fins de uma e outra sociedade eram bons e os mesmos, nenhum motivo havia para desconfianças offensivas da bôa fé. Os maçons empenhavam-se em promover a acclamação do Imperador, não se forrando a fadigas e a grandes despezas, enviando de seu seio pessoas de creditos ás principaes provincias para que a acclamação em todas ellas se fizesse no dia 12 de Outubro, como em effeito se fez; e note-se que todas essas pessoas partiram autorisadas e mesmo recommendadas pelo Governo; entretanto, ainda bem não eram acabados os applausos d’esse acto, em que a Maçonaria teve tão grande parte, e já a intriga rompia o manto da dissimulação em que se envolvia no Cenaculo dos Apostolos da perfidia.
Os chefes do /Apostolado/ viram chegado o momento de rasgar a mascara, aterraram o povo embuindo-o com inventadas descobertas de negras e horrorosas conspirações contra a forma de Governo e contra a pessoa do Imperador, ha poucos dias acclamado por esses mesmos que agora (30 de Outubro) se apontavam como traidores. Fizeram mais: compraram e puzeram em campo gente desprezivel, a quem chamaram povo, para pediram, voz em grita, as cabeças dos que mais haviam servido a esses tigres refalsados e para requererem com assignaturas, colhidas em tabernas e cocheiras, a deportação e aspero castigo d’aquelles cujos nomes lhes eram dados pelos Apostolos. Fizeram mais: mandaram ás provincias prender como réos de alta traição os maçons enviados, como já se disse, algun dos quaes regressava contente do bom desempenho de sua missão, e que apezar d’isso foi alojado na fortaleza de Santa Cruz e d’ali embarcado dentro de poucos dias e com outros que já lá se achavam, e expulso para o Havre, sem processo, sem subsidio e quasi que sem tempo para o arranjarem por seus parentes e amigos. Fizeram mais: mandaram abrir devassa sobre o supposto crime de conspiração, que só se dava na perfidia de tão indignos irmãos. N’essa devassa em que apparecem as maiores monstruosidades forenses e em que a cada pagina respira o odio sanguinario dos que n’ella influiram, foram pronunciados muitos d’aquelles maçons que mais zelo mostraram pela Independencia do Brasil e acclamação do Imperador /Constitucional/, como bem se provou na defeza que apresentaram e que corre impressa igualmente com os mais notaveis depoimentos dos seus encarniçados inimigos e com as sentenças em que foram declarados, não criminosos e sim benemeritos da Patria.
No dia 29 de Outubro de 1822, dia de eterna vergonha para o Governo do Brazil d’aquella epoca, fecharam-se as Lojas e interromperam-se os trabalhos maçonicos pelos motivos apontados e sendo já reconhecido o Grande Oriente do Brazil pelos de França, Inglaterra e Estados Unidos, cujos Diplomas depois se receberam.
* 3.ª Epoca *
Quando o Imperador em fins do anno de 1823 se viu abalado em seu throno pela impolitica dissolução da Assembléa Constituinte e, quasi violentado, offereceu aos povos o projecto de Constituição que ainda d’essa vez atemperou a irritação das provincias desconfiadas por tão indigno procedimento, lembrou-se então que, se a Maçonaria se empenhasse por elle, como d’antes, o poderia segurar, recommendando aos povos o projecto de Constituição como iris de paz e penhor do seu liberalismo.
Alguns Maçons foram para esse fim chamados á Quinta da Bôa Vista (onde o Imperador armára uma loja em que trabalhava com os mais predilectos do seu gabinete) e sendo-lhes feita a proposta de persuadirem aos povos a prompta acceitação do projecto offerecido e isto com muitos protestos de amor a confraternidade Maçonica: apezar de já não estarem nem no governo, nem no Brazil, os principaes comperseguidores de seus irmãos, todavia, esses maçons convocados então tiveram bastante coragem para se negarem a uma commissão em que se não devia perceber mais do que um novo laço armado á sua bôa fé. A perseguição foi grande, e era recente, para não servir de lição importante aos que podiam ser ainda maltratados em recompensa de taes serviços.
No período decorrido desde este anno até o de 1831 pouco se trabalhou em lojas fóra do circulo do Grande Oriente Brasileiro, cujos trabalhos se achavam interrompidos. Alguns quadros se formaram, é verdade, nacionaes e estrangeiros, mas não prosperaram, tanto por lhes faltar o impulso de um centro maçonico, como porque eram sempre receiosos da perseguição de quem aborrecia a luz e a verdade, e que mais assanhado pela justa repulsa dos maçons, quando de novo os quizera interessar em seu particular serviço, de um para outro momento cahiria sobre elles com os mesmo horrores de 1822.
Aproximava-se enfim o dia da Regeneração Brazileira, e alguns maçons, aproveitando-se das disposições legislativas do Código Criminal, já mais doces a respeito de todas as sociedades, juntaram-se e converteram-se em um Grande Oriente, cuidando que o antigo de todo se extinguira, como si fosse possivel apagar-se o fogo maçonico nos corações bem formados em que uma vez se accendêra! Os membros do primeiro reconhecido Grande Oriente Brasileiro, vendo que os negocios da Patria, depois de 7 de abril, haviam tomado uma direcção mais liberal e por isso mesmo mais propicia aos trabalhos maçonicos, reuniram-se novamente (no mesmo mez e no mesmo dia 29 de Outubro, em que cheios de afflicções fecharam as portas do seu templo) e, transportados de jubilo, as abriram agora re-installando-se os tres primeiros quadros, dos quaes muitos membros e os principaes operarios ainda existiam, e compareceram ao primeiro aviso. Para que nada faltasse à legalidade desde acto juntaram-se em Grande Loja os primeiros officiaes da que fôra installada em 1822, e com elles o primeiro Grão Mestre nomeado, com determinação de servirem só até fazerem-se as novas eleições, concluida que fosse a Constituição do Grande Oriente Brazileiro; e no emtanto ficou regendo a de França, por consentimento do povo maçonico, na parte que podia ser applicada ao Brazil.
Um dos primeiros cuidados do reinstallado Grande Oriente Brazileiro foi logo publicar um manifesto aos maçons do Brasil e aos de todos os Orientes Estrangeiros, annunciando-lhes a renovação dos seus interrompidos trabalhos. Tambem convidou fraternalmente os membros do moderno Grande Oriente que no intervallo se havia installado (1829) a que se reunissem em um só circulo maçonico, para maior prosperidade da Ordem e perfeita harmonia entre todos os maçons brazileiros. É triste declarar que este convite foi rejeitado, prevalecendo sem dúvida um injusto capricho ao bem geral da Maçonaria. Mas ainda assim mesmo os maçons de um e outro Oriente têm sido assaz honrados para se conservarem divididos, sim, em differentes lojas, mas unidos em bom espirito e até fraternisando-se em suas visitas de uns e outros quadros.
Desde o acto de reinstallação do Grande Oriente Brazileiro os trabalhos maçonicos tomaram um impulso extraordinario. Muitas lojas d’aqui e das provincias se têm reunido debaixo dos seus auspicios. Muitos maçons dispersos têm vindo povoar as columnas de seus primeiros quadros, e muitos profanos se têm iniciado.
A regularidade nos trabalhos, a magnificencia das ceremonias, tanto festivas, como funebres, têm chegado a um ponto de perfeição que nunca aqui tiveram.
Sem se faltar á beneficencia para com os irmãos pobres, alguns dos quaes vivem com suas familias sustentados pelos maçons de seus respectivos quadros; além de subsidios feitos a estabelecimentos de caridade e de instrucção á mocidade indigente, um fundo se vae accumulando na caixa economica, conforme o que cada um dos quadros em cada mez póde forrar das suas mais urgentes despezas.
Um rico e magestoso templo, em que hoje trabalham as cinco lojas do circulo, estabelecidas na cidade, foi inaugurado com rito proprio maçonico e já uma Constituição se organisou e discutiu, que foi jurada no anniversario da reinstallação do Grande Oriente (29 de Outubro de 1832) e que tambem era o da suspensão de seus trabalhos, como fica dito.
Já no Perü chegou a noticia dos progressos da Maçonaria Brazileira.
Um plenipotenciario do Grande Oriente do Brasil alli estabelecido apresentou-se solemnemente pedindo o nosso reconhecimento e offerecendo o seu; a esta mensagem recebida com o /interesse proprio de maçons/, que amam diffundir a luz das virtudes por todo o mundo, deu principio a uma correspondencia que é gloriosa á Maçonaria em geral.
Falta ainda, e é preciso dizel-o, para complemento de tão excellente obra, que os dous Orientes que ora trabalham, cada umsobre si, fazendo um sacrificio de seus caprichos sobre o Altar da Maçonaria, se fundam em um só corpo responsavel e forte por suas luzes e virtudes.
Este pensamento não foi esquecido antes de se concluir a Constituição Maçonica que se jurára, porque de novo se tentou o congraçamento dos Orientes separados, offerecendo-se-artigos que não deveriam ser desprezados; mas nem assim a cadeia maçonica foi soldada, como se póde ver de uma franca exposição que corre impressa.
Si taes divisões são sempre prejudiciaes a uma Ordem cuja essencia é união e confraternidade, ellas se tornam tambem escandalosas em tempos em que a politica parece dividir os espiritos.
Si as virtudes que a Maçonaria recommenda como qualidades necessarias aos que se appellidam irmãos, filhos da luz e zeladores da verdade, são aptas para adoçar as paixões, acostumar ao trabalho e molhorar os costumes, ellas muito melhor se praticam reunindo-se as diversas lojas em uma só grande Familia e reguladas por uma só Constituição.
Si é em tempos de partidos perigosa qualquer divisão na sociedade, porque a intriga d’ella se aproveita para seus fins, tambem é n’esse tempo que mais se devem ligar os maçons para bem desempenharem os deveres de bom cidadão, velando em honra da Patria e confundindo os seus inimigos por um procedimento digno dos que têm ilustrado esta tão antiga quanto respeitavel Instituição.
Os maçons não se occupam de politica, é verdade, e bem punidos foram os de 1822 por se terem esquecido d’essa maxima observada em todos os seculos da Maçonaria, mas, como se não possa separar o caracter de bom maçon do de verdadeiro patriota, é preciso, para que se evite qualquer dezar a estes estabelecimentos de beneficencia e philantropia, que todos se liguem, se instruam e se auxiliaem até para que a intriga dos profanos se não introduza em seus quadros, abusando da boa concordia dos irmãos e comprometendo as santas inteções dos que só trabalham em prol da Humanidade e em glória do Supremo Architecto do Universo.
Não mencionamos n’este abreviado quadro histórico da Maçonaria a separação que fez do Grande Oriente a Loja /Segredo/, da qual já duas tambem se originaram (/Imparcialidade /e /Caridade/) para se reunirem ao verdadeiro centro porque é de esperar que cahindo na razão os principaes autores d’esse pequeno schisma procurem ainda concorrer ao bem geral da Ordem Maçonica, fechando os olhos a mal fundados caprichos em que só respira particular interesse.
O mesmo, com pouca differença, se pôde dizer a Loja /Educação e Moral/, do rito escossez.
Os motivos que dirigiram o seu fundador deviam irritar aos que lobrigaram por entre as boas intenções com que disfarçára uma desforra de queixa particular.
Mas as desavenças de irmãos acabam em abraços de reconciliação e talvez não esteja longe o dia em que todos os maçons brazileiros se liguem em uma só cadeia indisssoluvel, sem que alguns dos seus élos enfraqueça no exercicio d’aquellas virtudes que a Patria e a Maçonaria reclamam em beneficio da Humanidade.” ____________
* Lista dos Maçons deportados, processados e perseguidos no anno de 1822, sendo Ministro de Estado José Bonifácio de Andrada:
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/Luiz Pereira da Nobrega //¾ /Brigadeiro, Ministro da Guerra. Demitido logo depois da Acclamação, foi preso com grande apparato, recolhido á Santa Cruz e deportado para o Havre.
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/José Clemente Pereira //¾ /Desembargador, Juiz de Fóra e Presidente da Camara Municipal. Demitiu-se nos dias da intriga e recolheu-se ao seu engenho; de lá mesmo foi arrancado preso, recolhido s Santa Cruz e deportado para o Havre.
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/Januario da Cunha Barbosa //¾ /Sacerdote e professor publico de philosophia. Tinha ido á provincia de Minas Acclamar o Imperador, voltava d’alli concluido este serviço: em caminho e a 20 leguas da cidade de Outro Preto, foi preso por um official mandado da Côrte com essa commissã; recolhido a Santa Cruz e dentro em poucos dias deportado para o Havre com os dous antecedentes.
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/Joaquim Gonçalves Ledo/ ¾ Conselheiro pela provincia do Rio de Janeiro.
Foi grandemente perseguido mas escapou-se por entre muitos perigos e asylou-se em Buenos Ayres enquanto durou o Ministerio Andrada.
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/João Mendes Vianna/ ¾ Capitão do Corpo de Engenheiros. Tinha sido enviado a Pernambuco, onde muitos e bons serviços prestou á causa do Brazil e do Imperador. Foi alli perseguido por ordem do Ministerio, preso, remetido ao Rio de Janeiro, onde por muitos mezes foi conservado incommunicavel na fortaleza da Lage e em seu processo se procurou todo o meio de o perder.
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/Antonio João Lessa/ ¾ Sacerdote e fazendeiro. Escapou a milhares de perseguições e buscas, dormiu muitas vezes no matto desconfiado até de seus proprios escravos peitados para o entregarem, refugiou-se em Buenos Ayres, d’onde voltou com Ledo, acabada a perseguição ministerial.
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/João Soares Lisboa/ ¾ Redactor do /Correio/. Sofreu muitos incommodos.
Fugio tambem para Buenos Ayres. (Os escriptores liberaes foram os mais perseguidos).
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/Domingos Alves Branco Muniz Barreto.
João Fernandes Lopes.
Pedro José da Costa Barros.
Joaquim Valerio Tavares.
João da Rocha Pinto.
Thomas José Tinoco.
José Joaquim de Gouvêa.
Luiz Manoel Alves de Azevedo./
Todos estes maçons foram pronunciados na celebre devassa de que já se falou e corre impressa.
Créditos devidos ao pesquisador Ir.´. William Almeida de Carvalho, M.´. M.´.
A verdadeira Maçonaria Operativa sobreviveu?
Depois de uma longa gestação ao longo do século XVII, a Maçonaria especulativa adotou a sua forma moderna em Londres, em 1717. Ela, então, conquistou a Europa e o mundo e estava fadada a ter um destino extraordinário. No entanto, desde o século XVIII, a legitimidade da Primeira Grande Loja do sistema maçônico que ela difundiu é contestada. A última dessas contestações aconteceu no coração da antiga Inglaterra, em 1909, em uma região de área de pedreiras, perto da antiga cidade medieval de Leicester. O depoimento e as declarações do irmão Clement Stretton estão na origem de um dos mitos maçônicos que fez correr grande quantidade de tinta … e de um sistema de altos graus bastante interessante.
O caso começou em 1909, com uma palestra diante da Sociedade de Engenheiros de Leicester, seguida pela publicação de um pequeno livreto intitulado Arte Tectônica. Seu autor é um engenheiro de nome Clemente Stretton. Esse estudo de cerca de quinze páginas bastante densas é dedicado à história da guildas de construtores, à sua organização, a algumas das suas técnicas e às conotações simbólicas que ela podiam ter. Uma vez que seu estudo foi publicado, Stretton, que também era maçom, vai se concentrar em divulgar e promover suas ideias nos círculos maçônicos.
Stretton explica que a Maçonaria moderna foi, certamente, fundada na esteira da Maçonaria operativa. Mas Anderson, Desaguliers e seus fundadores – que ali´s foram perjuros em seu juramento – tendo sido recebidos apenas nos graus infeirores da Ordem e tendo apenas um conhecimento parcial. A Maçonaria “andersoniana” propõe, portanto, apenas uma educação incompleta e aproximada, bem longe de transmitir toda a riqueza simbólica e iniciática de antigas irmandades de maçons operativos. Stretton sabia o que dizia, já que sendo um engenheiro que trabalhara na construção de diversas estruturas dizia que ele próprio recebera de um dos sobreviventes desse Maçonaria operativa: “A Venerável Sociedade dos Maçons, Maçons de Grandes Obras, Construtores de Muralhas, Trabalhadores da Ardósia, Pavimentadores, Estucadores e pedreiros.”
A verdadeira Maçonaria era dividida em dois ramos: a Maçonaria do Esquadro ou Maçonaria Azul; a Maçonaria do Arco ou Maçonaria Vermelha. A primeira reunia companheiros que construíam elementos retos da arquitetura, os segundos às abóbadas, arcos e volutas. No percurso do Maçom – “de Esquadro” ou “de Arco”, há dois caminhos paralelos – não se desenrola em três etapas; a verdadeira Maçonaria tem sete graus: 1- Aprendiz engajado; 2 / Companheiro do Ofício; 3 / Companheiro Especialista da arte; 4 / Construtor do Templo 5 / Condutor Principal da obra; 6 / Mestre, 7 / Representante do Grão-Mestre Maçom, membro do Sinédrio. Além das passagens de grau, os “Operativos” tinham três grandes cerimônias anuais: em abril-maio a comemoração da fundação do Templo de Jerusalém; em 2 de outubro, a comemoração da morte de Hiram e em 30 de Outubro a dedicação do Templo. A “Venerável Companhia” era dirigida por Três Grãos Mestres Maçons. Os rituais “operativos” apresentavam parte dos elementos maçônicos clássicos – depois todos os fundadores de 1717 tiveram um contato real com a “Venerável Companhia” – mas eles a complementam e a ampliam por meio de especulações sobre a arte de construir e o simbolismo geométrico particularmente rico no plano iniciático.
Stretton não teve grande sucesso com a Maçonaria institucional que quase não se interessou por suas revelações. Em contraste, dois círculos maçônicos marginais deram-lhe atenção sustentada e entraram em intenso intercambio sobre essa sobrevivência providencial da verdadeira maçonaria operativa. Um irmão erudito, John Yarker que animava então diferentes sistemas de algos graus do Iluminismo e a revista The Co-Mason, órgão de uma pequena obediência mista originária do Direito Humano britânico. Como parte desses intercambios, Stretton gradualmente revelou a Yarker e à Co-Mason todo o sistema dos “Operativos”. Depois de ser praticado principalmente por Miss Boswell-Gosse e seus amigos da “Ordem da Antiga e Aceita Maçonaria para Homens e Mulheres”, o rito dos “Operativos” passou para a Maçonaria inglesa institucional onde ele é hoje um dos muitos sistemas de “graus laterais” oferecidos aos membros da Grande Loja Unida da Inglaterra. O “A Maçonaria de Stretton” também teve um impacto na França através de René Guénon, que estava muito interessado nos “Operativos” de Stretton e usava os ensinamentos em sua obra.
Para ir mais longe:
Bernard Dat, « La Maçonnerie “opérative” de Stretton : survivance ou forgerie ? » em Renaissance Traditionnelle, n°118-119, abril-julho 1999, Número especial : « De la Maçonnerie opérative à la Franc-maçonnerie spéculative : filiations et ruptures », p. 149-212.
Sobre o autor: Pierre Mollier
Autor e historiador
Bernard Dat, « La Maçonnerie “opérative” de Stretton : survivance ou forgerie ? » em Renaissance Traditionnelle, n°118-119, abril-julho 1999, Número especial : « De la Maçonnerie opérative à la Franc-maçonnerie spéculative : filiations et ruptures », p. 149-212.
Sobre o autor: Pierre Mollier
Autor e historiador
Tradução José Filardo
MANUSCRITO DE UM APRENDIZ FRANCO-MAÇOM 1780
ARQUIVOS SECRETOS: Manuscrito MS 5921-10 depositado na Biblioteca Municipal de Lyon[1]
"Sábio e iluminado discurso para a recepção de um aprendiz franco-maçom, recebido da Itália e originário da Alemanha, 1780."
(Nota escrita a mão pelo Ir\ J.B. Willermoz[2], posta ao verso do discurso)
A Maçonaria é um segredo que existe desde que o mundo foi criado. Este segredo foi passando de geração em geração até os nossos dias, e assim o continuará sendo feito até o fim dos séculos. Este segredo é impenetrável não tão somente aos profanos, mas também para os Maçons débeis, indolentes e superficiais. Ser Maçom, antes de tudo, é procurar merecer sinceramente ser iniciado em nossos mistérios.
Para se ter uma ideia desta busca, é preciso ser guiado, a Natureza se encarrega de nos inspirar este sentimento. Todo homem nasce com o desejo de ser feliz, todo homem nasce com o desejo da virtude. Mas a Natureza por si só não é suficiente para aperfeiçoar ao homem, ela sabe disto bem, e ela mesma o motiva a consultar a Razão. Esta o recebe e lhe proporciona todos seus cuidados, a Razão não rejeita jamais a aqueles que a ela se entregam.
Da junção dos cuidados e impressões da Natureza e da Razão se forma a Educação. A Educação advinda de dois tão excelentes guias só poderia produzir a Perfeição. A Perfeição no homem é o amor pela Justiça, nosso terceiro guia será então o juízo.
A Natureza, a Razão e a Justiça querem a felicidade do homem, não já somente na outra vida, mas também nesta. Tudo o que existe foi criado para o homem, isto é evidente, pois este goza de disto plenamente, mas só o pode fazer a título da graça: seu poder não é mais que um bem, tem o usufruto, mas não pode crer que seja o dono. Deve sim, valer esta partilha gozando de seus benefícios, mas não pode apropriar deste bem, deve estar sempre disposto a renunciá-lo e não contemplá-lo como sua única posse.
Com a vida, o homem recebeu o livre-arbítrio, o que quer dizer que, se situado entre o bem e o mal é livre para escolher. Pode fazer ver toda a felicidade que conseguiria seguindo o bem que já conhece, ou fazer ameaças com as mais cruéis torturas, a fim de se livrar de um inimigo perigoso que o afronta. Aqui, o ímpio clama a injustiça, porque quer seguir esta última opção, enquanto o justo, ao contrário, enaltece ao seu Criador que, por isso, outorga ao homem ascendência sobre as demais criações[3]. O justo e o ímpio têm seu livre-arbítrio, por que então existe tal contraste?
Por que o orgulho se insinuará ao homem em socorro aos conhecimentos que ele adquire. Caso não tenha extremo cuidado de relacionar estes conhecimentos apenas com o objetivo que lhe foi dado, toma um caminho equivocado e marcha por ele com segurança. Seduzido pela aparência, entrega-se por inteiro à falácia bajuladora de seu oponente que, apenas procura sua ruína, receoso da sua superioridade e de ser sobrepujado.
Uma vez que o homem perca de vista a verdadeira luz, ou impelido por uma curiosidade transgressora, queira servir-se daquilo que lhe foi dado para ultrapassar os limites quais lhe foram prescritos, não fará mais que cair de engano em engano. Percorre espaços imensos, enquanto seu orgulho o faz ver tudo como simples meios para alcançar o fim qual se propôs. Este fim esta claro que não é outro senão a verdade ou a felicidade, mas privado pela falta de ter abandonado a luz, apenas lamenta o porquê que não está no caminho correto, pois as trevas lhe impedem de ver. Busca a paz e a veracidade, mas não encontra nada parecido, ao invés disso, encontra toda sorte de infortúnios. O remorso e a confusão adentraram nele, terá percorrido muito, terá trabalhado muito, porém, por mais que siga neste caminho, não encontrará nada.
Apenas mais tarde, já fartos e fatigados de tanta busca inútil, depois de tanto esforço mau empregado, depois de ter passado por todos os afãs do corpo, da alma e do espírito, é quando finalmente voltamos para essa primeira inclinação pelo verdadeiro, pelo bom e pelo belo. Renunciamos nossos enganos, desprendemo-nos dos infortúnios e voltamos pelos nossos passos em auxílio de nossa consciência perturbada. É quando o grito de nossos guias benfeitores se faz ouvir imperiosamente, nossos guias que procuram sem descanso recuperar seus direitos sobre o homem.
Mas para voltar a encontrar a verdadeira felicidade, é preciso que se domine, que se resigne, que faça oferta daquilo que tem como mais querido, que renuncie a seus direitos, que sofra a morte e a privação de tudo o que havia possuído. E se se sujeita a este pena de toda merecida por sua transgressão, o homem ingrato e perverso obterá sua graça, quando somente esperava por sua destruição. Quem é este generoso amigo que intercede por ele? É seu Criador, é o próprio juízo.
O que ainda se exige do homem? Nada mais que as consequências necessárias de seus erros: a prosternação, a conscientização, o trabalho, a correção e as faltas em si.
Assim que o homem volve seriamente sobre si mesmo e encontra este clarão de luz que todos recebemos, se fizer este exame com o desejo sincero de conhecer-se, de conhecer seu Criador e aquilo que os une, se deseja conduzir à prática mais virtuosa dos deveres aos quais já conhece. Se pelo contrário, o desalento e o assombro estéril não o dividem, se for constante com a lisura, a perseverança e o ardor, o homem se servirá proveitosamente deste fulgor para alcançar a grande Luz. Mas não esqueçamos que esta recompensa deve ser o fruto de uma longa e árdua viagem, que mesmo nos havendo feito indignos dela no passado, nos é dada sob um novo voto de confiança e sob as provas mais autênticas de nossa fidelidade, nossa prudência e nossa resignação.
Até aqui o homem que estamos considerando não está nem nu nem vestido, não sabe ainda resolve-se muito bem por si só, não pode conciliar suas tendências e suas faculdades, surpreende-se com sua liberdade, mensura a si mesmo, a fidelidade, o amor e a confiança que lhe são ordenadas, resigna-se a elas, e sua contrição, sua expiação e sua confidência lhe fazem merecer a graça. É trazido a ela na medida em que a lembrança das circunstâncias de sua criação lhe faz conceber toda a nobreza de sua origem.
Mas o homem só adquire o que deseja consultando a Natureza, a Razão e a Justiça; a primeira é a porta em que deve bater, a segunda é o caminho que deve seguir e a terceira o objetivo ao que deve aspirar. Ingresse então em você mesmo, se estude e se chame a ser ouvido, procure no juízo e além da matéria, o que somente ele pode lhe fazer encontrar, e pedir ao autor de toda Justiça, a entendimento do que terá buscado e encontrado.
Com homem rendido a suas paixões e nestas trevas estando ofuscado, sua origem e seu fim não se fazem presentes. Desconsidera o aspecto espiritual de sua existência, para somente entregar-se a seu aspecto animal e material. Degrada-se se ocupando somente do profano, e no tanto que está imerso neste estado de torpor, não consegue elevar-se mais acima, e ainda nada percebe, porque ele mesmo é quem põe este espesso véu entre ele e a luz.
Mas quando o véu é desvelado, percebe por obra da vontade e da confiança, o que seu espírito ofuscado pelas paixões não lhe permitia ver. Três grandes estrelas se apresentam ante ele, são os três princípios que se encontram gravados em seu coração...
O homem tinha recebido o uso dos metais, como um usufruto e não como uma propriedade, mas equivocado pelo mundano, abusa disso pelo uso excessivo que faz do mesmo. Enquanto na verdade deveria que despojar-se disso. Todas as paixões podem ser inocentes, se estas não se fizerem transgressoras pelo abuso que o homem faça delas. Entregar-nos estes dons, dos que tínhamos sido despojados com merecimento, é nos entregar a graça de fazer um bom uso dos benefícios da Natureza, mas só podemos retomar nossos direitos com um coração puro, fruto da contrição e de uma dedicada resolução.
A excelência do homem está efetivamente apoiada sobre três Colunas ou três impressões quais se encontram gravadas em seu coração, se acaso for examiná-lo, encontrará senão as três virtudes teologais[4]. Sem sua prática, todo edifício moral vem abaixo, estando o homem deste modo apoiado sobre a Força, a Sabedoria e a Beleza quais nos representam a divindade, a humanidade e os elementos; a Natureza, a Razão e a Justiça; o espiritual, o animal e o material; a inteligência, a concepção e a vontade, etc.
Os Aprendizes estão ao norte do Templo para dedicar-se à obra, na expectativa de adquirirem a potência e a ciências dos trabalhos maçônicos. Ou seja, o homem ao qual se faz vislumbrar as ciências que acredita estarem além do alcance de seu espírito, tem a necessidade de um pouco de espaço e reflexão para acostumar-se às ideias quais devem nascer nele. Estas novas noções, ele acredita que a verdadeira razão rejeita, e frequentemente toma como razão própria um conjunto de consequências, falsas noções qual recebeu ou qual lhe foram dadas por intermédio de seus infortúnios. Vencer estes infortúnios e vencer sua vontade, não é uma tarefa fácil, mas é, entretanto um esforço necessário e pré-requisito para conquista de um novo saber.
Mas estes novos saberes parecem ao Candidato, como uma Pedra Bruta nas mãos de um desbastador inexperiente. Esta pedra é disforme, seu saber também o é. Os primeiros golpes de cinzel dados sobre esta pedra, embora a vão desbastando, não parecem ainda lhe dar forma alguma, do mesmo modo nossas primeiras buscas feitas sobre uma verdade velada não nos contribuem tampouco em nada de positivo. Mas infalivelmente, se atuar com desejo, amor, e confiança, ao verdadeiro Maçom se abrirá um caminho à perfeição, da mesma forma que com a prática, o desbastador inexperiente conseguirá esquadrar sua pedra em suas justas e perfeitas medidas. A ignorância ou o engano lhe farão contemplar aquilo que busca como um caos que ainda não sabe como ordenar, como uma luz ainda envolta nas mais espessas trevas quais é preciso dissipar. São necessários ainda, tempo e reflexão para ordenar as novas ideias, vencer os infortúnios e conquistar novas noções sobre assuntos que, o espírito inimigo da matéria, não dá pista alguma a aqueles que o desprezaram.
Sendo a recompensa proporcional ao mérito de cada um, o homem que não se ache ainda no estado a que nos referimos, não pode almejar uma satisfação que logicamente vá além de seu mérito atual. No Templo há diversos lugares, como a Coluna esta J\, qual é destinada ao pagamento dos verdadeiros aprendizes. O significado desta coluna quer dizer: "Confiança no Criador".
Ah! É acaso uma grande recompensa ter chegado à conclusão de que devemos pôr nossa plena confiança naquele do qual tudo temos recebido? Quem mais poderia nos dar tal recompensa? Sabemos que outro que não ele pode nos fazer equivocar, e que inutilmente procuramos além dele, o que só nele podemos encontrar. É então neste estado de franco retorno a ele quando o homem recebe sua recompensa, já que, quando este retorno é realmente franco, é infalivelmente seguido de uma doce emoção, a qual é mais fácil sentir do que expressar. Entendemos claramente que não nos encontramos ao final do caminho, mas ao menos, gozamos da satisfação de ver-nos no caminho correto qual conduz ao objetivo almejado, e por mais afastada que se encontre a luz, esta é tão grande que ainda ilumina o caminho para aquele qual a busca francamente.
Relegados ao setentrião da edificação do Templo, quer dizer, ainda absorvidos pela lembrança de nossos enganos e nossas faltas, rodeados ainda das consequências de nossas infidelidades, não podemos receber nossa recompensa senão sob as três seguintes condições: a contrição, a expiação e a confidência de nossas faltas, representadas pelo símbolo do quádruplo esquadro[5], por um sincero exercício da reverência que nos é prescrita, e um uso sagrado da exortação que nos é ensinada.
Para concluir este discurso, convenhamos, meus Irmãos, que o homem não pode receber esta graça, este fabuloso bem desejado por todos, embora pouco conhecido, até que este homem, querendo sair por completo das trevas e do engano, busque de boa fé a densa luz. Qual indignado com seu próprio orgulho queira seguir somente a virtude, e que convencido da existência de um ser perfeito, deposite plena confiança nele, em quem reside a verdadeira Loja Maçônica, justa e perfeita, a Força, a Sabedoria e a Beleza.
O Aprendiz que logo que sabe soletrar e absolutamente escrever, é para nós uma representação apropriada do homem, tímido observador da lei que quer seguir, mas incapaz de fazer um plano preciso de seus deveres e nenhuma aplicação justa de seus conhecimentos. Saído das trevas da ignorância e do engano, somente poderá se acostumar-se pouco a pouco às novas noções, que com muita dificuldade vislumbrará, e das quais só mediante os distintos Graus, poderá fazer uma ideia justa e perfeita.
Este número três, não terá acaso relação com os três mandamentos[6], as três virtudes teologais, os três elementos da trindade, com alguma época determinada e com alguma aliança?
A luz preside o trabalho, as trevas o repouso. Tudo o que o homem faz deve ser digno da luz, e se por engano procura as trevas, tal qual ao primeiro homem, exporá a desordem de sua consciência. Sempre é tempo de fazer o bem, posto que para os Maçons, a hora sempre é antes do meio-dia e tempo para nos pôr a trabalhar. Se procurarmos a luz com determinação a encontraremos e a inércia é uma verdadeira renúncia a esta luz.
Traduzido e adaptado por Ir.'. Tiago Robledo
Fonte: http://rey-salomon.blogspot.com.br/2008/04/manuscrito-de-un-aprendiz-francomason.html
[1] Lyon é uma das maiores cidades francesas, capital da região Ródano-Alpes e do departamento de Ródano. Lyon foi fundada sobre a colina Fourvière como uma colônia romana em 43 A.C. por Munatius Plancus, um tenente de Júlio César, num assentamento de uma colina gaulesa chamada Lug [o] dunon, do deus celta Lugus ("Luz", do velho irlandês Lugh, irlandês moderno Lú) e dúnon ("colina" ou "forte"). Lyon foi primeiramente denominada Lugduno significado de "monte de luzes" ou "o monte de corvos". Lug foi igualado pelos romanos a Mercúrio. Durante o Renascimento, a cidade desenvolveu com o comércio da seda, especialmente com a Itália, a influência italiana sob a arquitetura de Lyon ainda pode ser vista.
[2] Jean-Baptiste Willermoz (10 de julho de 1730 - 29 de maio 1824) foi um francês Maçom e Martinista que desempenhou um papel importante no estabelecimento de diversos sistemas maçônicos de Altos Graus em seu tempo, tanto a França quanto na Alemanha, havendo residido na maior parte da vida na cidade de Lyon.
[3] No original “anjos”.
[4] A Fé, a Esperança e a Caridade.
[5] Os Maçons Operativos empregavam uma ferramenta chamada de “Esquadro Perfeito” (Perfect Ashlar Square) que é um esquadro (quadrado) com os cantos sobrepostos a modo do esquadro Oxford, era um quádruplo esquadro, a retidão física desta ferramenta, aludia à retidão espiritual do homem. Por sua vez, a forma do quadrado (e do círculo) está relacionada no 47º problema de Euclides da “quadratura do círculo”, dito ser um dos principais objetivos do Ofício Maçônico. A quadratura do círculo, no entanto, neste caso não se refere a um problema matemático: é uma referência a busca inata do homem em harmonizar sua natureza espiritual e material. O esquadro sendo representação do corpo físico era conjugado ao círculo (aludido pelo compasso), a representação do espírito. Assim o compasso e esquadro simbolizam o estado do homem como um espírito eterno manifestando na matéria transitória.
[6] No Direito Romano se estabeleceu três mandamentos viver honestamente (honeste vivere), não ofender ninguém (neminem laedere), dar a cada o que lhe pertence (suum cuique tribuere). Podem também fazer referência aos três primeiros dos mandamentos compilados por Moises cujo teor trata das relações com o Criador e ainda a Marcos 13:33 que diz: “Olhai, vigiai, e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo”.
"Sábio e iluminado discurso para a recepção de um aprendiz franco-maçom, recebido da Itália e originário da Alemanha, 1780."
(Nota escrita a mão pelo Ir\ J.B. Willermoz[2], posta ao verso do discurso)
A Maçonaria é um segredo que existe desde que o mundo foi criado. Este segredo foi passando de geração em geração até os nossos dias, e assim o continuará sendo feito até o fim dos séculos. Este segredo é impenetrável não tão somente aos profanos, mas também para os Maçons débeis, indolentes e superficiais. Ser Maçom, antes de tudo, é procurar merecer sinceramente ser iniciado em nossos mistérios.
Para se ter uma ideia desta busca, é preciso ser guiado, a Natureza se encarrega de nos inspirar este sentimento. Todo homem nasce com o desejo de ser feliz, todo homem nasce com o desejo da virtude. Mas a Natureza por si só não é suficiente para aperfeiçoar ao homem, ela sabe disto bem, e ela mesma o motiva a consultar a Razão. Esta o recebe e lhe proporciona todos seus cuidados, a Razão não rejeita jamais a aqueles que a ela se entregam.
Da junção dos cuidados e impressões da Natureza e da Razão se forma a Educação. A Educação advinda de dois tão excelentes guias só poderia produzir a Perfeição. A Perfeição no homem é o amor pela Justiça, nosso terceiro guia será então o juízo.
A Natureza, a Razão e a Justiça querem a felicidade do homem, não já somente na outra vida, mas também nesta. Tudo o que existe foi criado para o homem, isto é evidente, pois este goza de disto plenamente, mas só o pode fazer a título da graça: seu poder não é mais que um bem, tem o usufruto, mas não pode crer que seja o dono. Deve sim, valer esta partilha gozando de seus benefícios, mas não pode apropriar deste bem, deve estar sempre disposto a renunciá-lo e não contemplá-lo como sua única posse.
Com a vida, o homem recebeu o livre-arbítrio, o que quer dizer que, se situado entre o bem e o mal é livre para escolher. Pode fazer ver toda a felicidade que conseguiria seguindo o bem que já conhece, ou fazer ameaças com as mais cruéis torturas, a fim de se livrar de um inimigo perigoso que o afronta. Aqui, o ímpio clama a injustiça, porque quer seguir esta última opção, enquanto o justo, ao contrário, enaltece ao seu Criador que, por isso, outorga ao homem ascendência sobre as demais criações[3]. O justo e o ímpio têm seu livre-arbítrio, por que então existe tal contraste?
Por que o orgulho se insinuará ao homem em socorro aos conhecimentos que ele adquire. Caso não tenha extremo cuidado de relacionar estes conhecimentos apenas com o objetivo que lhe foi dado, toma um caminho equivocado e marcha por ele com segurança. Seduzido pela aparência, entrega-se por inteiro à falácia bajuladora de seu oponente que, apenas procura sua ruína, receoso da sua superioridade e de ser sobrepujado.
Uma vez que o homem perca de vista a verdadeira luz, ou impelido por uma curiosidade transgressora, queira servir-se daquilo que lhe foi dado para ultrapassar os limites quais lhe foram prescritos, não fará mais que cair de engano em engano. Percorre espaços imensos, enquanto seu orgulho o faz ver tudo como simples meios para alcançar o fim qual se propôs. Este fim esta claro que não é outro senão a verdade ou a felicidade, mas privado pela falta de ter abandonado a luz, apenas lamenta o porquê que não está no caminho correto, pois as trevas lhe impedem de ver. Busca a paz e a veracidade, mas não encontra nada parecido, ao invés disso, encontra toda sorte de infortúnios. O remorso e a confusão adentraram nele, terá percorrido muito, terá trabalhado muito, porém, por mais que siga neste caminho, não encontrará nada.
Apenas mais tarde, já fartos e fatigados de tanta busca inútil, depois de tanto esforço mau empregado, depois de ter passado por todos os afãs do corpo, da alma e do espírito, é quando finalmente voltamos para essa primeira inclinação pelo verdadeiro, pelo bom e pelo belo. Renunciamos nossos enganos, desprendemo-nos dos infortúnios e voltamos pelos nossos passos em auxílio de nossa consciência perturbada. É quando o grito de nossos guias benfeitores se faz ouvir imperiosamente, nossos guias que procuram sem descanso recuperar seus direitos sobre o homem.
Mas para voltar a encontrar a verdadeira felicidade, é preciso que se domine, que se resigne, que faça oferta daquilo que tem como mais querido, que renuncie a seus direitos, que sofra a morte e a privação de tudo o que havia possuído. E se se sujeita a este pena de toda merecida por sua transgressão, o homem ingrato e perverso obterá sua graça, quando somente esperava por sua destruição. Quem é este generoso amigo que intercede por ele? É seu Criador, é o próprio juízo.
O que ainda se exige do homem? Nada mais que as consequências necessárias de seus erros: a prosternação, a conscientização, o trabalho, a correção e as faltas em si.
Assim que o homem volve seriamente sobre si mesmo e encontra este clarão de luz que todos recebemos, se fizer este exame com o desejo sincero de conhecer-se, de conhecer seu Criador e aquilo que os une, se deseja conduzir à prática mais virtuosa dos deveres aos quais já conhece. Se pelo contrário, o desalento e o assombro estéril não o dividem, se for constante com a lisura, a perseverança e o ardor, o homem se servirá proveitosamente deste fulgor para alcançar a grande Luz. Mas não esqueçamos que esta recompensa deve ser o fruto de uma longa e árdua viagem, que mesmo nos havendo feito indignos dela no passado, nos é dada sob um novo voto de confiança e sob as provas mais autênticas de nossa fidelidade, nossa prudência e nossa resignação.
Até aqui o homem que estamos considerando não está nem nu nem vestido, não sabe ainda resolve-se muito bem por si só, não pode conciliar suas tendências e suas faculdades, surpreende-se com sua liberdade, mensura a si mesmo, a fidelidade, o amor e a confiança que lhe são ordenadas, resigna-se a elas, e sua contrição, sua expiação e sua confidência lhe fazem merecer a graça. É trazido a ela na medida em que a lembrança das circunstâncias de sua criação lhe faz conceber toda a nobreza de sua origem.
Mas o homem só adquire o que deseja consultando a Natureza, a Razão e a Justiça; a primeira é a porta em que deve bater, a segunda é o caminho que deve seguir e a terceira o objetivo ao que deve aspirar. Ingresse então em você mesmo, se estude e se chame a ser ouvido, procure no juízo e além da matéria, o que somente ele pode lhe fazer encontrar, e pedir ao autor de toda Justiça, a entendimento do que terá buscado e encontrado.
Com homem rendido a suas paixões e nestas trevas estando ofuscado, sua origem e seu fim não se fazem presentes. Desconsidera o aspecto espiritual de sua existência, para somente entregar-se a seu aspecto animal e material. Degrada-se se ocupando somente do profano, e no tanto que está imerso neste estado de torpor, não consegue elevar-se mais acima, e ainda nada percebe, porque ele mesmo é quem põe este espesso véu entre ele e a luz.
Mas quando o véu é desvelado, percebe por obra da vontade e da confiança, o que seu espírito ofuscado pelas paixões não lhe permitia ver. Três grandes estrelas se apresentam ante ele, são os três princípios que se encontram gravados em seu coração...
O homem tinha recebido o uso dos metais, como um usufruto e não como uma propriedade, mas equivocado pelo mundano, abusa disso pelo uso excessivo que faz do mesmo. Enquanto na verdade deveria que despojar-se disso. Todas as paixões podem ser inocentes, se estas não se fizerem transgressoras pelo abuso que o homem faça delas. Entregar-nos estes dons, dos que tínhamos sido despojados com merecimento, é nos entregar a graça de fazer um bom uso dos benefícios da Natureza, mas só podemos retomar nossos direitos com um coração puro, fruto da contrição e de uma dedicada resolução.
A excelência do homem está efetivamente apoiada sobre três Colunas ou três impressões quais se encontram gravadas em seu coração, se acaso for examiná-lo, encontrará senão as três virtudes teologais[4]. Sem sua prática, todo edifício moral vem abaixo, estando o homem deste modo apoiado sobre a Força, a Sabedoria e a Beleza quais nos representam a divindade, a humanidade e os elementos; a Natureza, a Razão e a Justiça; o espiritual, o animal e o material; a inteligência, a concepção e a vontade, etc.
Os Aprendizes estão ao norte do Templo para dedicar-se à obra, na expectativa de adquirirem a potência e a ciências dos trabalhos maçônicos. Ou seja, o homem ao qual se faz vislumbrar as ciências que acredita estarem além do alcance de seu espírito, tem a necessidade de um pouco de espaço e reflexão para acostumar-se às ideias quais devem nascer nele. Estas novas noções, ele acredita que a verdadeira razão rejeita, e frequentemente toma como razão própria um conjunto de consequências, falsas noções qual recebeu ou qual lhe foram dadas por intermédio de seus infortúnios. Vencer estes infortúnios e vencer sua vontade, não é uma tarefa fácil, mas é, entretanto um esforço necessário e pré-requisito para conquista de um novo saber.
Mas estes novos saberes parecem ao Candidato, como uma Pedra Bruta nas mãos de um desbastador inexperiente. Esta pedra é disforme, seu saber também o é. Os primeiros golpes de cinzel dados sobre esta pedra, embora a vão desbastando, não parecem ainda lhe dar forma alguma, do mesmo modo nossas primeiras buscas feitas sobre uma verdade velada não nos contribuem tampouco em nada de positivo. Mas infalivelmente, se atuar com desejo, amor, e confiança, ao verdadeiro Maçom se abrirá um caminho à perfeição, da mesma forma que com a prática, o desbastador inexperiente conseguirá esquadrar sua pedra em suas justas e perfeitas medidas. A ignorância ou o engano lhe farão contemplar aquilo que busca como um caos que ainda não sabe como ordenar, como uma luz ainda envolta nas mais espessas trevas quais é preciso dissipar. São necessários ainda, tempo e reflexão para ordenar as novas ideias, vencer os infortúnios e conquistar novas noções sobre assuntos que, o espírito inimigo da matéria, não dá pista alguma a aqueles que o desprezaram.
Sendo a recompensa proporcional ao mérito de cada um, o homem que não se ache ainda no estado a que nos referimos, não pode almejar uma satisfação que logicamente vá além de seu mérito atual. No Templo há diversos lugares, como a Coluna esta J\, qual é destinada ao pagamento dos verdadeiros aprendizes. O significado desta coluna quer dizer: "Confiança no Criador".
Ah! É acaso uma grande recompensa ter chegado à conclusão de que devemos pôr nossa plena confiança naquele do qual tudo temos recebido? Quem mais poderia nos dar tal recompensa? Sabemos que outro que não ele pode nos fazer equivocar, e que inutilmente procuramos além dele, o que só nele podemos encontrar. É então neste estado de franco retorno a ele quando o homem recebe sua recompensa, já que, quando este retorno é realmente franco, é infalivelmente seguido de uma doce emoção, a qual é mais fácil sentir do que expressar. Entendemos claramente que não nos encontramos ao final do caminho, mas ao menos, gozamos da satisfação de ver-nos no caminho correto qual conduz ao objetivo almejado, e por mais afastada que se encontre a luz, esta é tão grande que ainda ilumina o caminho para aquele qual a busca francamente.
Relegados ao setentrião da edificação do Templo, quer dizer, ainda absorvidos pela lembrança de nossos enganos e nossas faltas, rodeados ainda das consequências de nossas infidelidades, não podemos receber nossa recompensa senão sob as três seguintes condições: a contrição, a expiação e a confidência de nossas faltas, representadas pelo símbolo do quádruplo esquadro[5], por um sincero exercício da reverência que nos é prescrita, e um uso sagrado da exortação que nos é ensinada.
Para concluir este discurso, convenhamos, meus Irmãos, que o homem não pode receber esta graça, este fabuloso bem desejado por todos, embora pouco conhecido, até que este homem, querendo sair por completo das trevas e do engano, busque de boa fé a densa luz. Qual indignado com seu próprio orgulho queira seguir somente a virtude, e que convencido da existência de um ser perfeito, deposite plena confiança nele, em quem reside a verdadeira Loja Maçônica, justa e perfeita, a Força, a Sabedoria e a Beleza.
O Aprendiz que logo que sabe soletrar e absolutamente escrever, é para nós uma representação apropriada do homem, tímido observador da lei que quer seguir, mas incapaz de fazer um plano preciso de seus deveres e nenhuma aplicação justa de seus conhecimentos. Saído das trevas da ignorância e do engano, somente poderá se acostumar-se pouco a pouco às novas noções, que com muita dificuldade vislumbrará, e das quais só mediante os distintos Graus, poderá fazer uma ideia justa e perfeita.
Este número três, não terá acaso relação com os três mandamentos[6], as três virtudes teologais, os três elementos da trindade, com alguma época determinada e com alguma aliança?
A luz preside o trabalho, as trevas o repouso. Tudo o que o homem faz deve ser digno da luz, e se por engano procura as trevas, tal qual ao primeiro homem, exporá a desordem de sua consciência. Sempre é tempo de fazer o bem, posto que para os Maçons, a hora sempre é antes do meio-dia e tempo para nos pôr a trabalhar. Se procurarmos a luz com determinação a encontraremos e a inércia é uma verdadeira renúncia a esta luz.
Traduzido e adaptado por Ir.'. Tiago Robledo
Fonte: http://rey-salomon.blogspot.com.br/2008/04/manuscrito-de-un-aprendiz-francomason.html
[1] Lyon é uma das maiores cidades francesas, capital da região Ródano-Alpes e do departamento de Ródano. Lyon foi fundada sobre a colina Fourvière como uma colônia romana em 43 A.C. por Munatius Plancus, um tenente de Júlio César, num assentamento de uma colina gaulesa chamada Lug [o] dunon, do deus celta Lugus ("Luz", do velho irlandês Lugh, irlandês moderno Lú) e dúnon ("colina" ou "forte"). Lyon foi primeiramente denominada Lugduno significado de "monte de luzes" ou "o monte de corvos". Lug foi igualado pelos romanos a Mercúrio. Durante o Renascimento, a cidade desenvolveu com o comércio da seda, especialmente com a Itália, a influência italiana sob a arquitetura de Lyon ainda pode ser vista.
[2] Jean-Baptiste Willermoz (10 de julho de 1730 - 29 de maio 1824) foi um francês Maçom e Martinista que desempenhou um papel importante no estabelecimento de diversos sistemas maçônicos de Altos Graus em seu tempo, tanto a França quanto na Alemanha, havendo residido na maior parte da vida na cidade de Lyon.
[3] No original “anjos”.
[4] A Fé, a Esperança e a Caridade.
[5] Os Maçons Operativos empregavam uma ferramenta chamada de “Esquadro Perfeito” (Perfect Ashlar Square) que é um esquadro (quadrado) com os cantos sobrepostos a modo do esquadro Oxford, era um quádruplo esquadro, a retidão física desta ferramenta, aludia à retidão espiritual do homem. Por sua vez, a forma do quadrado (e do círculo) está relacionada no 47º problema de Euclides da “quadratura do círculo”, dito ser um dos principais objetivos do Ofício Maçônico. A quadratura do círculo, no entanto, neste caso não se refere a um problema matemático: é uma referência a busca inata do homem em harmonizar sua natureza espiritual e material. O esquadro sendo representação do corpo físico era conjugado ao círculo (aludido pelo compasso), a representação do espírito. Assim o compasso e esquadro simbolizam o estado do homem como um espírito eterno manifestando na matéria transitória.
[6] No Direito Romano se estabeleceu três mandamentos viver honestamente (honeste vivere), não ofender ninguém (neminem laedere), dar a cada o que lhe pertence (suum cuique tribuere). Podem também fazer referência aos três primeiros dos mandamentos compilados por Moises cujo teor trata das relações com o Criador e ainda a Marcos 13:33 que diz: “Olhai, vigiai, e orai, porque não sabeis quando chegará o tempo”.
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