domingo, 23 de abril de 2017

O MAR DE BRONZE: SIMBOLOGIA MAÇÔNICA E POSIÇÃO NO TEMPLO

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O objetivo deste trabalho é relatar o resultado das pesquisas efetuadas sobre o Mar de Bronze, que orna nosso templo do R:.E:.A:.A:..
Para falar do Mar de Bronze, é necessário fazer referência a textos bíblicos. Como se sabe, há diversas traduções e interpretações da Bíblia – muitas delas inclusive discordantes entre si, como pudemos constatar nas pesquisas para este trabalho. Por isso, optamos por desenvolver a pesquisa a partir de quatro destas traduções, todas transcrita de modo comparativo, versículo a versículo.
 São elas:
- a Vulgata Latina, em latim, traduzida por São Jerônimo no século IV d.C. diretamente do grego antigo e do hebraico.
- a Vulgata Latina, em português, traduzida pelo Padre Matos Soares diretamente da versão em latim.
- a primeira tradução da Bíblia para o Português, feita por João Ferreira de Almeida em 1753, a partir do grego antigo, hebreu e latim.
- edição pastoral, utilizada pela Igreja Católica atualmente.
O Mar de Bronze surge na Bíblia quando esta descreve a construção e estrutura do Templo de Salomão. Tal descrição surge no 1º Livro de Reis e no 2º Livro de Crônicas. Segundo a versão de João Ferreira de Almeida da Bíblia, durante o processo de construção do Templo de Salomão:
[Hiram] Fez mais o mar de fundição, de dez côvados de uma borda até à outra borda, perfeitamente redondo, e de cinco côvados de alto; e um cordão de trinta côvados o cingia em redor. E por baixo da sua borda em redor havia botões que o cingiam; por dez côvados cercavam aquele mar em redor; duas ordens destes botões foram fundidas quando o mar foi fundido. E firmava-se sobre doze bois, três que olhavam para o norte, e três que olhavam para o ocidente, e três que olhavam para o sul, e três que olhavam para o oriente; e o mar estava em cima deles, e todas as suas partes posteriores para o lado de dentro. E a grossura era de um palmo, e a sua borda era como a de um copo, como de flor de lírios; ele levava dois mil batos (I Reis, 7, 23-36)
“Côvado” é uma antiga unidade de medida que representa 44 cm (Côvado Hebreu) ou 45 cm (Côvado Romano)1. Assim, as dimensões do Mar de Bronze eram aproximadamente de 4,50m de diâmetro, e 2,25cm de profundidade. Naturalmente, o autor do texto bíblico fez referências apenas aproximadas, já que com tais medidas, e sendo perfeitamente redondo, não poderia ter 30 côvados (13,5 metros) de perímetro, já que o Q (Pi) não é 3, mas 3,14.
O mesmo ocorre com o volume d’água suportado pelo Mar de Bronze. Um  bato representa 45 litros. Assim, a capacidade do Mar seria de 90.000 litros (2.000 batos). Um recipiente como o descrito nas Escrituras não comportaria tal volume de água.
A finalidade do Mar de Bronze no Templo de Salomão era a ablusão. Ou seja, os fiéis, antes de entrarem no Templo, deveriam lavar seus pés e mãos, buscando a purificação. Também os animais que seriam levados a sacrifício antes eram banhados no Mar de Bronze, para serem purificados .
Maçonicamente, o Mar de Bronze exerce esta mesma função de purificação, já que é nele que se opera a purificação pela água nas iniciações. Simbolicamente, ocorre aí a purificação da alma do candidato, que está sendo preparado para sacrificar o Homem profano e fazer nascer na luz o Homem Maçom.
A localização do Mar de Bronze nos templos maçônicos é tema relativamente controvertido. Aliás, as próprias traduções bíblicas apresentam certa divergência quanto à localização do Mar de Bronze no próprio Templo de Salomão.
Sabe-se que o Templo de Salomão estava orientado do Oriente para o Ocidente. A entrada do Templo e as coluna Jaquim e Boaz, portanto, estava no Oriente, enquanto o Santo dos Santos situava-se no Ocidente.
Olhando-se de dentro para fora, em direção à entrada oriental do Templo, estavam localizadas as colunas Jaquim (direita) e Boaz (esquerda). Todas as traduções consultadas afirmam que o Mar de Bronze estava localizado fora do Templo, no Oriente e à direita. Portanto, próximo à coluna Jaquim.
Algumas traduções dizem que o Mar de Bronze estava nesta posição contra o meio-dia; outras falam em meridiano; e outras ainda ao sul. As expressões meio-dia e meridiano referem-se ao ponto cardeal Sul. O Mar de Bronze, portando, localizava-se entre o Oriente (Leste) e o Sul, ou seja, a sudeste. Porém, a versão Pastoral da Bíblia, em 1º Reis, 7, 39, traduz esta posição como sendo sudoeste, o que aparenta ser um equívoco, já que em 2º Crônicas, 4,10 esta mesma versão da bíblia referencia sudeste.
Talvez tenha sido esta – ou outra com o mesmo equívoco – a tradução utilizada por CASTELLANI quando, transcrevendo a mesma passagem bíblica, afirma que no Templo de Salomão o Mar de Bronze situava-se a sudoeste.
Todas as representações gráficas, gravuras e plantas do Templo de Salomão consultadas, a mais antiga datada de 1584 , posicionam o Mar de Bronze a sudeste. Portanto, à esquerda de quem entra no Templo de Salomão pelo Oriente, e próximo à coluna Jaquim.
Qual será, então, a posição do Mar de Bronze no Templo Maçônico? Sabe-se que o Templo Maçônico é a representação simbólica do Templo de Salomão, porém voltado do Ocidente para o Oriente.
Partindo dessa premissa – e sempre considerando a inexperiência desses nossos primeiros passos, ainda retos, de Aprendiz – parece-nos que o Mar de Bronze deve estar localizado à sudoeste no Templo Maçônico, ou seja, próximo à porta de entrada do Templo, à direita de quem de fora olha, e perto da coluna J.
É que, direcionando-se o Templo Maçônico (Ocidente para o Oriente) em sentido inverso ao do Templo de Salomão (Oriente para o Ocidente), parece-nos que deve haver a correspondente inversão dos demais pontos cardeais, para que se mantenha a mesma simetria. Tal fato, aliás, justifica o posicionamento das colunas J e B: no Templo de Salomão, J está à esquerda de quem de fora olha, e B está à direita. No Templo Maçônico, J está à direita de quem de fora olha, e B está à esquerda. E isso reforça nossa impressão.
Corrobora também esta nossa impressão o fato de que na Planta do Templo apresentada no Ritual do R:.E:.A:.A:. vigente, o Mar de Bronze está localizado no Ocidente (Oeste), mais próximo à Coluna do Sul e próximo da Coluna J.

Créditos devidos ao Ir.'. Cícero D:.

ALTAR DOS JURAMENTOS

Resultado de imagem para altar maçônicoUma Loja Maçonica simboliza o modo como o Universo era compreendido antigamente . Nossos primeiros irmãos tiveram grande inspiração quando perceberam que o mundo é um templo, coberto por uma abóbada estrelada durante a noite, e iluminado pelo Sol em sua jornada durante o dia. Um Universo no qual o Homem segue adiante em seu trabalho, alternando luz e sombra, alegrias e tristezas, sempre buscando reproduzir na Terra a lei e ordem presentes no Oriente, que é a origem de tudo.
Embora hoje saibamos que o mundo é fisicamente diferente daquele que era conhecido por nossos ancestrais, ainda assim aquela inspiração inicial de nossos primeiros irmãos continua e continuará verdadeira.
Parece-me que a idéia central dessa inspiração é que se o Homem tem o propósito de construir seu próprio Templo Interior, ou se ele está disposto a construir uma sociedade justa e duradoura nessa justiça, então ele deverá estar iniciado nas leis e princípios que regem o Universo no qual ele vive. E para isso, o Homem necessita não apenas de sabedoria, que deve ser desenvolvida, mas também da ajuda de Deus, que é o G:.A:.D:.U:.
Bem por isso em nossas Lojas Maçônicas está o Altar – mais antigo que qualquer Templo, e tão antigo quanto a própria vida mesma. Um foco de fé e união. Um símbolo sagrado daquele pensamento inicial que inspirou a nossa Arte Real. Um símbolo sagrado da existência do G:.A:.D:.U:.. Um símbolo sagrado de nosso propósito de erguer Templos à Virtude e cavar masmorras ao vício.
Nada há de mais impressivo na face da Terra que o silencio de uma reunião de seres humanos curvados diante de um Altar. O instinto que faz com que Homens se reúnam para orar é a mesma força invisível que move Homens a desbastar pedras para construírem templos que corporificam o mistério de Deus.
Até onde conhecemos, o Homem é o único ser em nosso planeta que pára para rezar. E a beleza desse ato nos diz mais sobre nós do que qualquer outro. Por uma profunda necessidade natural, o Homem procura Deus, e em momentos de tristeza ou angústia, ou em momentos de tragédia e terror, ou ainda em momentos de sincera gratidão e felicidade, o Homem deixa de lado suas ferramentas de trabalho e olha para o horizonte. E sem perceber, acaba por fixar seu olhar num ponto mais elevado do relevo que está adiante. Talvez tenha nascido aí o termo Altar, substantivo masculino proveniente do latim altare, que por sua vez derivou do adjetivo latino altus (alto, elevado, levantado).
Pelas consultas realizadas, pude imaginar que a história do Altar na vida da humanidade parece ser uma história mais fascinante que qualquer ficção. Da procura inconsciente deste lugar mais elevado ou alto presente na natureza que o cerca, o Homem evoluiu para construir este Altar perto de si. Inicialmente rudimentares, sua construção dava-se pelo simples amontoar de pedras. A centralidade e importância do Altar tornaram-no mais solene e elaborado, sendo portador de uma série de significados e elemento central dos mais variados rituais (holocaustos, preces, declaração de compromissos, incensações, sacrifícios, etc). Todas as grandes civilizações e culturas humanas ergueram altares: judeus, cristãos, muçulmanos, hindus, romanos, gregos, egípcios, fenícios, incas, maias e astecas. Indígenas e antigos pagãos de todas as partes tiveram e têm seus altares. Nunca, porém, o Altar perdeu sua significação inicial, que é a de conduzir os pensamentos do Homem ao seu elevado deus, seja ele denominado como for, e ao qual chamamos G:.A:.D:.U:..
A partir de elementos como estes, podemos começar a perceber o significado do Altar dos Juramentos na Maçonaria, e a razão de sua posição na Loja.
Na Maçonaria primitiva, não havia o Altar dos Juramentos, já que as Luzes da Loja (L:. da L:., Esq:. e Comp:.) ficavam sobre o Altar do V:.M:., onde também eram tomados os juramentos. Posteriormente, em alguns ritos, criou-se uma mesa auxiliar, considerada como extensão do Altar do V:.M:.. Tal costume deu origem ao Altar dos juramentos, que originalmente, portanto, ficava no Oriente, embora algumas Obediências o tivessem levado para o centro da Loja, em desacordo com suas origens,segundo Castellani .
Na maioria dos ritos, o Altar dos Juramentos está posicionado no Oriente, defronte ao Altar do V:.M:.,. No Rito de York, porém, o Altar dos Juramentos está posicionado sobre o Pavimento Mosaico, no centro da Loja. No R:.E:.A:.A:., sua posição original é no Oriente. Posteriormente, no ritual editado em 1980, o Altar foi posicionado no centro da Loja. O ritual de 1998 e o atual, de 2001, fizeram o Altar dos Juramentos retornar ao seu posicionamento original, no Oriente, defronte ao Altar do V:.M:.
Rizardo da Camino indica que “o Altar maçônico não tem forma nem medidas definidas ou convencionais; ora é construído no formato de um cubo ora de um triângulo e frequentemente de um quadrilátero; nada é colocado na parte interna” .
Embora paire divergência entre os autores consultados acerca da localização em Loja e do formato que deve ter, fato é que todos concordam que o Altar dos Juramentos não é simplesmente uma peça imprescindível no mobiliário maçônico. Muito mais do que isso, ele identifica a Maçonaria como uma instituição de cunho religioso.
A Maçonaria não é uma religião, mas é religiosa em sua fé e seus princípios básicos, em seu espírito e em seus propósitos. A Maçonaria não é uma religião, muito menos uma seita, mas um culto em que todos os homens podem se unir porque ela não pretende explicar, ou dogmaticamente estabelecer, o que ou quem é deus. Maçonaria e religião andaram juntas até esta última ingressar no feudo do sectarismo. A Maçonaria pretende unir homens, e não dividi-los.
Assim, o Altar dos Juramentos é um altar de fé – profunda e eterna fé que está na base de todo e qualquer credo religioso. Fé num Criador que é a pedra angular e a chave para compreensão de tudo. Fé sem a qual a vida se torna adivinhação e fraternidade se torna futilidade.
Ao mesmo tempo o Altar dos Juramentos é um Altar de Liberdade – não liberdade pela fé, mas liberdade da própria fé. Seja qual for a sua fé, pode o Maçom se unir aos seus irmãos. A Maçonaria, antes de ser operativa ou especulativa, é co-operativa. E cooperação se faz pela união.
O Altar dos Juramentos exorta sentimentos natos de respeito ao Criador, conduzindo o Maçom a se tornar o operário trabalhador e consciente, cujo labor de aperfeiçoamento moral e espiritual resultará no engrandecimento da Ordem em geral e no bem-estar de toda a Humanidade em particular .
E faz-nos lembrar também que o mais sagrado altar da Terra é a nossa própria alma – Templo interior de fé, esperança, pureza, tolerância e amor ao próximo.

Créditos ao autor Ir.'. Cícero D:.

ESPIRITUALIDADE MAÇÔNICA

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Nesta pequena prancha, irei tentar falar-vos de Espiritualidade, entendendo-a como a vida do espírito, e este, como o poder de pensar. Não deveremos confundir Espiritualidade com religião, que é apenas uma das maneiras de viver, ou com espiritualismo, que é apenas uma das maneiras de pensar. 
Entendo que a espiritualidade é uma dimensão da condição humana, mais do que o bem exclusivo de Igrejas, Religiões ou Escolas de pensamento. 
Tomo como pressuposto que existe uma Espiritualidade religiosa, que pode ser comandada por razões de fé, ou seja, de caráter esotérico, ou por razões de temor, ou seja, de caráter exotérico; e que existe também, entre outras, uma Espiritualidade totalmente diferente, de caráter individual, mas não solitária, libertária na sua essência, a que irei chamar Espiritualidade Maçônica. 
Será possível uma espiritualidade laica? Provavelmente, mais do que uma espiritualidade clerical ou do que uma laicidade sem espírito! Será possível uma espiritualidade sem Deus? Porque não? É aquilo a que tradicionalmente chamamos a Sabedoria, pelo menos numa das suas vertentes. Será necessário acreditar em Deus para que viva um espírito em nós? 
Passemos à etimologia. A palavra vem do latim spiritus, o que em grego seria traduzível por psukhê (a etimologia, nestas duas línguas, faz referência ao sopro vital, à respiração) e também por pneuma. Isto significa que a fronteira entre o espiritual e o psíquico é porosa... O amor, por exemplo, pode pertencer a ambos. A fé é um objeto psíquico como outro qualquer. Mas é também uma experiência espiritual. Digamos que tudo o que é espiritual é psíquico, mas nem tudo o que é psíquico é espiritual. O psiquismo é um conjunto cujo vértice ou extremo seria a Espiritualidade… 
Na prática, fala-se de Espiritualidade para a parte da vida psíquica que nos parece mais elevada: aquela que nos confronta com Deus ou com o absoluto, com o infinito ou com o todo, com o sentido ou a falta de sentido da vida, com o tempo ou com a eternidade, com a oração ou o silêncio, com o mistério ou o misticismo, com a oração ou a contemplação. É por isso que os crentes se sentem tão à vontade com ela. É por isso que os ateus têm (ou sentem?) tanta necessidade dela. Da Espiritualidade! 
A Espiritualidade, para os crentes, tem um objetivo claramente definido (mesmo que não conhecível), que será um sujeito, que será Deus. A Espiritualidade é aqui um encontro, um diálogo, uma história de amor ou de família. “Meu Pai”, dizem eles. Será isto espiritualidade ou psicologia? Mística ou afetividade? Religião ou infantilismo? 
O ateu é menos despojado ou menos pueril. Ele não busca um Pai, nem o encontra. Não instaura um diálogo. Não encontra um amor. Não habita uma família. Mas sim o Universo, o Infinito, o Silêncio, a presença do Todo. Não uma transcendência, mas sim a imanência. Não um Deus, mas o devir universal, que o contém e transporta. Não um sujeito, mas a presença universal. Não um Verbo ou sentido, mas a verdade universal. Mesmo que conheça apenas uma ínfima parte dela, isso não impede que ela o contenha completamente… 
Uma espiritualidade sem Deus? Será uma espiritualidade da imanência, mais do que da transcendência, da meditação mais do que da oração, da unidade mais do que do encontro, da fidelidade mais do que da fé, da “enstase” mais do que do “êxtase”, da contemplação mais do que da interpretação, do amor mais do que da esperança, e que será igualmente motivadora de uma mística, ou seja, de uma experiência da eternidade, da plenitude, da simplicidade, da unidade, do silêncio… 
Estou a crer que é exatamente na síntese destes dois extremos que se situa aquilo a que ouso chamar a Espiritualidade Maçônica. Mas antes de a procurar definir, deverei afirmar que é apenas no trabalho maçônico que ela poderá ser verdadeiramente aprofundada. 
Em primeiro lugar, importa esclarecer que a Maçonaria não sendo uma religião, é profundamente religiosa. É também pressuposto, em particular no nosso Rito, que o trabalho maçônico seja feito à glória do G.’.A.’.D.’.U.’.. No entanto, a Maçonaria não revela nenhuma verdade superior. Pelo contrário, convida os seus membros a procurarem a verdade para a realizarem em si mesmos, o que é profundamente diferente, colocando-os na via dessa procura e dessa realização, situando-se aqui o verdadeiro significado da iniciação. 
É na sua própria interioridade que cada Maçom deve descobrir a verdade, longe de qualquer ensinamento ou sistema dogmático que lhe seja administrado do exterior. Ao contrário da maioria das religiões ocidentais, a Maçonaria ensina-nos que a verdade é algo que se deve procurar! Não existe, contudo, qualquer incompatibilidade, para cada Maçom, entre o método maçônico (chamemos-lhe assim) e a verdade revelada da sua religião (se ele a tiver), desde que ele se mantenha um livre pensador… 
Admito que seja possível, por exemplo, um aprofundamento da espiritualidade religiosa para um cristão, através de uma busca interior no trabalho de Loja. É de qualquer modo inquestionável a origem cristã da Maçonaria, apesar de uma progressiva descristianização, por um lado, na Maçonaria inglesa, para uma melhor inserção dos judeus no seu seio, e na francesa, por outro lado, por influência do iluminismo. Esta temática caberá, contudo, noutro contexto). 
A tolerância é uma das principais virtudes da Maçonaria e do Maçon. Trata-se de uma atitude interior que repousa no respeito pela pessoa humana, pela liberdade de pensamento e pelo percurso intelectual e espiritual de cada um. É neste pressuposto que assenta a minha afirmação de que a Espiritualidade Maçônica é uma Espiritualidade Libertária: ao sugerir um caminho individual para a descoberta da verdade, constrói também um percurso libertador. Esse percurso adquire uma força particular no momento do diálogo: “P: Que vimos buscar em Loja? R: A LUZ!”. É essa Luz, que só o trabalho de Loja é capaz de nos transmitir, que permite a cada um de nós o aprofundamento da nossa própria espiritualidade. 
E o que é esse Trabalho de Loja senão o da Construção do Templo? Os Franco-Maçons colaboram conjuntamente na construção de um Templo, o que é determinante do carácter essencialmente colectivo da iniciação maçônica, (contrariamente por exemplo à alquimia, que é uma via iniciática solitária). Assim, se é no interior de si próprio que o Maçon encontra a sua espiritualidade, é no trabalho coletivo da Loja que ele absorve o método para a aprofundar. 
A colaboração no mesmo projeto permite a construção de uma unidade fraternal e espiritual, que assenta na harmonia da Loja, como nós bem sabemos. A construção dessa unidade fraterna e espiritual que é a Loja é o primeiro nível em que se edifica o Templo em que trabalham todos os Maçons. O segundo nível é o da Ordem no seu conjunto. O terceiro, o da Humanidade no seu todo, através da irradiação que os Maçons devem exercer em seu torno, no mundo profano. Reside aqui o verdadeiro significado simbólico e operativo da Cadeia de União. 
Poderemos, deste modo afirmar, em jeito de síntese, que a Espiritualidade Maçônica consiste na busca individual da Verdade, que se atinge através da Luz, assente num trabalho coletivo que consiste na construção de um Templo à glória do G.’.A.’.D.’.U.’., e pressupondo o desbaste da pedra bruta que é cada um de nós, tendo por base a tolerância. 
Esta tarefa é libertadora porque nos ajuda a combater a injustiça, os preconceitos e os erros, e realiza-se no espaço infinito do Templo, que é cada um de nós, a Loja, a Maçonaria Universal e toda a Humanidade, e na trilogia do tempo, que a nossa língua permite integrar: o metereológico (a coberto), o cronológico (do meio dia até à meia noite) e o kairológico (em cada momento é o tempo certo). 
Porque a harmonia é um acordo feliz e agradável entre vários elementos simultâneos mas independentes uns dos outros, que condiciona a Beleza…, a vontade, a perseverança e o trabalho são o verdadeiro sustentáculo da Força…, atingiremos um dia a Sabedoria, através da busca da Verdade, que consiste no aprofundamento da nossa Espiritualidade individual!
Ir.'. P.'.C.'.

O PENSAMENTO FILOSÓFICO DA MAÇONARIA

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Não é costume da maçonaria discutir sua doutrina fora dos seus templos, porém, sintonizado com a necessidade de maior aproximação com o mundo que nos rodeia, ao qual todos nós pertencemos, levou-me a tomar a decisão de expor um pouco da nossa filosofia, do nosso pensamento.
Permitam-me, que num esforço de síntese, provavelmente superior à minha capacidade intelectual, possa trazer-lhes algumas considerações sobre nossa filosofia de pensamento, nosso simbolismo.
No inicio do século XVIII apareceu em Londres uma sociedade, provavelmente já existente antes (há passagens bíblicas superponíveis ao seu simbolismo), ao qual ninguém sabe dizer de onde vinha, o que era e o que procurava. Expandiu com incrível rapidez pela Europa Cristã, principalmente na França e Alemanha, chegando até a América. Homens de todas as classes sociais, étnicas e religiosas entraram para o seu circulo – chamavam-se, mutuamente, de Irmãos.
Esta sociedade, intitulada Associação dos Pedreiros Livres, atraiu a atenção dos governos; foi perseguida; foi excomungada por dois Pontífices; suas ações levantavam suspeitas odiosas. No entanto ela resistiu a todas estas tempestades, difundindo-se, cada vez mais, até chegar aos nossos dias.
Podemos dizer que basicamente existem três correntes de pensamento maçônico:
- Maçonaria inglesa, de cunho tradicionalista, observadora e seguidora dos rituais; mantém-se imutável nos seus três séculos de existência documentada. É estática e conservadora.
- Maçonaria francesa, embora originária da Britânica, sofreu alterações através dos tempos, ditadas pelas condições do meio em que se desenvolveu, adquirindo feição mais latina, tornando-se conhecida pela ação exercida por seus membros, como cidadãos, nas áreas política, social e religiosa. A maçonaria brasileira e dos demais países hispano-americanos são, filosoficamente, a ela filiados. Formada no meio hostil e intolerante à liberdade de pensamento, partiu para a luta que visava transformar estas condições adversas. São muito vivas e documentadas as lembranças de sua participação na Revolução Francesa, quando sobressaíram grandes maçons como Danton, Robespierre e Diderot; na independência de quase todos os países da América Latrina, com a participação efetiva de notáveis maçons, como Simon Bolívar, San Martim, Sucre e Francisco Miranda; na independência do Brasil e na proclamação da republica, para citar alguns irmãos da Ordem, como Dom Pedro I, José Bonifácio, Gonçalves Ledo, Deodoro da Fonseca, Rui Barbosa, Floriano Peixoto, Quintino Bocaiúva, dentre outros.
- Maçonaria Alemã, voltada para os estudos filosóficos de alta indagação: Goethe, Kant e Fichte são exemplos de filósofos e literatos que honraram nossa Instituição com suas adesões.
A maçonaria resistiu à prova do tempo, enquanto muitas outras organizações, aparentemente similares, desapareceram. Isto aconteceu porque ela é, por principio, uma Instituição com propósitos universalistas. A “sociedade separada dos maçons” se distingue da “grande sociedade humana” porque ela se isola para impedir a visão unilateral da divisão de trabalho, atingindo, com isto, a síntese da cultura humana.
A Igreja se opõe a outras Igrejas, o Estado a outros Estados, a Maçonaria não; ela toca no santuário do espírito, o problema ético individual; ela atua sobre a república dos espíritos, administra o pluralismo de opiniões.
Esta Instituição exalta tudo o que une e aproxima as pessoas e repudia tudo aquilo que divide e as isola. Isto acontece porque ela aspira, por principio, fazer da humanidade uma grande família de Irmãos e para atingir este desiderato, se põe sempre a serviço dos movimentos moralizadores e dos bons costumes.
Ela prepara o terreno onde florescerão a justiça e a paz. Sua única arma é a espada da inteligência; sabe que o único modo de produzir, mesmo socialmente, uma mudança profunda e durável de uma sociedade, é trabalhar para modificar a sua mentalidade.
Os pilares que sustentam esta vontade indomável de transformar, primeiro o homem e, por corolário, todo o universo dos homens, são três palavras mágicas: liberdade, igualdade e fraternidade.
“O amor à liberdade foi-nos dado juntamente com a vida e dos presentes do céu, o de menos valor é a vida” afirmou Goethe, o famoso literato alemão e nosso Irmão de Ordem; afirmo eu, corroborado pelos registros da história, que em nenhuma parte do mundo, jamais houve um grito de liberdade para um povo que não houvesse sido apoiado pela Maçonaria.
A liberdade é a essência intima e supremo desejo do homem e os indivíduos, pela sua colaboração mútua, visam criar uma alma coletiva; embalados pelo sopro do vento que libera os grilhões do obscurantismo, “A filosofia verdadeira, no dizer do grande filósofo e irmão de Ordem, o alemão Fichte, considera o pensamento livre como a fonte de toda a verdade independente”.
No que diz respeito à igualdade, a maçonaria reconhece que todos os homens nascem iguais e as únicas distinções que admite são o mérito, o talento, a sabedoria, a virtude e o trabalho.
Para dizer o pensamento da Ordem sobre a fraternidade, peço licença para repetir o que disse outro maçom, o imortal Victor Hugo: “A civilização tem suas frases, estas frases são séculos. A lógica das frases, expressão da idéia Divina, se condensam na palavra Fraternidade”.

Créditos devidos ao autor Ir.'. HÉLIO MOREIRA

O COBRIDOR INTERNO DE CADA UM

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Todos os códigos e preceitos morais, estabelecidos em todas as épocas, têm um denominador comum: a separação entre o que é bom e o que é mau. Fazer o que é bom é moralmente correto. O que modifica é o conceito de BEM, variável segundo a cultura e evolução de um povo, em cada época. Variável também sob influências religiosas. Até mesmo a situação geográfica poderá influir no conceito do bem e do mal.
O homem primitivo, o Pithecantropus erectus, provavelmente era dotado de uma consciência rudimentar, não vivendo muito diferente dos outros animais. Mas, através dos milênios, o homem foi adquirindo autoconsciência, tomando conhecimento de si mesmo e do mundo à sua volta. Através da autoconsciência, o homem cria possibilidades de níveis mais altos de integração. Nesse estágio, o homem sabe que sabe e tem a faculdade de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados, distanciando-se, deste modo, de outras espécies animais.
À medida que o homem, individualmente ou como raça, evolui, expandindo sua consciência, vai tornando mais complexa sua relação com o mundo e com si mesmo, porque outros fatores tornam-se importantes na estruturação de sua conduta moral. Um exemplo significativo, que me veio agora à mente: a escravidão de seres humanos. Há os relatos bíblicos a respeito desse assunto e, mais próximo de nós, a escravidão humana, oficializada em nosso país, até há bem pouco tempo. Era normal o senhor rico, dono de terras, construtor de igrejas (religioso portanto) ter os seus escravos, a quem tratava como animais, separados em senzalas, sem direitos e sujeitos a castigos inomináveis. Ah, mas havia os senhores bons! Até que ponto eram bons? Porque castigavam menos?
O que eu quero dizer é que, moralmente, era tido como correto ter, entre seus bens, os escravos. Além de tudo, amparado por lei. E ninguém tinha dor de consciência porque, além de legal, os limites das consciências de então eram muito estreitos, pautavam-se por padrões que hoje até nos horrorizam, e são incompreensíveis para nós. Havia as exceções, e entre estas, orgulhosamente, os maçons.
Outro exemplo é a separação de classes, mais evidente nos antigos, não tão antigos, reinados da Europa. A distância entre a plebe e a nobreza, odiosa, era uma coisa “natural”. Como era natural mandar alguém para a fogueira simplesmente por admitir fatos, tidos como heréticos, e que hoje qualquer pessoa admite como se nunca houvesse sido diferente. Mutatis mutandis, hoje é a mesma coisa, com outra roupagem, basta ler os jornais e ver a televisão. As condutas morais em nosso tempo, estribadas na maior parte em leis, estão a exigir outras “revoluções francesas”. Revoluções brancas, sem dúvida, porque de 1.792 até agora, a humanidade evoluiu um pouco e, em vez de paus, porretes, sabres ou baionetas, temos o voto, arma silenciosa porém, de uma eficácia ainda não percebida por todos.
Retomando o fio do raciocínio: à medida que o homem cresce interiormente, tomando consciência dos valores intrínsecos da alma, seus padrões morais também se modificam, tornam-se mais sutis, havendo maior exigência de si mesmo no comportamento moral. Há a influência do meio, da estabilidade social, da religiosidade, da cultura própria de seu país e de muitos outros fatores.
De qualquer maneira que se olhar o padrão moral do homem, ou de um povo, uma coisa é certa: a consciência é o fator principal na crivagem do bem e do mal.
A consciência é o Cobridor Interno. É o guardião permanente de nossa conduta. A todo momento, em nosso dia-a-dia, nos relacionamentos profissionais ou familiares, a nossa consciência é abordada no sentido de responder às questões que surgem. É ela quem nos diz: isso é bom ou isso é mau. Por isso, é preciso reflexão antes de tomarmos decisões, na base do sim ou do não. Uma conduta impensada, uma frase inoportuna e mal colocada, poderão trazer-nos dissabores o resto da vida, porque agimos contra a consciência, que não teria sido ouvida devidamente.
Tomemos tento, portanto, em nosso guardião interno. Falar e agir, segundo seus ditames. Se ele nos diz, não faça isso, não façamos.
De um modo geral, o que não gostaríamos que nos fizessem, não devemos fazer a outrem. Agindo assim, teremos um bom caminho andado para vivermos felizes e cheios de amigos, não sendo necessário abandonar nossos princípios e nem pactuar com atos indignos ou incorretos.
Num homem pouco evoluído, no entanto, esses limites de consciência não tem a mesma dimensão da de um homem com mais madurez de alma e, assim, o mal praticado por alguns, não teria para os seus praticantes o mesmo nível moral. Praticam o mal sem se aperceberem do desvio moral em que estão incorrendo. É necessário apenas um pouco de atenção para percebermos isto, em nossos relacionamentos imediatos ou não. (Um exemplo recente é o do deputado “pianista”, no Congresso. Para muitos de seus pares, e para ele próprio, um deslize pequeno não significa ser desonesto. . . questão de ponto de vista).
Em nossos Templos, em fora deles, temos um campo imenso para exercitar a consciência – e expandi-la. No silêncio de nosso Templo Interior, abriga-se a alma, com os atributos que lhe foram dados pelo Grande Arquiteto do Universo, Deus.
Quando tivermos consciência de todo o nosso potencial espiritual, estaremos prontos para sermos maçons, em plenitude.

Créditos devidos ao autor Ir.'. FAUSTO RODRIGUES DO VALLE

A RELIGIÃO E A MAÇONARIA

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Até hoje ouvimos questionamentos a respeito da nossa religiosidade, ou por outra, qual é a religião que professamos; muitos de nós maçons não estamos adequadamente preparados para responder a este questionamento de modo convincente, porém, acho que podemos e devemos dizer com toda tranquilidade:
- Maçonaria não é religião e não existe nenhum dogma religioso que force os seus membros a aceitá-lo; nós maçons simplesmente acreditamos na existência de um Ser Supremo, independente da crença de cada um dos seus membros.
A maçonaria, com suas milhares de lojas, esta presente em quase todos os países do mundo e desde o inicio da sua existência comprovada e documentada (1717) ela nunca foi sectária com qualquer religião e nunca promoveu ou aceitou que uma crença religiosa seja superior a uma outra.
Não existe um Deus maçom, para nós ELE é o Grande Arquiteto do Universo, que reverenciamos, porém, sem sectarismo, não oferecemos plano de salvação da alma após a morte; a maçonaria é uma invenção humana e nunca tivemos a pretensão de que as nossas cerimônias sejam guiadas pelas mãos de Deus.
Se acreditamos em um Ser Supremo, estamos descartando a presença de uma pessoa atéia em nossos templos, pois, ao pretender iniciar na nossa Ordem, o candidato precisa confirmar esta sua crença pessoal em um Deus Supremo; nenhuma loja maçônica regular pode abrir seus trabalhos sem que a Bíblia ou outro livro sagrado adotado por seus membros, esteja aberto no altar; assim como nominamos Deus com a expressão GADU, o livro que é aberto no altar é denominado Livro sagrado da Lei que, dependendo do local onde está sendo realizada a sessão, poderá ser A Bíblia Cristã, O Corão - Muçulmano, Tanach - escrituras Hebréias, Veda- Indu, ou mesmo os provérbios de Confúcio; em Israel são abertos três livros simultaneamente: a Bíblia, o Tanach e o Corão.
Todos os maçons são obrigados a fazer os juramentos que forem necessários, colocando a mão sobre um destes Livros Sagrados; se um indivíduo não acredita em um poder maior que ele mesmo, o juramento não terá nenhum significado para sua consciência.
Em algumas partes do mundo, Escandinávia, por exemplo, algumas lojas maçônicas exigem que os membros sejam cristãos e no Grande Oriente da França, considerada irregular por quase todas as potências maçônicas do mundo, é permitida a presença de ateístas como membros das lojas; alguns graus do Rito York e do Rito Escocês, apresentam temas Cristãos, usando como exemplos o Novo Testamento; embora nestes graus tenhamos lições de moralidade, , não existe a necessidade de se acreditar no Cristianismo, pois muitos Judeus maçons freqüentam estes graus, sem no entanto serem crentes de Cristo.

A Maçonaria e os Evangélicos
Não existe dúvida que a maçonaria nos Estados Unidos é constituída, em sua imensa maioria de membros, de Protestantes Anglo-saxônicos, aliás, em quase todos os países de língua inglesa o fenômeno se repete; a maioria absoluta dos corpos dirigentes dos protestantes nos Estados Unidos não fazem objeção a que seus membros sejam maçons, embora, eventualmente surjam vozes discordantes, como o ocorrido recentemente na Convenção da Igreja Batista do Sudeste, a maior associação de Batistas dos Estados Unidos que anunciou que a maçonaria é inconsistente com a crença que professam.
Na verdade o grande problema existente entre a maçonaria e os protestantes é a presença de grupos fundamentalistas e estes fazem objeção que os seus membros frequentem a maçonaria; a razão é o fato de que alguns dos seus ministros encorajam seus membros a “revelarem” sua fé em qualquer lugar e a qualquer hora; como na loja maçônica não há espaço para esta atividade, pela proibição de se fazer pregação sobre qualquer religião, torna-se impossível a pretendida pregação.
Sabemos, juntamente com alguns milhões de homens, através de mais de três séculos, que se tornaram membros desta Ordem Fraterna e dezenas de milhares deles eram Ministros religiosos, Rabinos, Bispos ou outros teólogos, que nenhum deles (que foram membros) confirmaram estas mentiras.
Há alguns anos, um irmão mestre maçom, da nossa Loja pediu “quit-place” e tive a oportunidade de conversar com ele, indagando-lhe a razão daquela atitude, respondeu-me que a igreja a que ele pertencia (não sei qual, porém, tenho certeza que era uma destas fundamentalistas que citei acima); não desejava que ele continuasse na Ordem; por que? Quis saber.
Ele então me respondeu, com toda sinceridade:
- Existem segredos na Ordem que só são revelados para os que atingem o grau 33 em uma cerimônia satânica de iniciação, ali são revelados o real desiderato da Ordem: dominar o mundo, impedindo o progresso da minha religião e o fato de nenhum membro poder expor sua fé e revelar para os outros irmãos o caminho da salvação dentro da Loja, mostra o poder deste segredo que não é revelado para todos os outros irmãos.

A Maçonaria e os Judeus
A maçonaria não tem nenhum conflito com o judaísmo; os primeiros judeus a iniciarem em uma loja maçônica fizeram em Londres por volta de 1721, justamente em uma época em que a sociedade européia se recusava a aceitar os judeus no seu meio, impedindo-os, inclusive, de assumir qualquer nacionalidade.
Voltando um pouco na história é preciso se lembrar da Peste bubônica que dizimou quase um terço da população européia no ano de 1.300 e os Judeus foram considerados culpados por este acontecimento, estes e outros eventos semelhantes deixaram marcas indeléveis na vida deste povo.
Ao serem aceitos na Loja maçônica, sentiram o fato como o símbolo da liberdade e da igualdade, em contraste com a sociedade que lhe afligia restrições; a loja foi o lugar onde Cristãos e Judeus sentaram-se lado a lado em igualdade de condições.
Alguns de nossos rituais levam-nos ao Velho Testamento, cujo conteúdo podemos dividir com os Judeus os ensinamentos dalí emanados, principalmente nossos primeiros três graus, que fazem referências a construção do templo de Salomão, construído pelos judeus.
Apesar de assistirmos, imobilizados, mais de seis décadas de violência no Oriente Médio, provocada pela criação do Estado de Israel em 1948, a maçonaria é muito forte em Israel, existindo ali cerca de 50 lojas, com Judeus, Cristãos e muçulmanos trabalhando juntos; o selo oficial da Grande Loja de Israel inclui a estrela de David, a Cruz Cristã e a lua crescente dos muçulmanos.
Em São Paulo existe uma loja maçônica quase que exclusiva de Judeus, o venerável da mesma é um médico cirurgião do aparelho digestivo e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, meu amigo Dr. Bruno Zilberstein.

A Maçonaria e o Islamismo
Como ocorre com o judaísmo e o Cristianismo, a maçonaria não tem conflito com o Islamismo, embora, no momento, apenas o Marrocos, Líbano e Turquia, dentre os países muçulmanos, aceitam as lojas maçônicas no seu território; em vários países Islâmicos, ser maçom pode resultar em sentença de morte
Há cerca de quatro anos estive em Istambul na Turquia, quando tive a oportunidade de visitar uma loja maçônica, onde fui recebido com enorme carinho por dois maçons que lá estavam; mostraram-me o interior da loja, onde fui fotografado em frente ao altar.
A história da relação da maçonaria com a Turquia é um capítulo à parte, a Ordem teve no passado grande dificuldade naquele país; tudo começou com o Papa Clemente XII que, como sabemos, excomungou a nossa ordem em 1738; naquela época era Sultão do Império Otomano, Mahmut I que, por conveniência política, seguiu à risca a bula Papal, proibindo a presença da maçonaria em todo o Oriente Médio e na África do Norte.
Na década de 1920 iniciou-se a chamada guerra pela Independência Turca, que foi um conjunto de levantes militares e políticos, capitaneados pelo maçom Mustafá Kemal Atatuk e que culminou com a dissolução do Império Otomano em 1922.
Logo após assumir a presidência do país em 1923, Atatuk iniciou o processo de separação entre a religião e o Estado ( O Islamismo deixou de ser religião do Estado em 1928), da generalização da instrução, permitindo o voto à mulher (aliás, antes de Portugal) e a incorporação do alfabeto latino, em vez do Árabe (hoje o árabe é utilizado apenas para assuntos religiosos, pois o Alcorão é escrito em Árabe); além disto ele aboliu a obrigatoriedade do uso do véu pelas mulheres.
Estas movimentações iluministas possibilitaram o retorno da maçonaria ao território turco, hoje com muita atividade laborativa; pelas pesquisas que efetuei, fiquei sabendo que ele, Atatuk, pertenceu a Loja maçônica “Italiana Macedônia Resorta Veritus” de Ancara.
Atatuk governou a Turquia por 15 anos, hoje existe um museu e Mausoléu em Ancara (capital da Turquia) em sua homenagem, ocupando uma área de 750 mil metros quadrados; em quase todas as cidades turcas existem monumentos em sua homenagem, tive a oportunidade de ver uma sua estátua em Istambul, a maior cidade da Turquia, situada no estreito de Bósforo.

A maçonaria e o Catolicismo
Sabemos que temos alguma dificuldade de relacionamento com a cúpula da igreja católica, tudo começou com o Papa Clemente XII que editou, em 1738 uma bula, ameaçando com excomunhão qualquer católico que aderisse à maçonaria, várias outras bulas foram editadas tendo como foco a maçonaria, porém, a mais violenta delas foi a do Papa Leão XII em 1882 (Humanum Genus). Ele dividiu o mundo em dois reinos, de Deus e de Satã e a maçonaria foi incluída no reino de Satã.
Embora o Canon católico editado em 1983, não faça referência explícita à maçonaria, coisa que acontecia nas outras bulas (consideravam, todas elas, a maçonaria uma instituição subversiva, sob o ponto de vista político e religioso); levou muitos católicos sinceros na fé, a procurar as lojas maçônicas para se iniciarem, porém, no mesmo ano de 1983, o Cardeal Ratzinger, que depois tornou-se o Papa Benedito XVI, na época presidente da Sacra Congregação para a Doutrina da Fé, fez um esclarecimento, dizendo que não houve nenhuma mudança e que se um católico se tornar um maçom, poderá não receber a comunhão da igreja.
Embora no Brasil, especialmente em Goiás, não tenhamos, como instituição, nenhuma dificuldade na convivência com a igreja católica, a situação continua um pouco confusa, se formos observar o que existe de documentação. O maçom sabe que não existe conflito entre a sua religião e a nossa fraternidade, frequenta as duas instituições sem nenhuma crise de consciência.
Como maçom e católico considero uma grande pena estes acontecimentos, pois, no passado tivemos (figuras eclesiásticas da igreja católica e a maçonaria) relacionamento que permitiu algumas epopéias da história do Brasil; aproveitando a aproximação da data da nossa independência, para apenas referir a um acontecimento, está registrada na historiografia (nada pode mudar estes fatos), que vários padres ombrearam com a nossa instituição na luta pela Independência.
Um dos locais, considerado o Centro da Conspiração do movimento da Independência, era o Convento de Santo Antonio, no largo da Carioca no Rio de Janeiro, onde vivia o maçom, membro e ex-orador da Loja Comércio e Artes, Frei Francisco Sampaio; ali se reuniam, junto com Frei Sampaio, dentre tantos outros, os maçons Gonçalves Ledo, Cônego Januário Barbosa, José Joaquim da Rocha.
Se quisermos basear em informações divulgadas por historiadores não maçons, basta consultar “João Dornas Filho- Os Andradas na História do Brasil” para se inteirar da sua afirmativa: “A Lêdo e ao Cônego Januário se deve a proclamação ao Imperador, forçando-o ao Fico” ; precisa mais evidência para esta combinação de esforços entre a Igreja católica e a maçonaria?
Tivemos sob nosso teto, como maçons convictos, uma grande quantidade de padres, cônegos e frades, inclusive dois bispos – Dom Azeredo Coutinho, de Olinda e Dom José Caetano da Silva Coutinho, Bispo da Diocese do Rio de Janeiro.
Na atualidade, como assinala o escritor maçom João Bosco Corrêa, o grande acontecimento foi a missa celebrada por Dom Avelar Brandão Vilela, na Grande Loja Liberdade, no natal de 1975, com grande repercussão, tanto no Brasil como no exterior.
Tivemos no passado, na época do Império, uma grave crise entre a Igreja católica e a Maçonaria, porém, acredito que este poderá ser assunto para outra oportunidade, uma vez que alongamos mais do que devíamos esta exposição.

Créditos devidos ao autor Ir.'. HÉLIO MOREIRA

V.I.T.R.I.O.L.

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V.I.T.R.I.O.L. não é exatamente uma palavra. Trata-se de um grupo de palavras formando uma frase de origem latina, com significado de grande profundidade e muito peculiar. Cada uma das letras corresponde à inicial de uma palavra e o conjunto delas forma a sigla: VITRIOL.
SIGLA, segundo está definido em alguns bons dicionários e enciclopédias, é uma espécie de abreviatura formada de iniciais ou primeiras sílabas das palavras de uma expressão que representa nome de instituição, entidade comercial, industrial, administrativa ou esportiva, como: ONU por Organização das Nações Unidas; BNDES por Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; CBD por Confederação Brasileira de Desportos; PTB por Partido Trabalhista Brasileiro; DETRAN por Departamento de Trânsito. Pode designar também a letra inicial usada como abreviatura em manuscritos, medalhas e monumentos antigos; ou ainda como sinal cabalístico, rubrica, marca, sinal representativo de corporação, firma, profissão, etc.
VITRIOL é, portanto, a sigla composta das iniciais das palavras do Latim, que integram a frase: “Visita Interiora Terrae Rectificandoque Invenies Occultum Lapidem”, ou seja, “Visite o Interior da Terra e Retifique Integralmente a Oculta Lápide”. Existe toda uma complexa explanação alquímica, para explicar o que venha a ser “Oculta Lápide” ou “Pedra Oculta”, também conhecida como “Pedra Filosofal” ou “Pedra do Sábio”. Nós Maçons, poderíamos chamá-la de “Pedra Cúbica”, ou talvez, até de “Pedra Polida”.
Na verdade esta viagem ao interior da Terra está também revestida de profundo simbolismo. Ninguém poderia imaginar uma viagem penetrando perpendicularmente rumo ao centro da Terra, onde existe lava incandescente a temperaturas altíssimas! – Júlio Verne talvez – O que de fato está proposto é uma busca introspectiva, possivelmente lenta, porém, persistente e gradual, na busca do conhecimento.
No processo ritualístico pelo qual passa o candidato a Aprendiz Maçom, consta sua permanência na “Câmara de Reflexões”. Seria ali, num ambiente sombrio, cercado de um grande número de objetos e símbolos, com tantos significados distintos, que ele empreenderia a dita viagem ao interior de si mesmo? Num momento de extrema tensão, sem saber a razão pela qual estava naquele lugar, senão por suas próprias deduções nem sempre muito coerentes, devido às circunstâncias, sem saber por quanto tempo permaneceria ali, nem o que estava por vir...
Alheamento – Silêncio:
Embora o nome “Câmara de Reflexões” sugira introspecção, as condições são bastante adversas e o tempo insuficiente para aquela viagem proposta e defendida por Sócrates, “conhece-te a ti mesmo”. Esta busca, além de muita dedicação e estudo, requer um estado de espírito absolutamente sereno, isento de preocupações de qualquer natureza.
A iniciação nos Augustos Mistérios representa tão somente um marco decisório, a intenção de perseguir a partir dali, o aperfeiçoamento moral, espiritual e o compromisso de buscar o conhecimento que lhe fará uma pessoa melhor a cada dia. A transformação não acontece num passo de mágica, apenas com a sagração a Aprendiz Maçom.
A sigla VITRIOL, vem sendo usada até mesmo como método de formação e treinamento de empreendedores (VENDEDORES). É o mercantilismo da filosofia onde ela deveria ser tratada com o maior respeito, pois se encontra em seu estado mais sublime e puro. Por ser uma sigla formada a partir de uma expressão em Latim, e de fundo profundamente filosófico, ela permite múltiplas interpretações, especulações e divagações... Sabemos que as traduções nem sempre representam com fidelidade o pensamento contido no texto original, pois as palavras têm conotações próprias para cada idioma. Quando tratamos de coisas subjetivas, alegóricas ou místicas, aí então fica bem mais difícil uma tradução linear. Quer nos parecer que o mais adequado seria uma versão, ainda que ela não coincidisse com as letras da sigla, mas que expressasse seu verdadeiro sentido. Algo como: “Busque no interior de si mesmo o aperfeiçoamento de seu caráter”.
Se quisermos divagar um pouco sobre o tema VITRIOL do ponto de vista maçônico, podemos deduzir que a Câmara de Reflexões é uma caverna, ou o interior da terra, onde o profano (candidato) passa pelo processo de renascimento. Da morte material para o renascer espiritual. O “retificar-se” pode ser entendido como tornar seu comportamento reto, isento de desvios, ou seja; abolir os vícios, para ser um novo indivíduo, com novos padrões de conduta. Assim será revelada ao novo homem, a pedra bruta que existe dentro de si e que precisa ser trabalhada.
Não é suficiente ter conhecimento da existência de tal pedra, se nada for feito no sentido de desbastar suas arestas, de remover suas imperfeições. É necessário aprimorá-la na prática de boas ações, no exercício do amor ao próximo, dedicação familiar, fraternidade, humildade, tolerância e respeito. Se a pedra não for trabalhada, de nada vale sabermos que ela existe.
Na frase latina, a palavra terrae tem uma conotação bastante distinta do que sugere o significante: Terra, que designa um planeta do sistema solar. Esta mesma palavra pode tomar um sentido conotativo bastante diferente, sendo entendida simbolicamente como útero materno; local onde somos gerados. (Cabe aqui uma breve explanação sobre significante e significado. A palavra tomada isoladamente ou num determinado contexto; sentido denotativo ou conotativo – Exemplo: papagaio = ave da família das psitaciformes; pessoa tagarela, repetitiva; pandorga, pipa; nota promissória; bilhete; exclamação.) O retorno ao útero (visita) significando a possibilidade de um renascimento. Renascer uma pessoa melhor, de caráter reto (retificandoque), despido das imperfeições e dos vícios que carregava. Como? – Encontrando (invenies) a pedra oculta (occultum lapidem) e trabalhando-a para torná-la justa e perfeita. Estando ciente de que a tal pedra existe e que ela se encontra no interior (interiora) de cada um de nós, está dado o primeiro passo. Depois será a busca do conhecimento.
Quem quer que se empenhe na dura obra do seu aperfeiçoamento espiritual deve penetrar no âmago do seu ser, com o propósito sincero de encontrar e eliminar todas as imperfeições por ventura encontradas. E elas certamente não serão poucas. Este caminho a percorrer haverá de levá-lo à descoberta da Pedra Filosofal ou Pedra Polida; que é o princípio, a Centelha Divina que repousa viva dentro de cada um de nós.
Quando nascemos, trazemos algumas características genéticas que podem nos predispor a desenvolvermos certas doenças ou aptidões intelectuais. Entretanto, nosso caráter é uma folha de papel em branco, na qual irá aos poucos sendo impresso tudo aquilo que nos for transmitido. O bem ou o mal não existem em si mesmos, intrinsecamente. Eles serão desenvolvidos de conformidade com o meio, com os hábitos desenvolvidos, práticas ou costumes, através da educação recebida no lar e da educação formal. Só mais tarde adquirimos um nível de consciência capaz de discernir ou escolher entre o que seria o bem ou o mal, de conformidade com o que tenha sido impresso na folha de papel de que falamos. A tendência natural é preponderar o que tenha maior peso em nosso aprendizado. Nossos valores podem ser modificados mesmo na fase adulta, mas o processo é bem mais complexo e demorado.
Nesses tempos modernos em que vivemos, quando se valoriza sobremodo os bens materiais, superestimando o ter em detrimento do ser, e somos invadidos todo tempo por uma avalanche de informações, quando os falsos alquimistas nos vendem suas fórmulas mágicas para o enriquecimento, enquanto a ganância de povos e nações promove guerras e agressões à natureza colocando em risco a existência da humanidade, parece não haver tempo para reflexões. Tudo é urgente. O aqui e agora não nos permite sequer educar convenientemente nossos filhos. A tecnologia, a Internet, os vídeo-games estão a substituir a educação paterna indo aos poucos minando até mesmo culturas milenares como a dos asiáticos. Parece que nos resta gritar por socorro ao espírito de Sócrates que nos ajude na tentativa desesperada de conhecermo-nos a nós mesmos! Logrando tal intento, é nosso dever como Maçons, sermos o sal da terra. Isto é, transmitir esse conhecimento a outras pessoas. Assim estaremos contribuindo para um mundo melhor; mais humano, menos violento, possivelmente mais fraterno, com menos corrupção, mais justo e perfeito.
Portanto, meus irmãos, a prática de uma VITRIOL faz bem, é necessária e não tem contra-indicação...


Créditos devidos ao autor Ir.'. RUI GONÇALVES DOCA

A Maldição lançada por Jacques DeMolay

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No momento em que era amarrado no pelourinho, DeMolay gritava:
" - Vergonha! Vergonha! Vós estais vendo morrer inocentes. Vergonha sobre vós todos".
Enquanto DeMolay queimava na fogueira, ele disse suas últimas palavras:
"- Nekan, Adonai!!! Papa Clemente... Cavaleiro Guillaume de Nogaret... Rei Filipe; Intimo-os a comparecerem perante o Tribunal do Juiz de todos nós dentro de um ano para receberdes o seu julgamento e o justo castigo. Malditos! Malditos! Todos malditos até a décima terceira geração de suas raças!!!
Após essas palavras, Jacques DeMolay, inclinou a cabeça sobre o ombro e entregou sua alma ao Pai Celestial.
Do Palácio Real, Filipe assistia a morte de DeMolay e ouvira suas palavras. Ficou em silêncio mas bastante assustado. Mais tarde comentou com Nogaret: "Cometi um erro, devia ter mandado arrancar a língua de DeMolay antes de queimá-lo."
Quarenta dias depois, Filipe e Nogaret recebem uma mensagem: "O Papa Clemente V morrera em Roquemaure na madrugada de 19 para 20 de abril, por causa de uma infecção intestinal", Filipe e Nogaret olharam-se e empalideceram.
Rei Filipe IV, o Belo, faleceu em 29 de novembro de 1314, com 46 anos de idade, quando caiu de um cavalo durante uma caçada em Fountainebleau.
Guillaume de Nogaret acabou falecendo numa manhã da terceira semana de dezembro, envenenado.
Após a morte de Filipe, a sua dinastia, que governava a França a mais de 3 séculos, foi perdendo a força e o prestígio. Junto a isso veio a Peste Negra e a Guerra dos Cem Anos, a qual tirou a dinastia dos Capetos do poder, passando para a dinastia dos Valois.
Hoje tomamos Jacques DeMolay como símbolo de lealdade e tolerância e lembramos dos seus feitos de coragem, homenageando-o, colocando o seu nome em nossa Ordem.
Outras fontes indicam uma outra versão da Última Prece proferida por Jacques DeMolay no Cadafalso
"Senhor, permiti-nos refletir sobre os tormentos que a iniqüidade e a crueldade nos fazem suportar.
Perdoai, ó meu Deus, as calúnias que trouxeram a destruição à Ordem da qual Vossa Providência me estabeleceu chefe.
Permiti que um dia o mundo, esclarecido, conheça melhor os que se esforçam em viver para Vós.
Nós esperamos, da Vossa Bondade, a recompensa dos tormentos e da morte que sofremos para gozar da Vossa Divina Presença nas moradas bem-aventuradas.
Vós, que nos vedes prontos a perecer nas chamas, Vós, que nos vedes prontos a perecer nas chamas, vós julgareis nossa inocência.
Intimo o papa Clemente V em quarenta dias e Felipe o Belo em um ano, a comparecerem diante do legítimo e terrível trono de Deus para prestarem conta do sangue que injusta e cruelmente derramaram."
Esta é uma outra versão da prece proferida no dia 18 de março de 1314, no momento em que o
Grão-Mestre Jacques DeMolay e seu fiel companheiro foram supliciados.
Os gases letais interromperam o anátema, DeMolay dobrou-se e perdeu os sentidos. O impacto inesperado deixou a multidão estarrecida. Não esperavam essa reação, mas cada um sentiu em si o peso da injustiça e a certeza que a maldição se cumpriria. Quarenta dias depois, Felipe e Nogaret receberam uma mensagem "o Papa Clemente morrera". Felipe e Nogaret olharam-se e empalideceram, no pergaminho dizia que a morte ocorrera entre o dia 19 e 20 de abril. O Papa Clemente morreu pôr ingerir esmeraldas reduzidas a pó( para curar sua febre e um ataque de angústia e sofrimento) que provavelmente cortaram seus intestinos. O remédio foi receitado por médicos desconhecidos, quando retornava a sua cidade natal. Guilherme de Nogaret veio a falecer numa manhã da terceira semana de Maio, envenenado por uma vela feita por Evrard, antigo Templário, com a ajuda de Beatriz d'Hirson. O veneno contido na vela era composto de dois pós; de cores diferentes:
- Cinza: Cinzas da língua de um dos irmãos de d'Aunay , elas tinham um poder sobrenatural para atrair o demônio.
- Cristal Esbranquiçado: "Serpente de faraó" Provavelmente sulfocia de mercúrio. Gera por combustão: Ácido Sulfúrico, vapores de mercúrio e compostos anidridos podendo assim provocar intoxicações. Morreu vomitando sangue, com câimbras, gritando o nome daqueles que morreram por suas mãos. Felipe o Belo veio a morrer em 27 de Novembro de 1314, com 46 anos de idade, em uma caçada. Saiu a caçar com seu camareiro, seu secretário particular e alguns familiares na floresta de Pont-Sainte-Maxence. Sempre acompanhado de seus cães foram em busca de um raro cervo de 12 galhos visto perto ao local. O rei acabou perdendo-se do grupo e encontrou um camponês que o ajuda a localizar o cervo. Achando-o e estando pronto a atacar-lhe percebeu uma cruz que brilhava, começou a passar mal e caiu do cavalo. Foi achado por seus companheiros e levado de volta ao palácio repetindo sempre " A cruz, a cruz.." Pediu como o Papa Clemente em seu leito de morte que fosse levado a sua cidade natal ; no caso do rei, Fontainebleau. " A mão de Deus fere depressa, sobretudo quando a mão dos homens ajuda" teria dito um dos Templários remanescentes, jurando vingança.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

Ritos Maçônicos:

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Se denomina de rito maçônico um conjunto sistemático de cerimônias e ensinamentos maçônicos, esses variam de acordo com o período histórico, conotação, objetivo e temática dada pelo seu criador, os ritos hoje mais difundido no mundo são: O rito de York, o rito Escocês Antigo e Aceito, O rito Francês ou Moderno. No Brasil se exercem todos esses, mais se destacam também o rito brasileiro e o adonhiramita.


Ritos (Características):


Adonhiramita: Criado pelo Barão de Tschoudy, ilustre escritor, em Paris, França no ano de 1766, de caráter místico e cerimonial, atualmente só em funcionamento no Brasil

Brasileiro: Rito que se originou em 1878 em Recife, com o primeiro movimento maçônico brasileiro, ficou adormecido até que em 1976 por iniciativa de Lauro Sodré, Grão Mestre, deu o caráter de regular, legítimo e legal para o rito. Este sofreu ainda atualizações, para a sua forma atual.

Escôces Antigo e Aceito: Derivou-se do Rito de Heredon, em 1º de maio de 1786 foram fixados as regras e seus fundamentos, composto até hoje de 33 graus, atualmente é o rito mais difundido nos países latinos.

Escôces Retificado(1782): Como o próprio nome afirma,este rito consiste numa reformulação do R.E.A.A. e o objetivo era retirar um conteúdo por alguns considerado desnecessários.

Estrita Observânça: Criado em 1764 pelo Barão Hund, com fundamento nas antigas "Ordens de Cavalaria".Era composto de 12 graus,esse rito deu origem aos ritos da Alta Observância e o da Exata Observância.

Francês ou Moderno: A história deste rito se inicia em 1774, com a nomeação de uma comissão para se reduzir os graus, deixando apenas os simbólicos, no princípio houve uma forte oposição, então a comissão decidiu, deixar 4 dos principais graus filosóficos, com o decorrer do tempo, lojas adotaram o rito, hoje em dia é muito praticado na França e nos países, que estiveram sob sua influência.

Heredom ou Perfeição: Iniciado em Paris, no ano de 1758.
York (ou Real Arco): Acredita-se ter sido criado por volta de 1743, foi levado a Inglaterra por volta de 1777, inicialmente foi composto de 4 graus, hoje possui 13, atualmente é o rito mais difundido no mundo.

Mizraim ou Egípcio: Acredita-se ter surgido na Italia em 1813, e em seguida foi levada a França por Marc, Michel e Joseph Bédarride, Mizr significa Egito em hebráico, e seus divulgadores afirmam ser derivado dos Antigos Mistérios Egipcios, possuem 90 graus, dividido em quatro classes.

Mênphis ou Oriental: Foi introduzido em Marselha(França) pelos Maçons Marconis de Négre e Mouret, no ano de 1838, esse rito dirige seus ensinamentos como o de Mizraim para a tradição Egipcia, compões-se de 92 graus, dividido em 3 séries.

Mênphis-Mizraim: Rito criado com a reunião dos ritos de Mênphis e Mizraim em 1899 no Grande Oriente da França.

Mizraim-Mênphis: Rito criado com a reunião dos dois ritos, com conotação mais voltada ao Mizraim.

Adoção: Criado pelo grande Cagliostro na França em 1730, e reconhecido pelo Grande Oriente da França em 1774, trata-se de um rito voltado de temática egípcia, voltado para mulheres.

Schröeder: Criado por Frederick Louis Schoröeder, em 1766 na Alemanha, com a idéia de a Maçonaria conter apenas a sua características fundamentais iniciais, sem nenhum acréscimos, estudou muito as origens maçônicas para compor este rito.

Swenderborg: Criado em 1721 pelo Sueco Emmanuel Swenderborg, grande iluminista, teósofo, filósofo, psicólogo, e fisico, e estudioso dos mistérios maçônicos desenvolveu este rito com oito graus, e deu origem posteriormente aos ritos denominados de Iluministas.
Ritos Maçônicos

Solstício De Verão

Resultado de imagem para rito adonhiramita solsticio de verãoA tradição das cerimônias das estações perde-se na noite dos tempos. O Sol, nosso Astro-Rei, em seu ciclo anual, teve papel de importância na antiguidade. Os antigos dividiam o ciclo anual em dois grandes períodos, conforme o curso do Sol, um ascendente e outro descendente, relacionando-se ao “caminho dos deuses” e ao “caminho dos antepassados”, ou ainda, às pontas relativas às duas fases do ano onde ocorrem os solstícios, ligando a evolução da alma humana a essas inquebrantáveis cadeias da natureza. Estas cerimônias comemorativas tratam de incentivar a sintonia de nossas naturezas internas com a Natureza Universal. Uma vez estabelecida esta sintonia, grandes transformações poderão se produzir no homem, realizando-se assim, a Grande Alquimia. As bases de nossa tradição remontam aos nossos antepassados que, através de suas consciências, burilam experiências colhidas em vários ciclos da existência no seu contato com a Natureza. Da observação e absorção desses fenômenos naturais, surgiu o louvor à VIDA. Devido ao lado oculta que prestavam aos ciclos da existência no Louvor à Vida, gerou-se o Culto aos Reis Sagrados, sob diversas formas, segundo as épocas e os costumes, iniciando-se assim, nossa tradição espiritual. A Maçonaria, como arcana mantenedora das tradições do passado, preserva em sua doutrina os fundamentos dos antigos Mistérios e, através da celebração das cerimônias das estações, exalta a Chama Eterna da Vida Cíclica. Embora cada um deva relacionar-se com o Grande Cosmos de sua forma particular, os Maçons congregam-se para, unidos, harmonizarmos nossa natureza interior com o ritmo quaternário da Vida Universal. Estamos comemorando O Solstício de Verão O Sol, o Astro-Rei de nosso sistema planetário, em seu movimento aparente ao redor de nossa Terra, desponta no Oriente em lugares diferentes a cada época do ano. Isto se deve à inclinação do eixo imaginário de nosso planeta. Em relação a seu plano de translação. Devido a esta inclinação é que a Terra possui as quatro conhecidas estações. Assim, durante o ano, o Sol, em sua trajetória, chega a uma máxima posição Norte, afastando-se do Equador, para depois caminhar até a máxima posição Sul e retornar, a seguir, para o Norte num infinito bailado. Nossos ancestrais mantinham o maior interesse no conhecimento preciso das épocas em que essas mudanças ocorriam, demarcando os ciclos em que a natureza evolui, contribuindo com o seu progresso e rogando aos deuses proteção e fecundidade. Para marcarem as posições máximas alcançadas pelo Sol, construíram dois pilares de pedra, cujas ruínas intrigam, até hoje, as mentes aguçada. Esses pilares representam, em síntese, as linhas imaginárias dos Trópicos. Os pilares nos pórticos dos templos, como as colunas “J.´. e B.´.” de nossos templos maçônicos, são reminiscências dos pilares de pedras da antiguidade, erigidos para demarcarem os limites do campo dos nascimentos helíacos. Como nos ensinam nossas instruções maçônicas, as colunas “J.´. e B.´.“ são representações dos pontos máximos de afastamento do Sol do Equador, conhecidos por pontos solsticiais. Assim, quando o Sol atinge limite máximo ao Sul, tocando a linha imaginária do Trópico de Capricórnio, ocorre no hemisfério Sul o Solstício de Verão. O termo Solstício se deve ao fato de que o Sol, no seu afastamento máximo do Equador, parece nesse ponto estacionar, para em seguida, retornar sua caminhada em direção ao Equador. Desde tempos, imemoráveis, nossos antepassados festejavam os solstícios. Nos mistérios egípcios, o Sol era simbolizado por Osíris, como o Espírito do Universo e Governador das Estrelas. Os egípcios cultuavam o Sol como sua divindade una e o representavam sob várias formas, de acordo com suas fases, ou seja, a infância, no solstício de Inverno; a adolescência, no Equinócio de Primavera; a maturidade, no Solstício de Verão; e a velhice, no Equinócio de outono. Os romanos celebravam as festas solsticiais em honra ao Deus Janus, o deus de dupla face. Esse costume foi mantido pelos cristãos, nas datas comemorativas de São João Batista e São João Evangelista, sendo tomados por patronos das corporações construtoras da Idade Média e que a Maçonaria Especulativa manteve como tradição. As festas solsticiais eram celebradas pelos povos antigos, relacionando-as ao Simbolismo da Luz. Nos solstícios estão assinalados os movimentos em que a luz solar alcança sua máxima plenitude ou sua máxima decrepitude, Janus era a antiga divindade itálica relacionada à luz, em cujas mãos estavam as chaves que abriam os mistérios iniciáticos. Etmologicamente, Janus provem do termo Dianus, a divindade do dia ou da luz, e está relacionado ao termo “Janua”, ou seja, “Porta” , de onde surgem também termos “Januarius” e “Janeiro”, o primeiro mês do ano ou a porta de entrada do ano. Janus, como deus que presidia os começos e as iniciações, era honrado todos os primeiros dias dos meses, como primeiro dia do ano. O Janus Biffrons é também com frequência representado com um rosto masculino e outro feminino, trazendo uma coroa sobre a cabeça, segurando o homem um cetro e a mulher uma chave, símbolos do rei e do controle das épocas. Há aqui uma identidade como o Cristo Universal, que leva o cetro real a quem tem direito em nome de seu Pai Celeste, e de seus ancestrais neste mundo, e na outra mão as chaves dos segredos eternos, a chave tingida pelo seu sangue, que abriu para a humanidade perdida, a porta da vida. O Cetro é o símbolo do poder real ou temporal, enquanto que a chave o é do poder sacerdotal, poderes centralizados pela figura misteriosa de Melkisedek da qual deriva todas as linhagens especiais de seres, atestando as escrituras que mesmo o Cristo era sacerdote, segundo a Ordem de Melkisedek. A Chave é aquela que abre as portas solsticiais, a Janua Coeli e a Janua Inferni, assim como as chaves que abrem os grandes e os pequenos mistérios iniciáticos. Janus, com suas duas faces, uma voltada para a esquerda e outra para a direita, além de representarem a Tradição iniciática, simbolizam o passado e o futuro. Relacionado ao tempo, em verdade encontramos entre o passado que não é mais, e o futuro que ainda não é, o presente de ilusão, o verdadeiro rosto invisível de Janus. Sendo o presente uma manifestação temporal imperceptível, o terceiro rosto somente aparece no sentido de eternidade. Assim, Janus, como Senhor do tríplice tempo, é Aquele que É, assim como o Cristo quando declara ser o alfa e o ômega, o principio e o fim, o Senhor da Eternidade. Janus, como deus da iniciação, presidia a Collegia febrorum, os depositários das iniciações ligados ao exercício dos ofícios, dos quais as corporações de construtores da Idade Média herdaram o mesmo caráter, prestando aos dois São João a mesma dedicação que a Janus. Há na Maçonaria algum símbolo dos Dois São João? No simbolismo maçônico existem duas retas paralelas que tangenciam um circulo, que além de outros significados, representam os dois São João, correspondendo aos pontos solsticiais e aos ciclos ascendentes e descendentes do poder solar ao longo do ano. João, na etimologia hebraica significa “A Graça Divina” , como também o homem iniciado ou iluminado. São João, além de representar simbolicamente o iniciado na Luz da Verdade, representa a própria tradição Esotérica da Corrente Espiritual em nosso mundo. Nossas instruções nos convidam a sermos como João. As corporações de construtores adotando São João como patrono, geraram a tradição da pergunta ritualística: “De onde Vindes?”,cuja resposta reflete a ligação essencial da Maçonaria a mais Justa e Perfeita Loja de São João, a Grande Loja Branca. São João, o Evangelista, que preside o Solstício de Verão, foi o “discípulo que Janus amava, o filho do trovão“, e o primeiro apóstolo a reconhecer em Jesus o Cristo Universal, bem como o último apóstolo a falecer. Assim como João, o Batista, seu mestre; São João o Evangelista, foi um precursor profético, legando-nos o monumental Apocalipse, a verdadeira doutrina esotérica em seu evangelho, como verdadeiro Sol a iluminar nossos espíritos. Como vemos, as comemorações dos solstícios mantidas pela maçonaria afirmam a unidade imperecedoura da Tradição Iniciática da Idade, simbolizada pela figura de São João, como pelo deus Janus. O Solstício de Verão nos proporciona o máximo da Luz Solar. A Luz tem sempre sido considerada como o símbolo mais apropriado da Divindade e, como tal, os sábios da antiguidade consideravam o Sol, como Seu aspecto físico e material. Assim como no Solstício de Verão o Sol está em seu ponto mais alto, assim também nosso espírito tem a oportunidade de alcançarem os céus acima das nuvens da ignorância, neste período. Assim como as sagradas sementes da Fraternidade que foram lançadas em nosso interior na primavera se tornaram flores, neste verão deveremos nutri-las com o Fogo do Amor, para que seus frutos sejam nosso sentido de vida quando tivermos deixado estes corpos mortais. Assim sendo, ajudai-me a invocar o auxilio do G.´.A.´.D.´.U.´. nesta solene ocasião, a fim de rogarmos a devida proteção neste verão que se inicia. Louvado seja, G.´.A.´.D.´.U.´., Senhor da Suprema Luz, Doador do fogo Espiritual do Amor. Abençoada seja a Luz do verão que brilha sobre nós no meio de nosso interior, e que não produz sombras ilusórias que ofusquem nossos passos no progresso espiritual. Faz, Senhor, que todos tenhamos um tempo de iluminação, e que seja acolhido em nossos corações o calor do verão, com o qual devemos viver uns com os outros. Assim como as flores exalam seu perfume, sem perderem sua perfeição nem preferência, exalemos bondade e virtudes a todos que de nós se aproximem, sem que o Fogo do Amor diminua em nossos corações. Como símbolo de nossa estima, oferecemos a todos estas flores, que simbolizam o Sol do Verão para que levem para seus lares, como lareiras onde o fogo do Amor deverá ser cultuado neste verão.

Equinócio da Primavera


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A tradição das cerimônias das estações é muito antiga e remontam muitas eras anteriores à nossa. Estas cerimônias têm, basicamente, a finalidade de formar a sintonia de nossas naturezas internas com a Essência latente na Natureza, realizando, assim, a Grande Alquimia Universal. As raízes elementares de nossa tradição, como os antigos preconizavam, estão baseadas na triplicidade da vida, ou seja, nascimento, crescimento e morte, e mais um quarto fator conecta a morte a um novo nascimento, dentro dos princípios dos ciclos quaternários da existência. Pode também dizer que esta tradição tornou-se conhecida como a Tradição Ocidental de Mistérios, que assim como a oriental, por sua universalidade, relaciona-se com as mitologias, religiões e sistemas de filosofia hermética, permitindo ao homem rasgar os véus dos mistérios da Vida Superior. Assim sendo, reabrindo mais um ciclo de comemorações destas magníficas ocorrências cósmicas, e a Maçonaria como arcana mantenedora das tradições arcanas, encerram em seus mais preciosos símbolos os mistérios dos ciclos quaternários da Vida. Nas Três Grandes Luzes da Maçonaria, o L.´. L.´., o Esq.´. e o Comp.´., estão ocultos os grandes mistérios dessa tradição das estações. No L.´. L.´., está à manifestação Cósmica narrada desde sua origem, a Gênese da Vida, percorrendo suas miríades de formas, até sua exaltação máxima, na figura do Homem-Deus Realizado na Ressurreição da própria Vida, que retorna à sua Fonte Primordial. No Comp.´., que traça infinitos círculos concêntricos estão expressos os diversos ciclos que compões a Grande Sinfonia Universal da Manifestação da Vida. No Esq.´., com seu ângulo reto fixo, demarca a divisão quaternária dos ciclos traçados pelo compasso. O esquadro promove a Quadratura do Círculo, marcando assim o ritmo quaternário da Natureza em seus múltiplos aspectos. Os ciclos quaternários estão presentes em nosso universo local, desde o micro ao macro, sejam nos anos, meses, dias como em nossa respiração, numa harmonia única. Estamos comemorando A primavera, em sua entrada no Equinócio O Sol, Astro-Rei de nosso sistema planetário, em seu movimento aparente em relação a Terra, caminhando de Oriente para Ocidente, não o faz de um mesmo modo durante todo o ano. Devido à inclinação do eixo imaginário de nosso planeta em relação a seu plano de translação, conhecida também por eclíptica, o Sol, a cada época do ano desponta no Oriente em um lugar diferente. A inclinação do eixo deu à Terra um ritmo quaternário em sua caminhada anual, caracterizando as quatro estações do ano. Os povos da antiguidade davam grande importância ao correto conhecimento das épocas em que essas estações ocorriam, pois podiam assim rogar aos deuses proteção para suas colheitas e criações. A necessidade de prever essas épocas levou-os a demarcarem as posições máximas que o Sol tomava no Oriente, através de duas grandes colunas de pedra, que estão simbolicamente representadas pelas colunas J.´.e B.´. em nossos templos, e que são as posições demarcadas pelas linhas imaginárias conhecidas por Trópicos. Com isto, os antigos sabiam quando o Sol chegava à sua máxima posição Norte, assim como Sul e, consequentemente, sua posição média ou central. Notavam também que a duração dos dias e das noites variava conforme a posição do Sol em relação a essas colunas. Verificavam que quando o Sol encontrava-se na posição central, o dia e as noites possuíam a mesma duração. Essa posição média corresponde aos Equinócios, quando o Sol atravessa o equador Terrestre, tornando os dias iguais às noites. O Sol, na passagem de Norte para Sul, no encontro do Equador, nos proporciona o Equinócio de Primavera. Assim como o Sol nos Equinócios propicia dias e noites iguais, no equilíbrio de luz e trevas, símbolos dos aspectos positivo e negativo da natureza, do Bem e do mal cósmico, do espírito e da Matéria; assim o homem nesta época de especial importância, tem a oportunidade de harmonizar sua polaridade interna na fertilidade primaveril dos campos de sua mente e coração. A brilhante força e esplendor da Luz Espiritual, simbolizada pelo Sol nos convidam ao renascimento na aurora deste novo ciclo que se inicia. Que a chama da juventude primaveril seja acesa em nossos corações repletos de esperança. Abençoada sela a Luz Solar que diuturnamente nos traz das trevas para a luz da vida consciente. É Hiram que renasce, uma vez mais, para a glória do G.´.A.´.D.´.U.´., no coração de todos os homens de boa vontade. Os antigos mistérios de Eleusis, o homem era simbolizado por uma semente, que deitada e sepultada no solo, germinaria e de abriria pelo seu próprio esforço, para a Luz. A primavera constituí a época de germinação de todas as sementes que foram plantadas. O que significa a comparação entre homem e a semente? Como a Lei Fundamental, sabemos que não há significação na Matéria sem espírito, Luz sem Trevas, como não há sentido num campo sem sementes. Assim é o homem. Sua mente e coração devem ser sempre como uma sementeira de nobres e elevados princípios, como um campo fértil. A semente representa as possibilidades latentes do homem que devem ser despertadas para manifestarem-se à Luz da Vida. Assim como a semente morre para que a planta possa crescer, assim devem morrer nossos vícios e imperfeições para que o gérmen da nova vida possa se manifestar. Para que um campo seja fértil, é necessário que seus elementos de polaridade estejam em perfeito equilíbrio; caso contrário, envenenará toda e qualquer semente ali plantada. O mesmo acontece com o homem: para que seu campo interior possa receber sementes, deve primeiro se tornar fértil pelo equilíbrio se sua mente e seu coração. O que devemos plantar dentro de nós ? Sementes de excelsas virtudes espirituais, de forma a que possamos crescer e frutificar para benefícios da humanidade em geral, embelezando o jardim do mundo. A semente da Fraternidade, que deverá ser sempre profundamente semeada de maneira a germinar firmemente a planta que dará as melhores flores e frutos provenientes da convivência maçônica. Assim sendo, ajudai-me a invocar o auxilio do G.´.A.´.D.´.U.´., nesta solene data, a fim de melhor alcançarmos estes desígnios. Graças Te rendemos, G.´.A.´.D.´.U.´., Senhor da Suprema Luz, Germinador dos Mundos. Abençoadas sejam as sementes da virtude implantadas no campo fértil de nossas mentes e corações para que germinem, cresçam e frutifiquem. Que nesta primavera seja depositada em nossas almas a sagrada chama da Imortal Luz. Que esta data seja para todos um renascimento das sementes da Fé, da esperança e do Amor da Fraternidade Universal. Tomai das sementes e comei, plantando simbolicamente, no interior de cada um, os princípios que compreendeis que devais desenvolver neste ciclo, para vos tornardes os melhores veículos em prol da Grande Obra do G.´.A.´.D.´.U.´. Os antigos dias de sacrifícios nos altares se foram. Mas muito mais é hoje requerido de cada um para oferecer-se em prol de serviços da tradição espiritual. Nada que não for oferecido voluntária e prazerosamente é de valor nos Mistérios Sagrados. Que o G.´.A.´.D.´.U.´. propicie a todos uma estação plena de Paz e Progresso para realizarmos nossas missões.