domingo, 23 de abril de 2017

O COBRIDOR INTERNO DE CADA UM

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Todos os códigos e preceitos morais, estabelecidos em todas as épocas, têm um denominador comum: a separação entre o que é bom e o que é mau. Fazer o que é bom é moralmente correto. O que modifica é o conceito de BEM, variável segundo a cultura e evolução de um povo, em cada época. Variável também sob influências religiosas. Até mesmo a situação geográfica poderá influir no conceito do bem e do mal.
O homem primitivo, o Pithecantropus erectus, provavelmente era dotado de uma consciência rudimentar, não vivendo muito diferente dos outros animais. Mas, através dos milênios, o homem foi adquirindo autoconsciência, tomando conhecimento de si mesmo e do mundo à sua volta. Através da autoconsciência, o homem cria possibilidades de níveis mais altos de integração. Nesse estágio, o homem sabe que sabe e tem a faculdade de estabelecer julgamentos morais dos atos realizados, distanciando-se, deste modo, de outras espécies animais.
À medida que o homem, individualmente ou como raça, evolui, expandindo sua consciência, vai tornando mais complexa sua relação com o mundo e com si mesmo, porque outros fatores tornam-se importantes na estruturação de sua conduta moral. Um exemplo significativo, que me veio agora à mente: a escravidão de seres humanos. Há os relatos bíblicos a respeito desse assunto e, mais próximo de nós, a escravidão humana, oficializada em nosso país, até há bem pouco tempo. Era normal o senhor rico, dono de terras, construtor de igrejas (religioso portanto) ter os seus escravos, a quem tratava como animais, separados em senzalas, sem direitos e sujeitos a castigos inomináveis. Ah, mas havia os senhores bons! Até que ponto eram bons? Porque castigavam menos?
O que eu quero dizer é que, moralmente, era tido como correto ter, entre seus bens, os escravos. Além de tudo, amparado por lei. E ninguém tinha dor de consciência porque, além de legal, os limites das consciências de então eram muito estreitos, pautavam-se por padrões que hoje até nos horrorizam, e são incompreensíveis para nós. Havia as exceções, e entre estas, orgulhosamente, os maçons.
Outro exemplo é a separação de classes, mais evidente nos antigos, não tão antigos, reinados da Europa. A distância entre a plebe e a nobreza, odiosa, era uma coisa “natural”. Como era natural mandar alguém para a fogueira simplesmente por admitir fatos, tidos como heréticos, e que hoje qualquer pessoa admite como se nunca houvesse sido diferente. Mutatis mutandis, hoje é a mesma coisa, com outra roupagem, basta ler os jornais e ver a televisão. As condutas morais em nosso tempo, estribadas na maior parte em leis, estão a exigir outras “revoluções francesas”. Revoluções brancas, sem dúvida, porque de 1.792 até agora, a humanidade evoluiu um pouco e, em vez de paus, porretes, sabres ou baionetas, temos o voto, arma silenciosa porém, de uma eficácia ainda não percebida por todos.
Retomando o fio do raciocínio: à medida que o homem cresce interiormente, tomando consciência dos valores intrínsecos da alma, seus padrões morais também se modificam, tornam-se mais sutis, havendo maior exigência de si mesmo no comportamento moral. Há a influência do meio, da estabilidade social, da religiosidade, da cultura própria de seu país e de muitos outros fatores.
De qualquer maneira que se olhar o padrão moral do homem, ou de um povo, uma coisa é certa: a consciência é o fator principal na crivagem do bem e do mal.
A consciência é o Cobridor Interno. É o guardião permanente de nossa conduta. A todo momento, em nosso dia-a-dia, nos relacionamentos profissionais ou familiares, a nossa consciência é abordada no sentido de responder às questões que surgem. É ela quem nos diz: isso é bom ou isso é mau. Por isso, é preciso reflexão antes de tomarmos decisões, na base do sim ou do não. Uma conduta impensada, uma frase inoportuna e mal colocada, poderão trazer-nos dissabores o resto da vida, porque agimos contra a consciência, que não teria sido ouvida devidamente.
Tomemos tento, portanto, em nosso guardião interno. Falar e agir, segundo seus ditames. Se ele nos diz, não faça isso, não façamos.
De um modo geral, o que não gostaríamos que nos fizessem, não devemos fazer a outrem. Agindo assim, teremos um bom caminho andado para vivermos felizes e cheios de amigos, não sendo necessário abandonar nossos princípios e nem pactuar com atos indignos ou incorretos.
Num homem pouco evoluído, no entanto, esses limites de consciência não tem a mesma dimensão da de um homem com mais madurez de alma e, assim, o mal praticado por alguns, não teria para os seus praticantes o mesmo nível moral. Praticam o mal sem se aperceberem do desvio moral em que estão incorrendo. É necessário apenas um pouco de atenção para percebermos isto, em nossos relacionamentos imediatos ou não. (Um exemplo recente é o do deputado “pianista”, no Congresso. Para muitos de seus pares, e para ele próprio, um deslize pequeno não significa ser desonesto. . . questão de ponto de vista).
Em nossos Templos, em fora deles, temos um campo imenso para exercitar a consciência – e expandi-la. No silêncio de nosso Templo Interior, abriga-se a alma, com os atributos que lhe foram dados pelo Grande Arquiteto do Universo, Deus.
Quando tivermos consciência de todo o nosso potencial espiritual, estaremos prontos para sermos maçons, em plenitude.

Créditos devidos ao autor Ir.'. FAUSTO RODRIGUES DO VALLE

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